Pesquisadores da Unifesp e da Unicamp constatam que nível de ácido úrico salivar é bom indicador do índice de adiposidade; pesquisa busca biomarcadores que possibilitem a criação de testes rápidos não invasivos capazes de detectar precocemente risco de doenças crônicas (foto: divulgação)
Pesquisadores da Unifesp e da Unicamp constatam que nível de ácido úrico salivar é bom indicador do índice de adiposidade; pesquisa busca biomarcadores que possibilitem a criação de testes rápidos não invasivos capazes de detectar precocemente risco de doenças crônicas
Pesquisadores da Unifesp e da Unicamp constatam que nível de ácido úrico salivar é bom indicador do índice de adiposidade; pesquisa busca biomarcadores que possibilitem a criação de testes rápidos não invasivos capazes de detectar precocemente risco de doenças crônicas
Pesquisadores da Unifesp e da Unicamp constatam que nível de ácido úrico salivar é bom indicador do índice de adiposidade; pesquisa busca biomarcadores que possibilitem a criação de testes rápidos não invasivos capazes de detectar precocemente risco de doenças crônicas (foto: divulgação)
Elton Alisson | Agência FAPESP – Além de facilitar a mastigação e a deglutição, umedecer a boca e proteger contra bactérias, a saliva pode ajudar a detectar precocemente o risco de desenvolver doenças associadas ao excesso de gordura corporal.
Ao medir a concentração de ácido úrico na saliva de adolescentes, pesquisadores das universidades Federal de São Paulo (Unifesp) e Estadual de Campinas (Unicamp) conseguiram predizer a porcentagem de gordura corporal dos jovens. Dessa forma, identificaram adolescentes com porcentual de gordura acima do ideal, ainda que sem sintomas de doenças crônicas relacionadas à obesidade.
Os resultados do estudo, apoiado pela FAPESP, foram publicados na revista Nutrition Research.
O objetivo da pesquisa foi identificar na saliva biomarcadores confiáveis que se correlacionem com os encontrados no sangue, de modo a viabilizar o desenvolvimento de testes rápidos para monitorar o estado de saúde principalmente de crianças.
“A ideia é possibilitar a ampliação do uso da saliva como amostra biológica alternativa para análises clínicas. Tem a vantagem de poder ser coletada várias vezes, assim como a urina, de forma não invasiva e indolor”, disse à Agência FAPESP Paula Midori Castelo, professora da Unifesp, campus de Diadema, e coordenadora do projeto.
Segundo a pesquisadora, o nível de ácido úrico salivar se mostrou um bom preditivo da concentração de gordura corporal mesmo em adolescentes considerados saudáveis. Contudo, a relação entre esses dois fatores ainda não é bem compreendida e deverá ser mais bem estudada em estudos futuros.
Produto final da degradação das purinas, bases nitrogenadas constituintes do DNA e do RNA, o ácido úrico acumula-se no sangue e, em proporções muito menores, na saliva. Apesar de desempenhar função antioxidante, a concentração elevada do composto no sangue e na saliva pela desregulação na degradação das purinas pode predispor à hipertensão, inflamação e doenças cardiovasculares.
Métodos
Além do ácido úrico, foram dosadas na saliva de 248 adolescentes – 129 meninos e 119 meninas – as concentrações de diversos compostos, entre eles colesterol e vitamina D.
Os jovens, com idade entre 14 e 17 anos e estudantes de escolas públicas de Piracicaba, no interior paulista, responderam previamente a um questionário sobre o histórico médico e foram submetidos a uma avaliação odontológica a fim de identificar e excluir os que apresentavam cárie ou doença periodontal (inflamação da gengiva).
“Esses fatores influenciariam parâmetros da saliva, como o pH [índice de acidez] e a composição eletrolítica e bioquímica. A cárie e a doença periodontal estão relacionadas com a secreção de substâncias que podem alterar a composição do fluido”, explicou Castelo.
Os adolescentes aptos a participar do estudo foram submetidos a uma avaliação antropométrica, que incluiu medidas de altura, peso, porcentagem de gordura corporal e massa muscular esquelética por impedância biolétrica – um aparelho que mede a gordura corporal por meio de uma corrente elétrica de baixa intensidade.
As amostras de saliva foram coletadas em domicílio, após um jejum de 12 horas, por meio de um dispositivo chamado salivete – uma espécie de tubo coletor feito de plástico. A concentração de ácido úrico e dos outros compostos foi medida com um equipamento de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC, na sigla em inglês). Esse método de separação de compostos químicos em solução permite identificar e quantificar cada componente presente na mistura.
As análises estatísticas dos dados indicaram que os adolescentes que apresentaram concentrações mais elevadas de ácido úrico na saliva também possuíam maior porcentagem de gordura corporal.
Por meio da aplicação de um modelo de análise de regressão linear – que avalia a relação entre variáveis –, os pesquisadores também conseguiram predizer a porcentagem de gordura corporal dos adolescentes a partir da concentração de ácido úrico na saliva.
“A concentração salivar desse composto mostrou-se um bom indicador para detectar o acúmulo de gordura corporal, mesmo em adolescentes que não estavam em tratamento para doenças crônicas, e pode dar origem a um método não invasivo e preciso para monitorar e identificar precocemente alterações no estado nutricional”, disse Castelo.
O artigo Salivary uric acid is a predictive marker of body fat percentage in adolescentes (DOI: 10.1016/j.nutres.2019.11.007), de Darlle Santos Araújo, Kelly Guedes de Oliveira Scudine, Aline Pedroni Pereira, Maria Beatriz Duarte Gavião, Edimar Cristiano Pereira, Fernando Luiz Affonso Fonseca e Paula Midori Castelo, pode ser lido em www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0271531719307304?via%3Dihub.
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