Primeiro colocado na categoria "Ciências Humanas" aborda a política da escravidão no Império e ganhador em "Ciências Exatas" analisa a trajetória do físico André-Marie Ampère. Premiação será em 28 de novembro
Primeiro colocado na categoria "Ciências Humanas" aborda a política da escravidão no Império e ganhador em "Ciências Exatas" analisa a trajetória do físico André-Marie Ampère. Premiação será em 28 de novembro
Primeiro colocado na categoria "Ciências Humanas" aborda a política da escravidão no Império e ganhador em "Ciências Exatas" analisa a trajetória do físico André-Marie Ampère. Premiação será em 28 de novembro
Primeiro colocado na categoria "Ciências Humanas" aborda a política da escravidão no Império e ganhador em "Ciências Exatas" analisa a trajetória do físico André-Marie Ampère. Premiação será em 28 de novembro
Por Karina Toledo
Agência FAPESP – Um pacto velado entre senhores de escravos e políticos do Império prolongou por pelo menos 20 anos o tráfico de escravos no Brasil e submeteu ao cativeiro mais de 700 mil africanos que, à letra da lei, deveriam ter desembarcado no país como homens livres.
A constatação foi feita pelo historiador Tâmis Parron no livro A política da escravidão no Império do Brasil: 1826-1865 (Editora Civilização Brasileira), vencedor do 54º Prêmio Jabuti na categoria “Ciências Humanas”. A obra foi publicada em maio de 2011 com apoio da FAPESP.
“Foram quatro anos de pesquisa realizada durante minha iniciação científica e mestrado, ambos na Universidade de São Paulo (USP), com orientação de Rafael Marquese e Bolsa da FAPESP”, contou Parron.
A ideia inicial, acrescentou, era acompanhar os debates sobre a escravidão no Parlamento brasileiro sob o prisma dos defensores do cativeiro e do tráfico negreiro.
Durante o levantamento documental, feito nos arquivos da Assembleia Legislativa de São Paulo, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Parron encontrou diversas petições coletivas de senhores de escravos pedindo a anulação de uma lei de 1831 – quase 20 anos anterior à Lei Eusébio de Queirós, que proibiu o tráfico negreiro no Brasil – segundo a qual todos os africanos que desembarcassem no Brasil seriam considerados livres.
“A lei veio para complementar o tratado feito com a Inglaterra em 1826 no qual o Brasil se comprometia a abolir o tráfico de escravos em troca da intermediação inglesa pelo reconhecimento da independência brasileira”, contou o historiador.
De fato, chegou a haver um declínio no tráfico negreiro entre 1831 e 1834, mas criou-se um arranjo entre os políticos imperiais e os senhores de escravos do Vale do Paraíba, sul de Minas Gerais, recôncavo baiano e zona da mata pernambucana para que a lei nunca fosse aplicada.
“A lei não chegou a ser anulada, pois a Inglaterra ao perceber o movimento começou a fazer pressão contrária. Mas foi suspensa a partir de 1835 e só voltou a ter validade após 1870, quando o sistema escravagista entrou em crise”, disse.
Graças a esse acordo, nos 15 anos seguintes foram trazidos ao Brasil cerca de 700 mil africanos. “Pela lei, seriam homens livres. Na prática, foram 700 mil homens escravizados. Foi o primeiro crime em massa cometido no Brasil após a independência”, destacou Parron.
Física e Química
Na categoria “Ciências Exatas” do Prêmio Jabuti 2012, o vencedor foi o livro Eletrodinâmica de Ampère (Editora Unicamp), de André Koch Torres Assis e João Paulo Martins De Castro Chaib.
A obra, de 589 páginas, é resultado do trabalho de pós-doutorado de Chaib, realizado no Instituto de Física Gleb Wataghin, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com orientação de Assis e Bolsa da FAPESP.
