Pesquisadores e estudantes de diversos países debatem questões como a transição mais rápida da descoberta de moléculas para testes clínicos e fabricação de fármacos (foto: Daniel Antônio / Agência FAPESP)

Escola São Paulo aborda desafios na inovação em medicamentos
22 de março de 2018
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Pesquisadores e estudantes de diversos países debatem questões como a transição mais rápida da descoberta de moléculas para testes clínicos e fabricação de fármacos

Escola São Paulo aborda desafios na inovação em medicamentos

Pesquisadores e estudantes de diversos países debatem questões como a transição mais rápida da descoberta de moléculas para testes clínicos e fabricação de fármacos

22 de março de 2018
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Pesquisadores e estudantes de diversos países debatem questões como a transição mais rápida da descoberta de moléculas para testes clínicos e fabricação de fármacos (foto: Daniel Antônio / Agência FAPESP)

 

Maria Fernanda Ziegler  |  Agência FAPESP – Os processos que envolvem o desenvolvimento de um fármaco – desde a descoberta de uma nova droga até o medicamento ser comercializado – estão cheios de desafios. Entre eles estão questões que permeiam a passagem da ciência básica, como o entendimento da doença e os mecanismos de cessar seu avanço, para a aplicação prática de estabelecer um novo produto comercializável.

São questões como essas que 80 estudantes de pós-graduação de diversas partes do mundo estão debatendo até 23 de março na São Paulo School of Advanced Science on Medicines: from Target to Market, realizada na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).

A Escola aborda, em 50 horas de curso, toda a cadeia de valores de novos fármacos. "Tratamos da história de uma molécula, de sua descoberta, passando pela identificação do alvo até o produto chegar às prateleiras das farmácias”, disse o professor Claudio M. Costa-Neto, do Departamento de Bioquímica e Imunologia da FMRP e organizador do evento.

Além de tratar de questões referentes à descoberta de uma molécula, sua caracterização e os primeiros testes bioquímicos e farmacológicos, também são discutidos na Escola ensaios pré-clínicos e clínicos. Outros temas são proteção intelectual, criação de startups e regulação.

Apoiada pela FAPESP por meio da modalidade Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), o evento também se constitui na décima edição da Summer School of Medicines, realizada anteriormente em Toulouse (França), Barcelona (Espanha) e Montreal (Canadá).

“As capacidades científicas e econômicas do Brasil enriquecem a Summer School of Medicines, incentivando a integração entre pesquisadores de várias partes do mundo. A diferença deste ano para as outras edições é que o programa está mais amplo, com mais dias e maior número de palestrantes, o que a torna realmente uma escola internacional”, disse Rémy Poupot, professor na Paul Sabatier University em Toulouse (França) e integrante do comitê cientifico e organizador da SSM10.

De acordo com Costa-Neto, o foco principal da Escola é conseguir unir mercado e pesquisa básica em um mesmo debate. Ele explica que a pesquisa brasileira tem tradição e alta qualidade nas áreas de descoberta de novos fármacos e de pesquisa clínica, porém há pouca atividade na passagem dos resultados de pesquisa básica para a fase pré-clínica e clínica de testes.

“A Escola favorece o networking entre pesquisadores altamente qualificados e, ao mesmo tempo, cria know-how local, que poderá expandir uma área ainda insipiente no Brasil”, disse.

O evento também conta com apresentações com assuntos relacionados à inovação. “Estamos tratando de ciência translacional, da passagem da ciência básica para a aplicação prática. Temos seis palestrantes que são ou foram pesquisadores e que fundaram startups. É uma ótima maneira de ilustrar para esses jovens pesquisadores as diferentes oportunidades que a pesquisa pode trazer”, disse.

Um dos palestrantes é Jordi Quintana, pesquisador da Universitat Pompeu Fabra em Barcelona responsável pela plataforma de descoberta de novas drogas do Parc Científic de Barcelona, na Espanha.

“Atualmente, a indústria trabalha cada vez mais com a academia e a razão disso é a complexidade que existe em descobrir e desenvolver novas drogas. É importante unir pessoas com mais conhecimento nessa primeira parte do processo [ciência básica] com outras que dominam a segunda parte [aplicação], onde a indústria tem mais tradição”, disse Quintana.

Na São Paulo School of Advanced Science on Medicine, o pesquisador abordou a descoberta de novas drogas na indústria e na academia e a necessidade de combinar pesquisas dos dois setores para tornar o desenvolvimento de novas drogas mais eficientes. Quintana também participou de um painel contando sua experiência em transitar por esses dois mundos.

Para Vanesa Nozal García, doutoranda e uma das alunas da Escola, participar do evento é uma ótima oportunidade de aprender com os palestrantes e também construir um networking para colaborações futuras. Nozal desenvolve pesquisas de medicamentos para bloquear o avanço de doenças degenerativas como Alzheimer e esclerose lateral amiotrófica (ELA) no Centro de Investigações Biológicas (CSIC) de Madri, na Espanha.

"Considero ainda não estar no ponto de criar a minha própria startup, pois sou uma cientista que gosta de pesquisa básica. Porém, acredito que a colaboração com especialistas nessa área seria muito bem-vinda para o meu projeto de pesquisa", disse.

Os participantes da escola destacam ser este um ótimo momento para trabalhar no desenvolvimento de novos medicamentos. “Há capital de risco para boas ideias, há mercado para isso e as pessoas hoje entendem melhor o risco de começar uma nova empresa”, disse Denis DeBlois, professor da Universidade de Montreal (Canadá) e um dos integrantes do comitê da Summer School.

Mais informações: http://summerschoolonmedicines10.fmrp.usp.br/.

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