Simpósio da USP apresenta inventário da produção tecnológica na área de saúde e procura integrar pesquisadores e chamar atenção do setor privado para a inovação guiada pela ciência (foto: FAPESP)

Vitrine da inovação
28 de agosto de 2007

Simpósio da USP apresenta inventário da produção tecnológica na área de saúde e procura integrar pesquisadores e chamar a atenção do setor privado para a inovação guiada pela ciência

Vitrine da inovação

Simpósio da USP apresenta inventário da produção tecnológica na área de saúde e procura integrar pesquisadores e chamar a atenção do setor privado para a inovação guiada pela ciência

28 de agosto de 2007

Simpósio da USP apresenta inventário da produção tecnológica na área de saúde e procura integrar pesquisadores e chamar atenção do setor privado para a inovação guiada pela ciência (foto: FAPESP)

 

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Muitos laboratórios na Universidade de São Paulo (USP), em diferentes áreas do conhecimento, produzem inovações tecnológicas na área de saúde. Entretanto, ao atuar de forma isolada, os pesquisadores responsáveis pela produção pouco interagem com o setor privado, dificultando o acesso das tecnologias ao mercado.

Fazer um inventário dessa produção e incentivar parcerias é o objetivo do Simpósio USP Inovações em Saúde, que teve início nesta segunda-feira (27/8) na Faculdade de Saúde Pública (FSP). O evento, de dois dias, tem transmissão ao vivo pela IPTV USP (http://iptv.usp.br).

De acordo com Oswaldo Massambani, coordenador da Agência USP de Inovação, o principal interesse do simpósio é evidenciar, no universo das pesquisas voltadas para a saúde em diversas unidades da USP, aquelas que contam com alto potencial de conectividade com a criação de produtos.

"Queremos mostrar a relevância da inovação guiada pela ciência. Na USP, temos pesquisa desenvolvida na fronteira do conhecimento com potencial para nos tornar competitivos com o mundo desenvolvido", disse à Agência FAPESP.

Massambani mencionou que, a cada ano, a USP tem cerca de 23 mil artigos científicos publicados em revistas internacionais, sendo 5 mil indexados no ISI (Instituto para a Informação Científica, na sigla em inglês). Mas, segundo ele, a produção, de alta qualidade, não se reflete no número de patentes registradas: menos de 500 por ano.

"Publicamos bastante e, se não aprendermos a patentear precocemente, corremos o risco de oferecer nosso conhecimento como commodity. A inovação deve continuar guiada pela ciência, mas é preciso aumentar o diálogo com a iniciativa privada. O primeiro passo é inventariar e divulgar a inovação que já fazemos", afirmou.

De acordo com Massambani, a área de saúde é especialmente promissora para consolidar a inovação brasileira, por ter grande impacto social. "Quanto mais a pesquisa for próxima da comunidade, maior a chance de o pesquisador talentoso transformá-la em uma empresa spin-off", disse.


Inovação num setor transversal

Novos softwares, técnicas, equipamentos e processos estão entre as inovações apresentadas pelos expositores durante o simpósio organizado pela Agência USP de Inovação, pela Faculdade de Medicina, pelo Hospital Universitário, pela Faculdade de Saúde Pública e pela Pró-Reitoria de Pesquisa, todas unidades da USP.

O diretor da FSP, Chester Luiz Galvão Cesar, apresentou pesquisas para a obtenção de linhagens de mosquitos transgênicos com um gene letal dominante. "Isso possibilita a supressão da população de insetos-alvo, podendo provocar uma diminuição nas doenças veiculadas por eles", disse.

Cesar mostrou ainda um elenco de inovações em diversos estágios de registro, que vão de um antioxidante natural feito a partir da erva-mate, para aplicação em alimentos, a um software para o cálculo e mapeamento de riscos sociais decorrentes de cenários acidentais em grandes áreas industriais.

"Outro produto importante é o software Pontos para o Coração, voltado para a avaliação da qualidade da dieta, com vistas à prevenção de doenças cardiovasculares", explicou.

Entre as diversas inovações em saúde da Escola Politécnica (EP), destacam-se as atividades do Laboratório de Engenharia Biomédica, que incluem a criação de métodos computadorizados para auxílio no diagnóstico de doenças do sistema nervoso por análise de sinais do cérebro e de músculos e métodos para caracterizar o funcionamento da medula espinhal.

O diretor da EP, Ivan Falleiros, falou sobre o Dispositivo de Auxílio Ventricular desenvolvido na escola. "Trata-se de um coração artificial implantável com custos reduzidos e tecnologia nacional, o que viabiliza sua utilização no Brasil", explicou.

Outros destaques da EP são as técnicas de sensoriamento remoto aplicadas a estudos epidemiológicos em áreas urbanas e o tomógrafo por impedância elétrica para monitorar os pulmões de pacientes em hospitais, detectando emergências clínicas como atelctasia, pneumonia, pneumotórax e tromboembolia.

A Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia apresentou pesquisas com bovinos geneticamente modificados que possuem dupla musculatura, além de inovações relacionadas a alimentos de origem animal.

"Trabalhamos com o isolamento e caracterização de microrganismos em leite, queijo, frutos do mar e carcaças em abatedouros, por exemplo. Outra pesquisa trata, por meio da alteração da dieta da galinha, de desenvolver um ovo com alto valor nutritivo, com mais vitaminas e ômega-3", disse o diretor da faculdade, Cássio Xavier de Mendonça Júnior.

O Instituto de Ciências Biomédicas, representado pelo diretor Luiz Roberto Giorgetti de Britto, mostrou também uma ampla gama de inovações em todos seus departamentos. "O Departamento de Microbiologia, no entanto, é o que está mais adiantado", disse Britto.

Entre as inovações do Departamento de Microbiologia foram mencionadas a vacina para controle do HPV-16, novos carreadores de antígenos para vacinas, um dosímetro biológico de DNA e biossensores para detecção de poluentes.

Mais informações sobre o simpósio que termina nesta terça-feira (28/8): www.fsp.usp.br


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