Conhecer os meandros do Congresso Nacional e estudar as novas tecnologias de comunicação usadas como instrumento político são grandes desafios para as ciências sociais, diz Ingrid Sarti, da UFRJ
Conhecer os meandros do Congresso Nacional e estudar as novas tecnologias de comunicação usadas como instrumento político são grandes desafios para as ciências sociais, diz Ingrid Sarti, da UFRJ
Agência FAPESP - "A democracia é o governo perfeito, tão perfeito que não é o governo de homens. Se existisse, seria o governo de deuses." Citando o pensador Jean-Jacques Rousseau, Ingrid Sarti, professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acredita que deva haver maior envolvimento das ciências sociais no estudo do âmbito político.
"O cientista social não pode defender a reforma política sem ter idéia de como o Congresso Nacional funciona, coisa que tem ocorrido bastante", disse a uma platéia de jovens reunida na 57ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Fortaleza, na semana passada.
Para Ingrid, a missão atual das ciências sociais é aprofundar a discussão sobre o funcionamento das instituições políticas para que elas sejam aperfeiçoadas. "A ‘casa do povo’ é a vontade da maioria representada. Se não estamos satisfeitos com o Congresso, devemos lutar para adequá-lo aos nossos interesses", afirmou.
Segundo ela, a frustração generalizada com a política vem do fato de que os partidos são as únicas instituições que atuam, simultaneamente, na sociedade e no Estado, o que acarreta múltiplos conflitos. Desempenhando papéis diferentes em cada uma das esferas, os partidos não conseguem cumprir as promessas que os alçaram ao Congresso.
Então, por que prometem? "Quando fala ao eleitor, o político muitas vezes apresenta algo em que acredita, sobre o qual está disposto a lutar. Porém, o choque de interesses igualmente legítimos o obriga a negociar e a ceder", disse.
A era do espetáculo e o desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação representam outro grande desafio para as ciências sociais. "Estudar a eleição antes da presença da mídia, inclusive fazendo política, não é mais a mesma coisa", explicou. Por conta disso, segundo ela, o cientista social precisa incorporar o elemento incerteza a seus estudos, além de admitir que os recursos disponíveis são imprevisíveis e se expor.
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