João Steiner apresenta na sede da FAPESP relatório final de viabilidade do projeto que deverá ser implementado em sete cidades (foto: T. Romero)
João Steiner, coordenador dos estudos de viabilidade do Sistema de Parques Tecnológicos no Estado de São Paulo, apresenta na sede da FAPESP relatório final do projeto que deverá ser implementado em sete cidades
João Steiner, coordenador dos estudos de viabilidade do Sistema de Parques Tecnológicos no Estado de São Paulo, apresenta na sede da FAPESP relatório final do projeto que deverá ser implementado em sete cidades
João Steiner apresenta na sede da FAPESP relatório final de viabilidade do projeto que deverá ser implementado em sete cidades (foto: T. Romero)
Agência FAPESP – As sociedades do conhecimento são caracterizadas por uma série de fatores, sendo três imprescindíveis: a capacidade de gerar conhecimento, formar recursos humanos e transformar conhecimento em riqueza.
O Brasil é extremamente bem sucedido nas duas primeiras, mas, na terceira característica, ainda deixa a desejar. As opiniões são dos debatedores presentes no 7º Seminário Paulista de Parques Tecnológicos, realizado na tarde de segunda-feira (10/12), na sede da FAPESP, em São Paulo.
"Nossa capacidade de transformar conhecimento em riqueza, em especial por meio de inovação tecnológica, está defasada. Isso porque, de cada quatro pesquisadores, três estão na universidade e um na empresa. Ainda que produza cerca de 2% do conhecimento científico mundial, o Brasil responde apenas por 0,2% das patentes depositadas no mundo", destacou João Steiner, diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP).
Steiner conduziu o seminário em que o assunto central foi o Sistema de Parques Tecnológicos do Estado de São Paulo, um projeto da Secretaria de Desenvolvimento com apoio da FAPESP. O sistema é considerado um instrumento promissor para a correção da assimetria entre conhecimento e riqueza, com base na criação de ambientes propícios a novas oportunidades de negócio entre academia e indústria.
O diretor do IEA apresentou o relatório final do projeto que coordenou, iniciado em junho de 2005 com apoio da FAPESP, para o estudo da viabilidade de implantação do sistema e discussão de sua estruturação, por representantes da academia, do setor produtivo e do poder público.
A proposta é que o sistema seja implementado em sete cidades: São Paulo, Campinas, São José dos Campos, Piracicaba, São Carlos, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. "A distribuição dessas cidades corresponde à distribuição de concentração da maioria das empresas industriais e também da capacidade de gerar conhecimento e recursos humanos altamente qualificados no estado", explicou Steiner.
São José dos Campos e São Carlos são os que estão em estágio mais avançado por conta dos núcleos de seus parques tecnológicos instalados. No primeiro, instituições como a Embraer e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) realizam pesquisas conjuntas. O segundo município está vinculado às empresas incubadas na Fundação Parque de Alta Tecnologia São Carlos (ParqTec). Os outros núcleos estão em fase de implementação e ainda não têm data prevista para inauguração.
"O Estado de São Paulo está maduro para receber um sistema dessa natureza. Aqui estão abrigadas três entre as dez universidades brasileiras e norte-americanas que mais formam doutores em todo o mundo, de acordo com levantamento recente realizado nos Estados Unidos", disse Steiner, referindo-se às universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp) e Estadual de Campinas (Unicamp).
"E por trás desse fator quantitativo existe muita qualidade: o Brasil produz hoje cerca de 2% do conhecimento científico mundial. De cada 200 descobertas publicadas em revistas indexadas, quatro têm endereço no país e duas em São Paulo", apontou.
Missão tecnológica
A idéia de criação do Sistema de Parques Tecnológicos surgiu em 2002 e teve origem na Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo. Em fevereiro de 2006 foi assinado um decreto que oficialmente o instituiu pelo então governador Geraldo Alckmin, na sede da FAPESP.
Para Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, essa é uma importante iniciativa que pode contribuir para a intensificação do desenvolvimento econômico no estado, "sobretudo em um tipo especial de desenvolvimento que é aquele baseado no conhecimento".
"Muitos países têm usado com sucesso esse tipo de estratégia à medida que potencializam a capacidade de gerar riqueza ao associar instituições de ensino superior com iniciativas do setor produtivo e governamentais, que é justamente a proposta do sistema de parques tecnológicos", observou.
Alberto Goldman, vice-governador e secretário de Desenvolvimento de São Paulo, ressaltou a importância do esforço estadual para a criação dos parques.
"Temos um grande caminho a ser trilhado e boas possibilidades de parcerias entre o setor público e privado. Se, de fato, queremos superar esse fosso entre conhecimento e riqueza, os gestores dos parques tecnológicos deverão ter clareza de suas missões e liderança para colocar em prática o processo de inovação", afirmou.
A missão dos Parques Tecnológicos é criar um ambiente de alta qualidade para as atividades de pesquisa e desenvolvimento capazes de atrair novas empresas, introduzir novas tecnologias no mercado e fomentar a capacitação tecnológica em setores-chave para o desenvolvimento nacional.
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