Na primeira parte, os autores fazem uma análise histórica do caminho percorrido pelo físico André-Marie Ampère para desenvolver a fórmula de força entre elementos de corrente. Realizam um resgate filosófico e histórico da construção da eletrodinâmica, trazendo debates e contribuições de outros cientistas da época, como Jean-Baptiste Biot, Michael Faraday e Siméon-Denis Poisson.
A segunda parte do livro traz a tradução integral e comentada da principal obra de Ampère: Théorie des Phénomènes Électro-dynamiques, Uniquement Déduite de l'Expérience (Teoria dos Fenômenos Eletrodinâmicos, Deduzida Unicamente da Experiência). Assis já havia sido contemplado com o Prêmio Jabuti em 1996 com o livro Eletrodinâmica de Weber (Editora Unicamp).
O segundo lugar na categoria “Ciências Exatas” de 2012 ficou com Química medicinal: métodos e fundamentos em planejamento de fármacos (Edusp), organizado por Carlos A. Montanari, do Instituto de Química de São Carlos, da USP.
O livro, que também contou com apoio da FAPESP, aborda de modo didático, ordenado e com referências bibliográficas atuais os fundamentos e os métodos da química medicinal moderna, ciência que congrega conhecimentos da biofísica, biologia molecular, bioquímica, clínica médica e outras áreas afins.
O conteúdo ajuda a entender os modos de ação de fármacos já existentes e busca facilitar o desenvolvimento da gênese planejada de fármacos, necessária para a descoberta de novas substâncias químicas bioativas.
Além de editar e organizar a obra, Montanari contribuiu com quatro de seus 19 capítulos. Os outros autores são Adriano Andricopulo, Eliezer Barreiro, Maria Goulart, Ivan Pitta, Quezia Cass, Albérico B.F. da Silva, Anderson Gaudio, J. D. Figueroa Villar, Marcia Ferreira, Magaly Albuquerque, Arlene Correa, Paulo Costa, Maria Fátima Silva, Andrei Leitão, Glaucius Oliva, Ricardo Bicca de Alencastro e Paulo C. Vieira.
Arquitetura e Comunicação
O segundo colocado na categoria “Arquitetura e Urbanismo”, Warchavchik fraturas da vanguarda (Cosac & Naify), de José Lira, também contou com apoio da FAPESP.
Com mais de 350 imagens entre fotos, documentos e projetos, a obra traz uma biografia do arquiteto Gregori Warchavchik, desde suas raízes ucranianas passando pela formação artística na Itália, até sua chegada em 1923 ao Brasil, onde atuou até os anos 1960.
Lira apresenta uma releitura do momento vanguardista, inserindo a obra de Warchavchik em um triângulo de forças com Mário de Andrade e Lucio Costa, como vértices do modernismo no Brasil.
Na categoria “Comunicação”, o primeiro lugar ficou com O império dos livros: instituições e práticas de leitura na São Paulo Oitocentista (Edusp), de Marisa Midori Deaecto, docente do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.
Em segundo lugar ficou Repressão e resistência: censura a livros na Ditadura Militar (Edusp), de Sandra Reimão, professora da Escola de Artes e Ciências Humanas e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da ECA-USP.
A cerimônia de premiação do Jabuti está marcada para 28 de novembro, quando serão anunciados os ganhadores dos prêmios de melhor “Livro de Ficção” e “Livro de Não Ficção” de 2012.
Concorrem ao prêmio de melhor “Livro de Não Ficção” os primeiros colocados nas categorias Teoria/Crítica Literária, Reportagem, Ciências Exatas, Tecnologia e Informática, Economia e Negócios, Direito, Biografia, Ciências Naturais, Ciências da Saúde, Ciências Humanas, Didático e Paradidático, Educação, Psicologia e Psicanálise, Arquitetura e Urbanismo, Fotografia, Comunicação, Artes, Turismo e Hotelaria e Gastronomia.
Mais informações: www.premiojabuti.com.br
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