Pesquisador do IAG-USP contribuiu para aumentar o impacto da pesquisa brasileira em astronomia e para formulação de políticas científicas e tecnológicas para o desenvolvimento do país (foto: Imagens USP)

Morre aos 70 anos o astrofísico João Steiner
11 de setembro de 2020

Pesquisador do IAG-USP contribuiu para aumentar o impacto da pesquisa brasileira em astronomia e para formulação de políticas científicas e tecnológicas para o desenvolvimento do país

Morre aos 70 anos o astrofísico João Steiner

Pesquisador do IAG-USP contribuiu para aumentar o impacto da pesquisa brasileira em astronomia e para formulação de políticas científicas e tecnológicas para o desenvolvimento do país

11 de setembro de 2020

Pesquisador do IAG-USP contribuiu para aumentar o impacto da pesquisa brasileira em astronomia e para formulação de políticas científicas e tecnológicas para o desenvolvimento do país (foto: Imagens USP)

 

Elton Alisson | Agência FAPESP – Faleceu nesta quinta-feira (10/09), aos 70 anos, em decorrência de um infarto, o professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) João Steiner.

Nascido em 1950 em São Martinho, interior de Santa Catarina, Steiner graduou-se pelo Instituto de Física da USP (1973), fez mestrado (1975) e doutorado (1979) em astronomia no IAG-USP e pós-doutorado no Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (1979-1982). Era professor titular do IAG desde 1990.

“João Steiner fez parte de uma geração que deu relevância e visibilidade à astronomia brasileira. Destaco três características que marcaram sua vida acadêmica. Primeiramente, era um pesquisador reconhecido internacionalmente pelas suas contribuições ao avanço do conhecimento, particularmente sobre os mecanismos dos buracos negros. Steiner era também um cientista engajado na divulgação da ciência, e aproveitava todas as oportunidades para comunicar-se com a sociedade, usando linguagem ao mesmo tempo didática e cativante. Finalmente, foi um gestor de ciência envolvido na criação de espaços para ciência: foi responsável pela criação do Laboratório Nacional de Astrofísica, coordenador das Unidades de Pesquisa do MCTI, e diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP, além de articular a participação da ciência brasileira em consórcios internacionais de astronomia, como o Gemini, Soar e o GMT”, disse Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP.

Steiner também presidiu a Sociedade Astronômica Brasileira (1982-1984), foi tesoureiro e secretário-geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) entre 1988 e 1992 e diretor de ciências espaciais e atmosféricas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) de 1987 a 1989.

“João Steiner foi um cientista brilhante e contribuiu de forma extraordinária para o desenho do sistema de pesquisa no Brasil, tanto no Inpe, como na USP e especialmente no plano nacional, como secretário das unidades de pesquisa do MCTIC, onde implantou várias organizações sociais e ajudou a definir as missões de nossos institutos. Na FAPESP foi também decisivo, coordenando alguns dos maiores projetos da Fundação”, disse Carlos Américo Pacheco, diretor do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da FAPESP.

Ele era membro do Conselho de Administração do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), das academias Brasileira de Ciências (ABC), de Ciência do Estado de São Paulo e de Ciências dos Países em Desenvolvimento (TWAS, em inglês), além de membro honorário da American Astronomical Society (AAS).

"O professor Steiner foi um ícone na ciência nacional, com contribuições em inúmeras esferas de atuação. Fica certamente o legado dessa sua apaixonada atuação em prol da ciência", avaliou Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP.

Coordenou o projeto do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Astrofísica (2009-2016) e a implantação do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos. Foi condecorado em 2001 com a Ordem do Rio Branco - Grau de Comendador, concedida pelo Ministério das Relações Exteriores, e em 2010 com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, pelo MCTIC.

Steiner foi membro dos conselhos diretores dos telescópios Gemini – cujas operações iniciaram em 2004 com dois telescópios “gêmeos”, um nos Andes chilenos e outro no Havaí – e do Southern Observatory for Astrophysical Research (SOAR, na sigla em inglês), inaugurado nos Andes em 2005.

Também representava a FAPESP no consórcio para construção do Telescópio Gigante Magalhães (GMT, na sigla em inglês), no deserto do Atacama, no Chile. A FAPESP investirá US$ 40 milhões no megatelescópio por meio de um projeto coordenado por Steiner. O investimento equivale a cerca de 4% do custo total estimado e garantirá 4% do tempo de operação do GMT para trabalhos realizados por pesquisadores de São Paulo, além de assento no conselho diretor do consórcio.

“João trabalhou arduamente para colocar o Brasil entre os líderes da comunidade internacional em astronomia. Ele foi a principal figura atrás da nossa participação no SOAR, Gemini e no GMT. Esta é uma perda irreparável para a astronomia brasileira e internacional”, afirmou Claudia Lucia Mendes de Oliveira, pesquisadora do IAG que integra a Coordenação Adjunta de Ciências Exatas e Engenharias da FAPESP.

“João foi um grande impulsionador da boa ciência no Brasil. Produziu trabalhos enormemente reconhecidos mundialmente e foi sempre incansável para identificar e criar oportunidades para o desenvolvimento da pesquisa, especialmente em astrofísica. Perda irreparável”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, que esteve à frente da Diretoria Científica da FAPESP de 2005 a abril deste ano.

O campo atual de pesquisa de Steiner era em núcleos ativos de galáxias. Em um estudo recente, o pesquisador e colaboradores propuseram um mecanismo universal para a ejeção de matéria pelos buracos negros (leia mais em agencia.fapesp.br/34007/).

“João desempenhou um papel importante para aproximação do IAG da sociedade. Ele sempre teve um interesse muito grande na divulgação da ciência e na formação de professores de escolas de ensino médio e iniciou um curso com essa finalidade, que teve grande sucesso. Um percentual dos alunos ingressantes na graduação em Astronomia do IAG diz ter se interessado por essa área porque tiveram professor que fez o curso ministrado pelo Steiner”, disse Pedro Leite da Silva, diretor do IAG-USP.“

“A astronomia brasileira perdeu um de seus maiores nomes. Ele desempenhou um papel importantíssimo na participação do Brasil nos observatórios Gemini e SOAR, que até hoje são os principais telescópios disponíveis para a comunidade astronômica brasileira”, postou no Twitter Gustavo Rojas, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e membro da comissão organizadora da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica.

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