Ricardo Renzo Brentani, diretor-presidente da FAPESP, recebe o Prêmio Octavio Frias de Oliveira, na categoria “Personalidade de Destaque”, por sua contribuição à pesquisa sobre câncer (Icesp)

Pioneirismo em oncologia
08 de agosto de 2011

Ricardo Renzo Brentani, diretor-presidente da FAPESP, recebe o Prêmio Octavio Frias de Oliveira, na categoria “Personalidade de Destaque”, por sua contribuição à pesquisa sobre câncer

Pioneirismo em oncologia

Ricardo Renzo Brentani, diretor-presidente da FAPESP, recebe o Prêmio Octavio Frias de Oliveira, na categoria “Personalidade de Destaque”, por sua contribuição à pesquisa sobre câncer

08 de agosto de 2011

Ricardo Renzo Brentani, diretor-presidente da FAPESP, recebe o Prêmio Octavio Frias de Oliveira, na categoria “Personalidade de Destaque”, por sua contribuição à pesquisa sobre câncer (Icesp)

 

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Ricardo Renzo Brentani, diretor-presidente da FAPESP, recebeu na sexta-feira (05/08) o 2º Prêmio Octavio Frias de Oliveira, na categoria “Personalidade de Destaque”. Promovido pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), em parceria com o Grupo Folha, o prêmio tem o objetivo de reconhecer a produção de conhecimento na prevenção e combate ao câncer.

Na categoria “Pesquisa em Oncologia”, o prêmio foi concedido a José Barreto Campello Carvalheira e Guilherme Zweig Rocha, do Laboratório de Oncologia Molecular da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A cerimônia de premiação teve a presença de personalidades importantes da ciência brasileira, como Isaias Raw, presidente do Conselho Técnico-Científico da Fundação Butantan, e Eduardo Moacyr Krieger, professor emérito da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).

Na primeira categoria, o premiado foi escolhido por uma comissão julgadora composta por membros do Icesp e do jornal Folha de S. Paulo, além de cientistas e membros da sociedade comprometidos com o tema, que selecionaram o ganhador dentre sete nomes indicados. Na segunda categoria, foram mais de 20 trabalhos inscritos durante dois meses.

Brentani é diretor-presidente do Hospital do Câncer A.C. Camargo e coordenador do Centro Antonio Prudente para Pesquisa e Tratamento do Câncer, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) da FAPESP. Foi também diretor do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer.

Membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), é médico graduado pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), da qual é professor titular emérito. Fez o doutorado em bioquímica, também na FMUSP. Como pesquisador, atua principalmente com estudos relacionados ao papel do nucléolo no processamento de mRNA, à caracterização de mRNAs de colágenos e à adesão celular e metástase.

Recebeu diversos prêmios e condecorações, como a Ordem Nacional do Mérito Científico (Grã-Cruz), o Prêmio Costa Junior, da Academia Nacional de Medicina, e o Prêmio Ciência e Cultura da Fundação Conrado Wessel.

“Se tenho algum mérito que justifique minha indicação para o prêmio, preciso dividi-lo com minha mulher, Maria Mitzi Brentani, com Isaias Raw, que me ensinou a gostar de estudar e crescer, e com um número enorme de jovens que acreditou em mim ao longo da minha carreira”, disse Brentani em seu discurso.

De acordo com o presidente da comissão organizadora do prêmio, Roger Chammas, professor da FMUSP e membro da Coordenação de Área de Saúde da FAPESP, Brentani foi o primeiro professor titular da disciplina de Oncologia em uma universidade brasileira, a USP.

“Cada um de nós saberá identificar um traço da personalidade de Brentani para que seja agraciado com o prêmio. O professor se destacou como gestor, acadêmico, educador e formador de instituições. Como ex-orientando de Brentani, posso destacar sua posição de cientista ousado e à frente de seu tempo”, disse.

Segundo Chammas, na década de 1960, na FMUSP, Brentani já estudava a capacidade informacional do nucléolo, tema que ainda hoje é pouco explorado.

“Nas décadas de 1960 e 1970, ele introduziu pesquisas pioneiras na área atualmente conhecida como biologia molecular, mas que ainda não tinha esse nome. Os estudos dessa época foram precursores da biotecnologia”, destacou.

No início dos anos 1980, segundo Chammas, Brentani foi indicado como o indivíduo ideal para liderar a filial paulista do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer. A instituição se tornaria logo um centro de referência nacional e internacional de estudos na área de oncologia e um grande celeiro de lideranças científicas.

