Reitores e pró-reitores debatem a importância de desenvolver métricas para impulsionar a excelência em pesquisa e ensino e comunicar a importância da universidade pública no desenvolvimento social e regional (foto: Maria Fernanda Ziegler / Agência FAPESP)
Reitores e pró-reitores debatem a importância de desenvolver métricas para impulsionar a excelência em pesquisa e ensino e comunicar a importância da universidade pública no desenvolvimento social e regional
Reitores e pró-reitores debatem a importância de desenvolver métricas para impulsionar a excelência em pesquisa e ensino e comunicar a importância da universidade pública no desenvolvimento social e regional
Reitores e pró-reitores debatem a importância de desenvolver métricas para impulsionar a excelência em pesquisa e ensino e comunicar a importância da universidade pública no desenvolvimento social e regional (foto: Maria Fernanda Ziegler / Agência FAPESP)
Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – As três universidades estaduais paulistas estão trabalhando em conjunto para desenvolver novas métricas de avaliação de desempenho e impacto social. O objetivo principal é integrar ao debate um número maior de instituições de pesquisa.
A iniciativa tem apoio da FAPESP, no âmbito do projeto “Indicadores de desempenho nas universidades estaduais paulistas”, vinculado ao Programa de Pesquisa em Políticas Públicas. Liderado pelo professor da Universidade de São Paulo (USP) Jacques Marcovitch e pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), o estudo tem como parceira a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo.
A proposta é desenvolver novas métricas e indicadores, reforçar a legitimidade social das instituições e estabelecer um diálogo com todos os setores da sociedade, inclusive o setor público governamental.
“Nenhuma universidade vai prosperar e ter melhor desempenho se as demais não acompanharem esse crescimento. É preciso ser coletivo e promover um movimento em favor da qualidade das instituições de Ensino Superior no Brasil”, disse Marcovitch logo no início do 3º Workshop Indicadores de Desempenho nas Universidades Estaduais Paulistas, realizado no dia 14 de março, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O evento, que dá continuidade a debates realizados na FAPESP, na USP e na Universidade Estadual Paulista (Unesp), teve o objetivo de identificar o contexto e as metodologias para a análise de indicadores de desempenho atualmente adotados e pensar o futuro das universidades estaduais paulistas, elencando metas para 2022. Como parte das discussões, foi realizado também na Unicamp o 1º Fórum de Desempenho Acadêmico e Comparações Internacionais, que tinha como objetivo articular parcerias.
Para os reitores da USP, da Unicamp e da Unesp, é preciso que as métricas também comuniquem o papel estratégico das universidades – sobretudo as dedicadas à pesquisa – no desenvolvimento socioeconômico.
“Ninguém tem dúvida da importância das universidades paulistas para o desenvolvimento do Estado de São Paulo. Porém, temos que mostrar a importância dessas instituições para a sociedade como um todo. A geração de indicadores deve ser usada para buscar excelência, internacionalização. Nossas universidades têm semelhanças, isso enfatiza a necessidade de buscarmos soluções em conjunto”, disse Carlos Gilberto Carlotti Júnior, pró-reitor de Pós-Graduação da USP.
Em tempos de notícias falsas, a iniciativa tem sido vista também como uma forma de melhorar a comunicação e combater argumentos que não são embasados em dados. Aprimorando, dessa forma, a qualidade do ensino superior e sua reputação no país e no exterior.
“Vivemos em um ambiente de debate muitas vezes desprovido de dados. Existem sistemas que poderiam ser compartilhados entre as universidades para a formação de inteligência conjunta sobre o seu papel. Além disso, as universidades públicas têm sido alvo de uma visão negativa na sociedade. Precisamos comunicar melhor e mostrar a nossa importância”, disse Marcelo Knobel, reitor da Unicamp.
Sandro Roberto Valentini, reitor da Unesp, concorda com a necessidade de maior diálogo e também de as universidades deixarem de ser autorreferentes. “O que estamos fazendo é um exercício de comunicação, pois não estamos conseguindo mostrar nossa importância para a sociedade, o que fazemos para o desenvolvimento de São Paulo e do Brasil gerando riqueza. Ao congregar as três universidades estaduais somos mais fortes”, disse.
O fórum faz parte da segunda etapa do projeto, que lançou, em 2018, o livro Repensar a Universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais. Uma segunda publicação, com artigos sobre avaliação de desempenho nas universidades, vai ser lançada no início do próximo semestre.
O fórum contou também com a participação das reitoras da Universidade Federal Paulista (Unifesp), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do reitor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
“Vivemos um momento delicado de disputa de narrativas. E as universidades públicas estão no centro dessa disputa. É preciso pensar a educação como um bem público. Por que é importante comparar? Quando se analisa o outro, também é possível aprender muito sobre si. Ao comparar, nos tornamos mais críticos. E é esse o espaço das universidades”, disse Sandra Goulart Almeida, reitora da UFMG.
Impacto social
Nesse sentido, além do desenvolvimento de indicadores de avaliação de desempenho em educação e pesquisa, o projeto criou recentemente um grupo de trabalho, com pesquisadores da USP, Unicamp e Unesp, sobre métricas de impacto social e regional – que normalmente não são avaliados nos rankings internacionais.
“Precisamos nos perguntar por que a população defenderia a manutenção das universidades públicas. Essas métricas são suficientes para se obter o reconhecimento da população? Temos os rankings – em que as públicas aparecem no topo da avaliação nacional e, muitas vezes, com destaque internacional –, porém, eles avaliam muito o acadêmico e pouco o social”, disse Cleópatra Planeta, pró-reitora de Extensão Universitária da Unesp e coordenadora do grupo de trabalho de desenvolvimento de métricas de impacto social.
Planeta afirmou que o grupo de trabalho está elaborando um capítulo sobre indicadores de impacto social.
“Eles incluem desde o impacto do estudo de um pesquisador específico na formulação de leis de proteção ambiental do estado até a indicação de inserção de egressos no mercado de trabalho. É muito amplo e muito novo. As métricas que usamos atualmente são muito acadêmicas, voltadas para o público interno, como impacto do paper [artigo científico], número de artigos citados [índice H]. Elas não comunicam para fora das universidades o que de fato estamos fazendo”, disse.
Outro impacto que deve ser mensurado pelo grupo é o das empresas de inovação “filhas” das universidades – as spin-offs. “Queremos saber como o faturamento financeiro dessas empresas impacta o município”, disse Planeta.
Para Soraya Soubhi Smaili, reitora da Unifesp, além de medir o impacto da inovação oriundo das universidades – como desenvolvimento de startups –, é preciso também medir o impacto da inovação social.
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