A emulsão com partículas nanométricas de curcumina foi testada em camundongos (foto: acervo dos pesquisadores)

Saúde
Nanoemulsão de curcumina é testada no tratamento de inflamação intestinal
28 de fevereiro de 2024
EN ES

Formulação desenvolvida por pesquisadores da Unoeste e da Unesp melhorou a composição da microbiota em experimentos com animais

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Formulação desenvolvida por pesquisadores da Unoeste e da Unesp melhorou a composição da microbiota em experimentos com animais

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A emulsão com partículas nanométricas de curcumina foi testada em camundongos (foto: acervo dos pesquisadores)

 

Thais Szegö | Agência FAPESP – Uma nanoemulsão contendo partículas de curcumina – substância conhecida por sua ação antioxidante e anti-inflamatória – se mostrou capaz de modular a microbiota intestinal em camundongos que sofriam de inflamação nesse órgão. Os experimentos foram conduzidos por pesquisadores da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Resultados da investigação, apoiada pela FAPESP (projetos 22/12823-0, 20/15185-0 e 17/03879-4), foram divulgados no International Journal of Pharmaceutics.

A curcumina é um polifenol encontrado no açafrão-da-índia (Curcuma longa) e que faz parte de um grupo de componentes bioativos denominados curcuminoides. O composto tem ganhado destaque no combate a doenças inflamatórias intestinais. Contudo, há um desafio a ser superado: a biodisponibilidade da curcumina é baixa quando administrada por via oral. E esse problema é ainda maior em pessoas com doença de Crohn, colite ulcerativa e outras condições associadas à inflamação no intestino e a alterações na microbiota.

Com o objetivo de melhorar a eficácia da curcumina nesses casos, os cientistas desenvolveram uma emulsão com partículas nanométricas da substância, invisíveis a olho nu. “O trabalho foi realizado em duas etapas. Na primeira foi feita a nanoemulsão carreadora da substância e avaliadas a estabilidade e as características morfológicas e físico-químicas”, conta Lizziane Eller, professora nos cursos de farmácia e nutrição da Unoeste que participou da pesquisa.

O passo seguinte foi testar a ação da nanoemulsão em camundongos. Para isso, os pesquisadores induziram nos animais um quadro de inflamação intestinal utilizando um fármaco chamado indometacina. Em seguida, os animais receberam a nanoemulsão por via oral durante 14 dias. Após esse período, o impacto da substância foi avaliado por análises macroscópica, histopatologia (técnica que consiste em analisar, em microscópio, o tecido fixado em parafina) e metagenômica (sequenciamento de toda a comunidade de microrganismos do intestino).

De acordo com a pesquisadora, foi possível observar que a nanoemulsão de curcumina pode ser uma boa estratégia para melhorar a biodisponibilidade da substância e que ela foi capaz de modular a microbiota intestinal dos roedores após o dano causado pela indometacina, aumentando a presença de bactérias benéficas no órgão. “A nanoemulsão não levou a uma melhora significativa da inflamação dos camundongos tratados em relação ao grupo controle. Entretanto, quantidade relativa do gênero Lactobacillus foi maior no grupo que recebeu a nanoemulsão de curcumina em cerca de 25%.”

Este foi o primeiro estudo sobre a avaliação do efeito da utilização da substância dessa forma e ressaltou a importância do desenvolvimento de novas formulações a fim de aprimorar o uso da curcumina na prevenção e no tratamento da doença inflamatória intestinal, já que ela tem se mostrado uma boa opção aos tratamentos já utilizados contra a enfermidade, que têm custo elevado e envolvem efeitos colaterais significativos.

O grupo continua trabalhando com a avaliação do potencial de outros nutracêuticos na forma de nanoformulações. “Para a nanoemulsão de curcumina, em específico, estamos ajustando a formulação no intuito de aumentar a biodisponibilidade da substância ativa e, em breve, aplicaremos em outros protocolos de dano intestinal”, conta Eller.

O artigo Evaluation of curcumin nanoemulsion effect to prevent intestinal damage pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378517323011055.
 

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