“Dessa forma, Brentani formou diferentes grupos de pesquisa, nas áreas de epidemiologia, imunologia, biologia celular, genética e genômica do câncer, bioinformática, neurobiologia, patologia molecular e um grupo muito forte de pesquisa clínica. A cada grupo formado, o professor Brentani conseguia se reinventar”, afirmou.

Paulo Hoff, diretor-geral do Icesp, diretor do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês e professor de Oncologia do Departamento de Radiologia da FMUSP, destacou o fato de Brentani ter sido o primeiro professor de Oncologia da USP.

“Ser o primeiro é sempre uma tarefa árdua. Ele deu início à carreira de oncologia na época em que o conceito era muito novo e nem sempre aceito na comunidade médica e universitária. Seus esforços tornaram possível a grande capacidade instalada que temos hoje na área e foi o embrião de tudo o que estamos vendo na USP em relação à pesquisa sobre câncer”, disse.

Segundo Hoff, a FMUSP recebeu a tarefa de implantar o Icesp e, com apenas três anos, a instituição se tornou uma das principais na pesquisa em câncer no Estado de São Paulo.

“Obtivemos grande sucesso graças à colaboração multidisciplinar e multiprofissional com a qual contamos. O Icesp atende hoje mais de 1,2 mil casos novos de câncer por mês, com mais de 6 mil cirurgias. Mensalmente, são mais de 13 mil consultas clínicas e mais de quatro mil sessões de quimioterapia”, afirmou.

Novos tratamentos

José Manuel de Camargo Teixeira, secretário adjunto da Saúde do Estado de São Paulo, afirmou que, além das atividades de assistência, o Icesp e o governo paulista têm investido nos ramos de docência, pesquisa e difusão do conhecimento.

“Todo esse trabalho na área de oncologia na FMUSP e no Hospital das Clínicas teve início com a atividade desenvolvida por Brentani, que teve o grande mérito de levar adiante uma missão que era quase impossível: articular as diferentes especialidades clínicas e cirúrgicas existentes para a constituição de um núcleo oncológico, que foi evoluindo até desencadear o programa piloto que deu origem ao Icesp”, afirmou.

Guilherme Afif Domingos, vice-governador de São Paulo, destacou o papel de Brentani diante da FAPESP. Segundo ele, a continuidade da política de financiamento da ciência, garantida pelo repasse automático de 1% da receita paulista para a Fundação, explica a liderança do Estado de São Paulo tanto na área de oncologia, como no setor de saúde e na pesquisa científica e tecnológica em geral.

“Ninguém é líder por acaso. Há sempre uma história por trás e é ela que está sendo reconhecida nas homenagens que estão sendo feitas aqui. A pesquisa é um trabalho de longo prazo e não pode ser interrompida. A liderança alcançada por São Paulo é resultado desse investimento público em ciência e inovação tecnológica”, afirmou.

Guilherme Zweig Rocha representou o grupo de pesquisadores homenageados na categoria “Pesquisa em Oncologia”. “Nosso mérito não consiste em termos sido escolhidos, mas em termos feito o trabalho. Continuaremos fazendo esse tipo de estudo para melhorar cada vez mais a pesquisa nacional e, futuramente, o tratamento dos pacientes”, disse.

José Barreto Carvalheira e Rocha foram premiados pela pesquisa “Efeito do paclitaxel na via IRS/PI3K/Akt/mTOR em linhagem de adenocarcinoma de mama e carcinoma de pulmão”. Com uma equipe de pesquisadores, os autores testaram com sucesso uma nova via bioquímica para o tratamento do câncer.

O estudo associou a metformina, o principal medicamento utilizado no tratamento do diabetes tipo 2, ao quimioterápico paclitaxel, droga utilizada em pacientes com câncer de mama e pulmão. Nos estudos realizados in vitro e em cobaias, os pesquisadores conseguiram inibir o crescimento do tumor.

Ao perceberem que tanto o paclitaxel quanto a metformina atuavam na AMPK isoladamente, tanto na quimioterapia como no tratamento do diabetes, os pesquisadores resolveram associar os dois medicamentos para o tratamento do câncer de mama e pulmão. De acordo com os resultados do estudo, a combinação entre metfotmina e paclitaxel tem efeito antitumoral capaz de induzir a interrupção do ciclo celular do tumor cancerígeno.

Rocha é doutorando na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp com Bolsa da FAPESP, em projeto de pesquisa orientado por Carvalheira. O professor coordena outros projetos com apoio da FAPESP.

 

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