Em palestra na FAPESP, ministro britânico afirma que conferência sobre mudanças climáticas em Copenhague já gerou efeitos positivos e ainda poderá levar a um acordo (Foto: Eduardo Cesar)
Em palestra na FAPESP, ministro britânico afirma que conferência sobre mudanças climáticas em Copenhague já gerou efeitos positivos e ainda poderá levar a um acordo
Em palestra na FAPESP, ministro britânico afirma que conferência sobre mudanças climáticas em Copenhague já gerou efeitos positivos e ainda poderá levar a um acordo
Em palestra na FAPESP, ministro britânico afirma que conferência sobre mudanças climáticas em Copenhague já gerou efeitos positivos e ainda poderá levar a um acordo (Foto: Eduardo Cesar)
Por Fábio de Castro
Agência FAPESP – A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15), que será realizada em dezembro em Copenhague (Dinamarca), trará resultados positivos para a mitigação do aquecimento global, de acordo com Hilary Benn, ministro de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido.
Benn, que deu uma palestra sobre desenvolvimento sustentável, agricultura e mudanças climáticas na segunda-feira (16/11), na sede da FAPESP, expressou otimismo em relação à COP15, ainda que na véspera líderes de diversos países tenham descartado a possibilidade de chegar a um acordo concreto sobre metas de redução de gases de efeito estufa durante o encontro na Dinamarca.
Participaram do evento Fábio Feldmann, representante do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas e Biodiversidade, e os pesquisadores Marcos Buckeridge, Daniel Hogan e Carlos Joly, integrantes das coordenações dos programas FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais e do Biota-FAPESP, respectivamente.
Segundo Benn, nenhuma outra tarefa é tão importante para a humanidade na atualidade como um acordo na conferência. “Chegar a um acordo capaz de definir um pico para as emissões de gases de efeito estufa e estabelecer metas concretas para manter o aumento médio da temperatura abaixo dos 2º C seria a decisão fundamental. É uma missão difícil, mas não há outra mais importante.”
Segundo ele, embora líderes de países como Estados Unidos e China tenham recuado na decisão de estabelecer metas obrigatórias ainda em dezembro, a reunião de Copenhague ainda poderá levar a um acordo. E já gerou efeitos positivos.
“O simples fato de termos a reunião marcada, estabelecendo um prazo para as discussões, nos forçou a concentrar esforços. E isso já está alterando nossas políticas. Basta observar as mudanças de atitude ocorridas nos Estados Unidos, no Japão e na China nos últimos tempos”, disse.
Outra consequência antecipada da reunião, de acordo com Benn, é a Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC), lançada pelo governo de São Paulo no dia 9, que tem como meta a redução, em todos os setores da economia, de 20% da emissão de gases de efeito estufa até 2020, tendo por base o ano de 2005. Na mesma linha, no dia 13 o governo federal anunciou a proposta de reduzir as emissões de dióxido de carbono em todo o país entre 36,1% e 38,9% até 2020.
“Uma liderança de primeira qualidade como o Brasil estabeleceu, na última semana, compromissos rigorosos que, sem dúvida, ajudarão a pressionar outras nações no sentido de estabelecer metas. O Reino Unido também assumiu compromisso semelhante. Tudo isso mostra que as peças do que poderia compor um acordo já existem. Precisamos de vontade política para que possamos colocar essas peças no lugar”, afirmou.
Para Benn, não há espaço para pessimismo. “Se eu dissesse há 20 anos que conseguiríamos introduzir no Reino Unido uma legislação para mudanças climáticas e redução de emissões de dióxido de carbono, ninguém iria acreditar. Mas a sociedade compreendeu a necessidade de fazer isso e pressionou o governo. O mesmo está ocorrendo no Brasil. O caminho é esclarecer a opinião pública a partir de avaliações científicas e, em conjunto, estimular e pressionar por mudanças. Mas precisamos entrar nas discussões com otimismo”, defendeu.
De acordo com o ministro britânico, o Brasil está emergindo como uma potência ambiental mundial e, por isso, tem sido procurado pelo Reino Unido como parceiro na busca de respostas à questão mais premente da atualidade: como viver de modo sustentável no planeta.
“Buscamos essa parceria especialmente porque o Brasil – com participação fundamental da FAPESP – produz pesquisa de classe mundial sobre as mudanças climáticas, a bioenergia e a biodiversidade. Essa excelência na pesquisa tem gerado uma interação riquíssima entre as duas nações”, afirmou.
Relatório Stern
Segundo o ministro de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido, a discussão sobre a questão do clima avançou muito no Reino Unido a partir da publicação do Relatório Stern, em 2006.
Coordenado pelo economista Nicholas Stern a pedido do governo britânico, o relatório analisou os impactos econômicos das mudanças climáticas e concluiu que, com um investimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, pode-se evitar a perda de 20% do PIB em 50 anos.
“Temos que fazer o mesmo com a biodiversidade. As pessoas só dão importância àquilo que tem uma etiqueta com preço. No caso do clima, não causa surpresa que os empresários tenham optado pela alternativa mais barata – que é mitigar os efeitos das mudanças climáticas. É preciso que compreendam também a vantagem de preservar a biodiversidade”, afirmou.
De acordo com Benn, existem três tipos de capital: financeiro, humano e natural. Enquanto o capital humano aumenta sem parar – com a população cada vez maior e mais educada –, o capital financeiro oscila, sujeito a crises, e o capital natural está em franco declínio.
“A perda de capital natural do desmatamento chega a trilhões de dólares por ano. É uma conta cara. Mas o custo mais pesado recai sobre os mais pobres, que dependem mais dos recursos naturais. É preciso compreender que não há uma competição entre desenvolvimento e meio ambiente. A economia não será sustentável sem um ambiente saudável”, disse.
Para Benn, a viabilidade da espécie humana está atrelada à adaptação às mudanças climáticas. “A humanidade está cada vez mais interconectada com problemas globais de meio ambiente e saúde. Charles Darwin nos ensinou que não são os mais fortes ou os mais inteligentes que sobreviverão à seleção natural, mas sim aqueles que são mais adaptáveis às mudanças”, destacou.
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