Estudo analisa concepções de design de produtos e soluções improvisadas e aponta que um pode inspirar o outro se o objetivo é suprir necessidades específicas (foto: divulgação)
Estudo analisa concepções de design de produtos e soluções improvisadas e aponta que um pode inspirar o outro se o objetivo é suprir necessidades específicas dos indivíduos
Estudo analisa concepções de design de produtos e soluções improvisadas e aponta que um pode inspirar o outro se o objetivo é suprir necessidades específicas dos indivíduos
Estudo analisa concepções de design de produtos e soluções improvisadas e aponta que um pode inspirar o outro se o objetivo é suprir necessidades específicas (foto: divulgação)
Agência FAPESP - Um substantivo feminino que se refere a uma extensão elétrica com uma lâmpada na ponta e geralmente empregada de modo fraudulento. A definição de "gambiarra" nos dicionários sugere um serviço improvisado e mal feito. Entretanto, caso a proposta seja adaptada em escala industrial, pode assumir um conceito de design e ser valorizado como tanto. O inverso também ocorre, quando um design adaptado é considerado como simples gambiarra.
Um exemplo de gambiarra que virou produto é o benjamim (ou T), como lembra o designer Rodrigo Boufleur, autor da dissertação de mestrado A questão da gambiarra, apresentada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP). Antes dele, para ligar vários equipamentos eletrônicos em uma mesma tomada era necessário fazer adaptações e remendos nas fiações dos aparelhos.
"Automóveis antigos podem ser usados para o exemplo inverso. Devido à escassez de peças, às vezes é necessário recorrer a alguma adaptação quando algum componente se quebra", disse Rodrigo Boufleur à Agência FAPESP.
Para desmistificar preconceitos que envolvem os dois conceitos, Boufleur argumenta que as duas atividades, apesar de antagônicas, têm concepções bem próximas. Segundo ele, se a idéia é criar artefatos para atender às necessidades das pessoas, a gambiarra, assim como o design, também tem importância fundamental.
O pesquisador analisou a literatura sobre design de produtos, visitou instituições, realizou pesquisas de campo e enumerou motivos que levam à criação de objetos que resultam em gambiarras. Um dos destaques veio de uma organização não-governamental no Rio de Janeiro que se dedica a adaptar artefatos para pessoas com deficiência física.
A instituição tem um departamento específico para a produção desse tipo de artefato. "A responsável é uma designer formada em desenho industrial. Como cada deficiente tem uma restrição física peculiar, são desenvolvidos produtos personalizados que, por não serem feitos em escala industrial, aproximam-se do conceito de gambiarra", explica Boufleur, lembrando que, nesse caso, os motivos que levaram à gambiarra seriam as necessidades de locomoção e mobilidade.
A questão financeira e os consertos improvisados são outros dois motivos que levam a uma gambiarra, ao lado da necessidade de estender a vida útil dos produtos. Apesar disso, enquanto o design é visto como uma ferramenta de glamour ou de estética, a gambiarra é entendida como algo feio ou remendado.
"Mas a gambiarra pode trazer um benefício bem maior que o design em termos de utilidade e solução de problemas. Até mesmo do ponto de vista ambiental, pois muitos objetos descartados no espaço urbano podem ser reaproveitados em processos de design direcionado", afirmou o pesquisador.
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