UFMG cria ambiente simplificado de realidade virtual voltado para mutirões. Projeto teve como referência sistema da Universidade do Estado da Pensilvânia (Foto: Penn State University)
Laboratório da UFMG desenvolve ambiente simplificado de realidade virtual para ajudar comunidades envolvidas com mutirões a compreender projetos arquitetônicos
Laboratório da UFMG desenvolve ambiente simplificado de realidade virtual para ajudar comunidades envolvidas com mutirões a compreender projetos arquitetônicos
UFMG cria ambiente simplificado de realidade virtual voltado para mutirões. Projeto teve como referência sistema da Universidade do Estado da Pensilvânia (Foto: Penn State University)
Agência FAPESP – O ambiente de realidade virtual é um recurso eficaz para facilitar a compreensão espacial de projetos arquitetônicos. Se fosse aplicado em mutirões, um sistema desse tipo poderia garantir que as comunidades participassem não apenas da construção, mas também do planejamento de suas futuras casas.
Mas, até agora, os sistemas que utilizam a imagem projetada para reproduzir ambientes imersivos, como as Cave Automatic Virtual Environments (Cave), são altamente sofisticados e caros. Por isso, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está desenvolvendo um ambiente simplificado de realidade virtual direcionado a projetos arquitetônicos participativos.
Depois de dois anos de pesquisa, a equipe do Laboratório Estúdio Virtual de Arquitetura (EVA), no departamento de Projetos da Escola de Arquitetura da UFMG, superou uma série de entraves tecnológicos e criou novas interfaces digitais para os ambientes imersivos que possibilitam a interação do usuário.
De acordo com a coordenadora do EVA, Maria Lucia Malard, o protótipo do novo sistema foi aprovado em testes de laboratório. "Ainda em junho vamos realizar novos testes com moradores da Associação dos Sem-Casa (Asca), de Belo Horizonte", disse à Agência FAPESP.
A alternativa de baixo custo teve como referência o trabalho do Laboratório de Ambientes Imersivos, da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos. "A proposta norte-americana tem um custo elevado demais para os podrões brasileiros. Mas, a partir dela, fizemos uma série de simplificações tecnológicas para substituir os equipamentos mais caros", explicou Maria Lucia.
Batizado como Ambiente de Imersão de Tecnologia Simplificada (AIVTS), o sistema foi montado com dois computadores, duas câmeras de vídeo, dois projetores de dados com filtros polarizadores e óculos polarizados para para visualizar a projeção em 3D.
"Os projetores são ligados nas duas saídas de vídeo, sendo que cada um projeta a imagem de um dos olhos. As lentes, ou filtros polarizadores, são adaptadas nos projetores. Os óculos permitem que cada olho veja apenas uma das imagens projetadas, fazendo com que o cérebro simule a profundidade", disse Maria Lucia.
Para que a superfície de projeção não despolarize a luz emitida pelos projetores, a equipe precisava de uma solução mais econômica que os painéis de US$ 10 mil empregados pelos norte-americanos. "Utilizamos uma tinta à base de alumínio para cobrir a área que recebe a projeção", disse.
Na versão final, que está atualmente em desenvolvimento, os pesquisadores deverão utilizar três projetores, a fim de obter a sensação total de imersão. Todo o conjunto não deverá passar de R$ 10 mil, segundo os pesquisadores.
Embora ainda esteja em desenvolvimento, o trabalho foi premiado em 2006 como uma das oito melhores práticas mundiais de processo de projeto para habitação de baixa renda, promovida pela Associação de Escolas Colegiadas de Arquitetura, em Washington.
A principal limitação do sistema, de acordo com a pesquisadora, é que, por enquanto, ele só funciona com a utilização do software Macromedia Director, o que torna a programaçao dos modelos muito trabalhosa.
"O Director permite programar a interação em modelos 3D usando dois pontos de vista distintos, simulando os dois olhos, para projetar sincronicamente a partir de um mesmo computador. Usamos um plug-in que possibilita substituir o mouse por gestos para ativar as interações", explicou.
Devido à limitação de aceitar apenas imagens programadas no Director, os pesquisadores estão tentando um aperfeiçoamento que não aumente muito os custos. "Para isso, pensamos em substituir a estereoscopia passiva, que usa filtros e óculos polarizadores, por um sistema ativo, com projetores de alta freqüência", disse Maria Lucia.
Para a continuidade do projeto de desenvolvimento do AIVTS, o EVA recebeu auxílio do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex), como resultado de parceria entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Segundo Maria Lúcia, o projeto tem participação do Departamento de Ciências da Computação da UFMG e os objetivos não se limitam à aplicação em arquitetura.
"O desenvolvimento de um ambiente de imersão simplificado também pode servir para o ensino e estudo de interações científicas complexas, para acompanhamento de processos em diversas áreas do conhecimento. Nossa idéia é que isso se torne acessível a qualquer escola", afirmou.
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