Fumo e distúrbios psiquiátricos
02 de março de 2006

Estudo feito por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP reforça a estreita relação do tabagismo com abuso de drogas e transtornos como depressão e esquizofrenia

Fumo e distúrbios psiquiátricos

Estudo feito por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP reforça a estreita relação do tabagismo com abuso de drogas e transtornos como depressão e esquizofrenia

02 de março de 2006

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Não é novidade que o tabagismo pode causar grandes prejuízos à saúde, mas um estudo feito no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) reforça a idéia de que o cigarro tem a capacidade de afetar também a saúde mental dos indivíduos.

A principal conclusão da pesquisa de revisão bibliográfica feita por Hercílio da Oliveira Jr. e André Malbergier, do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (Grea) da FMUSP, é que a incidência de doenças mentais é mais evidente nos fumantes do que no restante da população.

Os pesquisadores fizeram um levantamento em mais de 70 artigos da base de dados internacional Medline. "Priorizamos os artigos mais recentes e que apresentaram melhor metodologia", disse Oliveira Jr. à Agência FAPESP.

Os autores fizeram a associação de palavras-chave, em inglês, como "fumo" ou "dependência de nicotina", com termos que representam comorbidades psiquiátricas, como "depressão" e "esquizofrenia". No cruzamento de "fumo" e "depressão" foram encontradas 1.469 referências.

"Esse é um número considerado muito alto e que nos mostra uma via de mão dupla. Em primeiro lugar, indica que o tabagismo predispõe o indivíduo a algumas doenças psiquiátricas", disse Oliveira Jr.

"Por outro lado, os indivíduos que já apresentam doenças mentais fumam muito mais do que outros fumantes que não sofrem nenhum tipo de desvio psiquiátrico", conta. "Essas pessoas ficam mais dependentes da nicotina. Nesse caso o cigarro tem um efeito calmante e serve para aliviar a ansiedade."

Além da depressão, a revisão literária associou a palavra "fumo" com outros transtornos, como "pânico", "transtorno de déficit de atenção e hiperatividade", "esquizofrenia" e "abuso de drogas". Os resultados foram, respectivamente, 57, 181, 364 e 6.774 referências nos artigos analisados.

A associação entre tabagismo e abuso de drogas foi bem maior do que a depressão. "Isso comprova um velho modelo, que também é foco de muitos estudos, no qual o uso do cigarro pode ser a porta de entrada para outras substâncias. Os artigos apontam que aqueles que fumam cigarro têm uma predisposição muito maior de se viciar em drogas mais pesadas", diz Oliveira Jr.

Os resultados da análise de Oliveira Jr. e Malbergier foram publicados na Revista de Psiquiatria Clínica. Para ler o artigo Dependência de tabaco e comorbidade psiquiátrica, disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.