Ao ar livre, o equipamento usado para fazer os testemunhos no gelo antártico precisa ser protegido por barracas
(foto: divulgação)

Testemunhos gelados
13 de janeiro de 2005

Jefferson Simões, da UFRGS, chega sexta-feira (14/1) ao Brasil, depois de cruzar a Antártica e atingir o Pólo Sul geográfico a pé. A missão, que contou com pesquisadores chilenos, retorna com dados científicos para serem trabalhados nos próximos três anos

Testemunhos gelados

Jefferson Simões, da UFRGS, chega sexta-feira (14/1) ao Brasil, depois de cruzar a Antártica e atingir o Pólo Sul geográfico a pé. A missão, que contou com pesquisadores chilenos, retorna com dados científicos para serem trabalhados nos próximos três anos

13 de janeiro de 2005

Ao ar livre, o equipamento usado para fazer os testemunhos no gelo antártico precisa ser protegido por barracas
(foto: divulgação)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Muito mais do que imagens impressionantes do continente gelado, o pesquisador Jefferson Simões, que atravessou a Antártica por terra até o Pólo Sul geográfico, retorna nesta sexta-feira (14/1) ao Brasil com muitos dados para serem analisados. O trabalho científico deve durar pelos próximos três anos.

"Coletamos seis testemunhos de gelo entre 22 metros e 46 metros de profundidade. Atingimos gelo com 350 anos de idade. Além disso, 110 amostras da superfície da neve foram recolhidas", disse Simões à Agência FAPESP, no dia 12, de Punta Arenas, no Chile.

Segundo o pesquisador, na viagem de volta do Pólo Sul também foram realizados 1.200 quilômetros de radioecossondagem, com o objetivo de determinar a espessura e a estrutura do gelo. "Também medimos a velocidade (de deslocamento) do gelo ao longo do percurso em 107 pontos", conta.

Apesar do retorno de Simões ao Brasil, o gelo coletado demorará um pouco mais para atravessar a fronteira. Os testemunhos continuam em um frigorífico na cidade chilena de Punta Arenas por mais alguns meses.

"Em maio, os testemunhos virão para Porto Alegre em um vôo da Força Aérea Brasileira. Eles serão subamostrados e enviados para análise. Serão usados nessa etapa da pesquisa laboratórios na própria América do Sul, nos Estados Unidos e na Europa", explicou Simões. Todos os dados obtidos na viagem serão tratados em conjunto com o Chile – a maioria dos pesquisadores que participaram da expedição nasceu naquele país. Enquanto os brasileiros se dedicarão mais aos testemunhos, os chilenos se debruçarão sobre os dados geofísicos.

Parte da bagagem da expedição, entretanto, nem vai chegar ao Brasil. Pelas normas internacionais, todo o lixo, incluindo fezes e urina, produzido na Antártica não pode ficar no continente gelado. "Tudo isso está em Puna Arenas e será tratado por lá. Só de dejetos humanos são oito tonéis", explica Simões.

Os tratores utilizados para a travessia do gelo – todo o trajeto de ida e volta teve 2.300 quilômetros, com temperaturas de até 35 graus negativos – nem precisaram sair do continente gelado. "Eles foram enterrados sobre a neve. Inclusive, em se tratando de Antártica, essa é a melhor coisa a se fazer quando o assunto é preservar algum equipamento", explica Simões.

A expectativa é que as máquinas sejam usadas novamente em uma expedição científica em 2007, que será o Ano Polar Internacional.


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