José Antonio Brum, do LNLS (à esquerda) e Gerhard Materlik, do Diamond, assinam memorando para incentivar cooperação científica anglo-brasileira (Foto: Fernanda Gamoes)

Sinergia luminosa
28 de junho de 2007

Laboratório Nacional de Luz Síncrotron e Diamond Light Source, principal instituição do gênero no Reino Unido, assinam memorando para incentivar cooperação científica

Sinergia luminosa

Laboratório Nacional de Luz Síncrotron e Diamond Light Source, principal instituição do gênero no Reino Unido, assinam memorando para incentivar cooperação científica

28 de junho de 2007

José Antonio Brum, do LNLS (à esquerda) e Gerhard Materlik, do Diamond, assinam memorando para incentivar cooperação científica anglo-brasileira (Foto: Fernanda Gamoes)

 

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), localizado em Campinas (SP), e o Diamond Light Source, maior laboratório do gênero no Reino Unido, assinaram na quarta-feira (27/6) um memorando de entendimento para o desenvolvimento de pesquisas usando luz síncrotron.

A luz síncrotron é uma radiação eletromagnética intensa produzida por elétrons de alta energia em um acelerador de partículas. Ela abrange uma ampla faixa do espectro eletromagnético: raios X, luz ultravioleta e infravermelha. Controlando as fontes de luz, os cientistas podem produzir conhecimento sobre novas propriedades dos átomos e moléculas, com aplicação em áreas como nanotecnologia, biologia estrutural e desenvolvimento de novos materiais.

A parceria assinada pelo diretor do LNLS, José Antonio Brum, e pelo diretor do Diamond, Gerhard Materlik, tem o objetivo de formalizar a disposição de futuros intercâmbios entre as duas instituições tanto em termos de tecnologias quanto de recursos humanos.

O memorando é o quinto estabelecido no âmbito do Ano Brasileiro-Britânico da Ciência & Inovação. O programa, cujo objetivo é fomentar a cooperação científica e a realização de parcerias para a transferência de conhecimento entre Brasil e Reino Unido, foi idealizado em 2006, durante visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Reino Unido, e lançado em março.

"Nos últimos dois dias, realizamos workshops com membros dos dois laboratórios para discutir quais são as áreas complementares em que poderemos atuar em conjunto. Percebemos, por exemplo, que no LNLS há um forte desenvolvimento de pesquisas na área de ciências da vida, que nos interessa", disse Materlik à Agência FAPESP.

O LNLS, único laboratório do gênero no hemisfério Sul, tem uma década de experiência. O Diamond, inaugurado em fevereiro de 2007, tem infra-estrutura muito maior e trabalha com energia muito mais alta. Trata-se do maior investimento em ciência feito no Reino Unido nos últimos 40 anos. Os diretores acreditam que o acordo pode facilitar a troca de conhecimento e identificar oportunidades de projetos bilaterais.

De acordo com Brum, as instituições ainda vão analisar possíveis formas de interação. "A parceria pressupõe que estaremos abertos para diversos tipos de intercâmbio, em várias áreas. Acredito que os dois países poderão ganhar muito em recursos humanos. Trabalhar com luz síncrotron é algo muito específico e a experiência em equipamentos diferentes é valiosa", disse Brum.

Segundo Materlik, o intercâmbio entre os grupos de cientistas poderá ser o grande ganho da parceria. "O acordo colocará as comunidades científicas dos dois países em contato. Isso deverá gerar sinergias em diferentes áreas de atuação, trazendo um ganho incalculável", afirmou.

Para Brum, o Brasil terá uma vantagem adicional: poder observar o modelo gerencial do laboratório inglês. "É muito importante ter contato direto com os processos de gerenciamento estrangeiros. Para aperfeiçoar nosso modelo de operação, é fundamental conhecer bem os de outros países", disse.

Depois da assinatura do memorando, os diretores das duas instituições participaram do seminário Aspectos Estratégicos das Aplicações de Luz Síncrotron para a Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil e no Reino Unido. Durante o evento, os participantes discutiram como a tecnologia de luz síncrotron pode influenciar a ciência, tecnologia e inovação no Brasil, bem como as experiências do Brasil e do Reino Unido, incluindo as aplicações para o meio acadêmico e para a indústria.

Utilizando a luz síncrotron, os cientistas podem "enxergar" objetos em escalas invisíveis sob a luz visível, podendo usar, por exemplo, o raio X para obter uma resolução atômica dos objetos estudados, conseguindo ler comprimentos de onda de 1 angstrom (um décimo de nanômetro).

Os pesquisadores podem também investigar a estrutura de proteínas com aplicação da técnica de cristalografia, detectando, com a difração dos raios X incidentes na molécula, a posição dos átomos que a compõem. Com isso, investiga-se como são constituídas as proteínas e quais suas funções em um dado organismo. A técnica pode ser decisiva para pesquisas voltadas para a cura de doenças.


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