Pesquisadores da Unicamp estudaram os efeitos do exercício de força nas células beta do pâncreas de ratos e em camundongos. Resultados indicam que a intervenção preveniu disfunção e morte celular, abrindo caminho para a busca de novos alvos terapêuticos e para a prescrição mais eficaz de atividade física (foto: Gabriela Alves Bronczek/Unicamp)
Pesquisadores da Unicamp estudaram os efeitos do exercício de força nas células beta do pâncreas de ratos e em camundongos. Resultados indicam que a intervenção preveniu disfunção e morte celular, abrindo caminho para a busca de novos alvos terapêuticos e para a prescrição mais eficaz de atividade física
Pesquisadores da Unicamp estudaram os efeitos do exercício de força nas células beta do pâncreas de ratos e em camundongos. Resultados indicam que a intervenção preveniu disfunção e morte celular, abrindo caminho para a busca de novos alvos terapêuticos e para a prescrição mais eficaz de atividade física
Pesquisadores da Unicamp estudaram os efeitos do exercício de força nas células beta do pâncreas de ratos e em camundongos. Resultados indicam que a intervenção preveniu disfunção e morte celular, abrindo caminho para a busca de novos alvos terapêuticos e para a prescrição mais eficaz de atividade física (foto: Gabriela Alves Bronczek/Unicamp)
Julia Moióli | Agência FAPESP – Estudo conduzido na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) indica que a prática regular de exercícios resistidos, como musculação ou treinamento funcional, pode ser tão benéfica para o controle glicêmico quanto a de atividades aeróbicas, a exemplo da corrida ou da natação. Os resultados da investigação foram divulgados no International Journal of Molecular Sciences.
“Nos últimos anos, os benefícios da atividade física para o organismo como um todo têm sido associados à liberação de moléculas chamadas miocinas na corrente sanguínea. E a maioria dos estudos utiliza exercícios aeróbios como referência”, contextualiza Gabriela Alves Bronczek, primeira autora do trabalho, conduzido durante seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Biologia Funcional e Molecular da Unicamp.
“Como já é sabido que diferentes modalidades ativam vias distintas, levando à liberação de moléculas específicas, pensamos que talvez o treino resistido, mais relacionado à musculação, poderia apresentar efeito diferente ou liberar moléculas diferentes. Daí a ideia de investigar sua ação sobre as células beta pancreáticas, que são responsáveis por secretar insulina.”
Para isso, durante o estudo, que contou com apoio da FAPESP por meio de dois projetos (18/15032-9 e 18/05979-9), células beta de ratos foram tratadas com o soro sanguíneo de animais da mesma espécie que praticaram treinamento de força, que consistia em subir uma escada de aproximadamente um metro de altura com carga acoplada à cauda. Foram oito escaladas por seção, variando entre 50%, 75%, 90% e 100% de carga máxima, cinco dias por semana durante dez semanas. Em seguida, as células foram submetidas, in vitro, a um coquetel de citocinas pró-inflamatórias para induzir uma condição semelhante à da diabetes tipo 1. Resultado: o tratamento preveniu tanto a disfunção quanto a morte celular.
O passo seguinte foi trabalhar com um modelo animal de diabetes tipo 1. Para induzir a doença em camundongos, foram administradas aos animais doses baixas de estreptozotocina, droga que destrói especificamente as células beta do pâncreas.
Depois de dez semanas de treinamento resistido, os roedores apresentaram melhora na tolerância à glicose e redução da glicemia. Em uma avaliação da morfologia do pâncreas, observou-se aumento na massa de células beta. Isso comprovou que o exercício de força faz com que as células se tornem mais eficientes em secretar insulina em resposta ao estímulo de glicose.
“Isso nos leva a acreditar que moléculas liberadas durante o exercício resistido podem melhorar o funcionamento da célula beta e proporcionar todos esses benefícios”, diz Bronczek.
Estudo anterior do grupo, publicado em 2021 na revista Scientific Reports, já havia avaliado o efeito do exercício resistido em células beta de animais saudáveis e observado os mesmos efeitos.
Próximos passos
“Diante da pandemia de obesidade no mundo e da piora nos hábitos alimentares da grande maioria da população, a prática de atividade física é extremamente importante”, comenta Antonio Carlos Boschiero, professor titular da Unicamp e orientador de Bronczek. “Entender os benefícios do exercício resistido abre ainda mais portas, já que ele pode ser feito, por exemplo, a partir de uma cadeira de rodas”, acrescenta.
Para seguir na linha de estudo, Bronczek pretende focar seus estudos de pós-doutorado na análise do soro sanguíneo dos animais. O objetivo é identificar uma ou mais moléculas que possam ser realmente as responsáveis por mediar todos os efeitos benéficos observados.
“Se conseguirmos chegar a esse ponto, pode ser um primeiro passo na busca de um potencial alvo terapêutico”, acredita Bronczek. “Essa molécula poderia ser sintetizada ou isolada e utilizada em pacientes com diabetes tipo 1.”
Outro desdobramento importante seria a recomendação mais embasada de exercícios resistidos como forma de contribuir para a manutenção glicêmica de pacientes diabéticos. “Isso porque passaremos a entender melhor como esse tipo de atividade funciona, sua fisiologia e como ela impacta na homeostase glicêmica.”
O artigo Resistance Training Improves Beta Cell Glucose Sensing and Survival in Diabetic Models pode ser lido em: www.mdpi.com/1422-0067/23/16/9427.
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