Hilda Hilst Viva
07 de agosto de 2006

A literata Cristiane Grando, especialista na obra de Hilda Hilst (1930-2004), acaba de produzir um DVD sobre a escritora e poetisa brasileira. O objetivo do documento visual, que tem 28 minutos de duração, é divulgar a vida da personagem para o público em geral

Hilda Hilst Viva

A literata Cristiane Grando, especialista na obra de Hilda Hilst (1930-2004), acaba de produzir um DVD sobre a escritora e poetisa brasileira. O objetivo do documento visual, que tem 28 minutos de duração, é divulgar a vida da personagem para o público em geral

07 de agosto de 2006

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Nas palavras de Cristiane Grando, doutora em literatura pela Universidade de São Paulo, Hilda Hilst (1930-2004) é uma das vozes fundamentais da literatura brasileira do século 20. Para a pesquisadora brasileira, que está fazendo um pós-doutorado sobre a obra da poetisa e escritora brasileira na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Hilda foi uma das mulheres mais originais de sua época.

Para mostrar ao público a personalidade marcante da autora, que escreveu poemas, textos ficcionais e peças de teatro, Cristiane resolveu criar um DVD. O título Hilda Hilst: Casa do Sol Viva remete também o espectador para a propriedade da família, onde a escritora vivia desde os anos 1960. Na chácara herdada da mãe, a 11 km de Campinas, chamada Casa do Sol, Hilda costumava receber a visita de amigos, entre eles escritores, artistas, críticos e cientistas.

"Não havia nenhum documento visual de curta duração para apresentar rapidamente a autora, como introdução de uma palestra ou aula, por exemplo. Então resolvi produzir esse documentário, com 28 minutos de duração, para que os estudantes possam ter contato visual com a autora e a Casa do Sol", explica Cristiane à Agência FAPESP.

O documento visual, custeado pela própria autora, que já distribuiu todas as 20 primeiras cópias para universidades e escolas, foi feito em parceria com o poeta chileno Leo Lobos e o fotógrafo brasileiro Edson Souza. Segundo Cristiane, o site da Unicamp vai disponibilizar em breve todo o documentário na íntegra. "Fizemos isso quase como um hobby, nos finais de semana, mas a procura está sendo muito grande", explica a estudiosa, que inclusive difunde a obra de Hilda no exterior.

Reconhecimento necessário

Documentos como o produzido agora, para mostrar a vida e a obra de Hilda, ajudam bastante a difundir a imagem e os textos da autora para o grande público. Grande sucesso de crítica, os livros da escritora brasileira nunca atingiram grandes tiragens.

"Ela era muito conhecida, mas sua obra não. Além do aspecto escandaloso, há a dificuldade do texto. Escrevia de maneira original, com uma pontuação particular e o uso de muitos aspectos experimentais, como, por exemplo, prosas que terminam na forma de poesias", disse Alcir Bernárdez Pécora, professor do Departamento de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, à Agência FAPESP, na época da morte de Hilda, em fevereiro de 2004.

O pesquisador da Unicamp foi o responsável pela organização da obra completa da autora para a Editora Globo, em 2001. "Ela teve uma capacidade única de articulação entre o baixo e o alto, entre o obsceno e o metafísico", afirma Pécora. Além dos textos, que escrevia de forma febril, Hilda tinha muitos outros interesses.

Gostava de ciências exatas, por exemplo. Em sua casa, vivia rodeada por pilhas de livros de física, filosofia ou matemática, com os quais procurava refletir sobre questões como a imortalidade da alma. Foi amiga de cientistas renomados, como César Lattes, Newton Bernardes e Mário Schemberg. Também viveu cercada de cachorros, outra paixão.

Sua notável beleza chamou a atenção de poetas, como Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes e Manuel Bandeira. Os atores Marlon Brando e Dean Martin fazem parte da lista de namorados famosos. Foi casada com o escultor Dante Casarini, com quem viveu por alguns anos. Não teve filhos.


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