Pesquisa realizada na Esalq utiliza expressão sonora emitida por suínos para identificar artrite em filhotes. Trabalho recebeu o Prêmio Destaque de Inovação Zootec 2009

Som da artrite
06 de julho de 2009

Pesquisa realizada na Esalq utiliza expressão sonora emitida por suínos para identificar artrite em filhotes. Trabalho recebeu o Prêmio Destaque de Inovação Zootec 2009

Som da artrite

Pesquisa realizada na Esalq utiliza expressão sonora emitida por suínos para identificar artrite em filhotes. Trabalho recebeu o Prêmio Destaque de Inovação Zootec 2009

06 de julho de 2009

Pesquisa realizada na Esalq utiliza expressão sonora emitida por suínos para identificar artrite em filhotes. Trabalho recebeu o Prêmio Destaque de Inovação Zootec 2009

 

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – A expressão sonora emitida por suínos em fase de maternidade pode sinalizar a presença de determinadas patologias nos animais. Partindo desse princípio, um trabalho realizado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), identificou a ocorrência de artrite em leitões por meio da vocalização emitida por eles.

Por mostrar o potencial dessa técnica não-invasiva para a identificação de doenças e para a aplicação em estratégias de manejo de animais para produção comercial, o estudo ganhou o Prêmio Destaque de Inovação Zootec 2009, na área de Bioclimatologia-Ambiência-Etologia. A premiação ocorreu em Águas de Lindóia (SP), em maio, durante o congresso Zootec 2009, promovido pela Associação Brasileira de Zootecnistas (ABZ).

O trabalho foi realizado pela médica veterinária Natália Risi, que cursa o mestrado sob a orientação da professora Késia Oliveira da Silva, do departamento de Engenharia Rural. A professora integra o Núcleo de Pesquisa em Ambiência (Nupea), da Esalq, que se dedica a estudos voltados para o bem-estar animal.

A professora teve apoio da FAPESP, na modalidade auxílio a pesquisa, para o projeto “Desenvolvimento de metodologia para avaliar o efeito acústico do ambiente no bem-estar dos suínos”. Natália teve bolsa de treinamento da FAPESP ligada ao uso de vocalização para identificar doenças em suínos.

Segundo Natália, o problema da artrite em suínos é pouco abordado em pesquisas por causar baixa mortalidade, de 6,4%, segundo a literatura. A maior parte da mortalidade entre os leitões, segundo ela, é causada por esmagamento pelas mães.

“Entretanto, quem trabalha em campo sabe que a artrite propicia alto grau de debilidade, fazendo com que o leitão deixe de se alimentar, entre em um quadro de dor severa e passe a não competir pelo peito da mãe. Os animais nessas condições têm baixo ganho de peso e são tratados como refugo, são segregados e acabam morrendo”, disse Natália à Agência FAPESP.

De acordo com ela, a artrite pode ser diagnosticada clinicamente, mas para isso seria preciso avaliar os animais um a um com testes laboratoriais, o que é praticamente inviável em sistemas de produção de médio e grande porte. “O uso da vocalização para identificar a doença tem a vantagem de ser um método não-invasivo e que pode ser usado em grande escala”, disse.

O uso da vocalização para identificar a artrite, segundo Natália, abre uma linha de pesquisa que eventualmente pode ser aplicável a outras patologias. “O trabalho poderá servir como referência para pesquisadores que se interessem pela ligação entre vocalização e patologias”, afirmou.

A veterinária avaliou suínos de uma granja, realizando coleta de expressão sonora dos animais saudáveis e com artrite. A partir desse material, trabalhou com sistemas de inteligência artificial para classificar as vocalizações.

“Usamos equações matemáticas capazes de captar o sinal bruto, que é a vocalização, processando-o numericamente e fornecendo suas frequências. Depois trabalhamos com uma rede neural classificatória para o reconhecimento dos padrões. Com isso, tivemos uma eficiência de 89% na identificação dos animais doentes”, explicou.

O objetivo do prêmio era reconhecer os trabalhos que apresentassem potencial para incorporação no melhoramento de tecnologias, processos, serviços e práticas nos diversos campos que envolvem a produção animal com a garantia de que esses trabalhos possam contribuir de forma significativa para a zootecnia.

“Trata-se de uma linha de pesquisa muito recente, principalmente no Brasil. Existem poucos grupos de pesquisa voltados para o estudo dessa capacidade do animal e é um reconhecimento muito grande ter recebido o prêmio. Dentro dos sistemas de automação da produção, a vocalização é uma ferramenta com grande potencial de implantação para os próximos dez anos”, declarou.
 

  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.