A luz branca gerada por um laser na potência terawatt tem várias aplicações científicas
(foto:OSU)

Na era do terawatt
23 de agosto de 2005

Ipen inaugura o Laboratório de Lasers Compactos de Altíssima Potência, primeiro do tipo no hemisfério Sul. Novas pesquisas com aplicações práticas em saúde e nanotecnologia poderão ser feitas a partir de agora

Na era do terawatt

Ipen inaugura o Laboratório de Lasers Compactos de Altíssima Potência, primeiro do tipo no hemisfério Sul. Novas pesquisas com aplicações práticas em saúde e nanotecnologia poderão ser feitas a partir de agora

23 de agosto de 2005

A luz branca gerada por um laser na potência terawatt tem várias aplicações científicas
(foto:OSU)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Todos os estágios de amplificação foram realizados com sucesso. O ciclo para se chegar à potência na escala do terawatt está dominado pelos pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). No Laboratório de Lasers Compactos de Altíssima Potência, inaugurado nesta segunda-feira (22/8), em São Paulo, diversas novas pesquisas com aplicações práticas nas áreas de saúde, meio ambiente e nanotecnologia poderão ser feitas a partir de agora.

"Esse laboratório é o único do tipo no hemifério Sul", afirma Nilson Dias Vieira Júnior, gerente do Centro de Lasers e Aplicações (CLA) do Ipen, à Agência FAPESP. Em dois meses, o laboratório deverá conseguir chegar ao terawatt. "Essa é uma potência muito importante. Sem dúvida isso será um grande diferencial para o Brasil", explica Vieira Júnior, também integrante do Conselho Superior da FAPESP.

Dez multiplicado por dez doze vezes. Essa conta, que chega à casa do trilhão, oferece a real dimensão do que representa 1 terawatt de potência. Mais do que isso, o sistema montado no Ipen atingirá a grandiosa potência em um tempo de pulsação que pode chegar a um segundo dividido em mil trilhões. Essa unidade é conhecida pelos especialistas como femtossegundo.

Para conseguir montar o laboratório e a infra-estrutura multiusuário que será embarcada nele, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) investiu R$ 1,25 milhão. A FAPESP, por meio de um Projeto Temático, mais R$ 1 milhão.

"Uma das promessas é na área de abrasão de tecidos biológicos, como o dente, por exemplo", explica Vieira Júnior. Como o uso do laser na potência terawatt pode ser feito de forma bem seletiva, e isso não gera calor, a importância dessa ferramenta surge de forma quase direta. "É possível agir sobre o tecido de um dente sem destruir o que está em volta."

Segundo o gerente do CLA, outro experimento que pode ser feito a partir do novo laboratório é a leitura das assinaturas químicas das várias espécies espalhadas pela atmosfera. "Para isso, é necessário uma fonte de luz branca, que seja jogada na atmosfera para ser absorvida em várias altitudes e depois medida."

Nesse caso, o laser na potência terawatt pode conseguir identificar, entre outras coisas, a constituição de poluentes atmosféricos presentes seja a 1, 2 ou 10 quilômetros de altura. "Isso tem várias aplicações diretas", afirma Vieira Júnior.


Honra ao Mérito

Além da inauguração do Laboratório de Lasers Compactos de Altíssima Potência, outras comemorações ocorreram nesta segunda-feira no Ipen, em homenagem aos 49 anos da instituição. No auditório Rômulo Ribeiro Pieroni o professor Shigueo Watanabe, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, ganhou o título de Pesquisador Emérito – 2005. O cientista também colaborou com o próprio Ipen, entre 1968 e 1976.

Por mais de 20 anos, o homenageado foi diretor executivo da Academia de Ciências do Estado de São Paulo. Além disso, Watanabe ocupou cargos no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), na Sociedade Brasileira de Física e no Conselho do Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese, entre outros.

Em 1998, o pesquisador – o primeiro descendente de japoneses a se tornar professor titular de física da Universidade de São Paulo – recebeu a comenda Zuihosho Kunsato, a mais alta concedida pelo Imperador do Japão a um estrangeiro.


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