Segundo pesquisadores da USP, esses indicadores podem orientar o cuidado preventivo com indivíduos mais vulneráveis e também a reabilitação de sobreviventes com sequelas da doença (foto: Saúde/Governo do Tocantins)

Força e massa muscular podem ajudar a prever o tempo de internação por COVID-19, sugere estudo
14 de abril de 2021
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Segundo pesquisadores da USP, esses indicadores podem orientar o cuidado preventivo com indivíduos mais vulneráveis e também a reabilitação de sobreviventes com sequelas da doença

Força e massa muscular podem ajudar a prever o tempo de internação por COVID-19, sugere estudo

Segundo pesquisadores da USP, esses indicadores podem orientar o cuidado preventivo com indivíduos mais vulneráveis e também a reabilitação de sobreviventes com sequelas da doença

14 de abril de 2021
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Segundo pesquisadores da USP, esses indicadores podem orientar o cuidado preventivo com indivíduos mais vulneráveis e também a reabilitação de sobreviventes com sequelas da doença (foto: Saúde/Governo do Tocantins)

 

Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – Estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) avaliou 186 indivíduos hospitalizados com COVID-19 moderada ou grave e identificou que aqueles que tinham mais força e massa muscular tendiam a permanecer menos tempo internados. Os resultados, portanto, sugerem que esses indicadores podem ajudar a prever o tempo de internação pela doença.

“Eles podem ser úteis para um trabalho preventivo com indivíduos com maior risco de agravamento, ao mesmo tempo que indicam onde haverá uma possível necessidade de atenção no manejo dos sobreviventes com sequelas da COVID-19. Isso significa tornar indivíduos com menos massa e força muscular e, portanto, mais vulneráveis, mais aptos a enfrentarem uma potencial internação. Quanto menor a força e a massa muscular, maior é a chance de o indivíduo ter complicações. Isso pode ser generalizado para uma série de condições, e agora mostramos ser potencialmente válido também para a COVID-19”, afirma Hamilton Roschel, autor do estudo e um dos coordenadores do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) e da Faculdade de Medicina (FM) da USP.

Os dados completos da pesquisa, que contou com apoio da FAPESP, foram divulgados na plataforma medRxiv, em artigo ainda sem revisão por pares.

No estudo, os pesquisadores mediram a força muscular dos pacientes assim que eles deram entrada no hospital, por meio de um equipamento que mede a força de preensão manual (medida que tem uma boa correlação com força global). Para aferir a massa muscular, foi utilizado um aparelho de ultrassom. A partir da imagem do músculo, mediu-se sua área de secção transversa.

Envelhecimento e condições crônicas, como diabetes tipo 2, são fatores que aumentam o risco de desenvolver formas graves de COVID-19. No entanto, ressaltam os pesquisadores, indivíduos jovens e aparentemente mais saudáveis também podem precisar de hospitalização e até mesmo virem a óbito por causa da doença. "Isso sugere a existência de características clínicas ainda desconhecidas associadas ao prognóstico de COVID-19. Parâmetros de força e massa muscular são potenciais candidatos para isso", diz.

O músculo esquelético constitui cerca de 40% da massa corporal total de uma pessoa e tem papel importante em diferentes processos fisiológicos, como resposta imunológica, regulação dos níveis de glicose, síntese de proteínas e metabolismo. Estudos anteriores já haviam apontado a força e a massa muscular como preditores para tempo de internação no geral, o que foi confirmado pelos pesquisadores da USP também para casos de COVID-19.

“Não estamos sugerindo, no entanto, usar essas medidas em detrimento de outros marcadores bioquímicos já consagrados para o prognóstico da doença, como saturação e proteína C reativa, entre outros. A informação de massa e força muscular será ainda mais importante para tratar os sobreviventes, que podem apresentar sequelas”, afirma Roschel.

Reabilitação de sobreviventes

A recuperação de pacientes que sobreviveram à COVID-19 e desenvolveram uma grande variedade de sequelas é um problema que desponta entre tantos causados pela pandemia. Segundo especialistas, a sindemia – como tem sido chamada a pandemia de síndrome pós-COVID que se anuncia – também representará uma carga grande ao sistema de saúde.

“Os mais comprometidos parecem ser os pacientes que ficam mais tempo no hospital. Essa longa permanência está associada a uma sequência de eventos negativos e isso tem que ser pensado do ponto de vista do tratamento geral da doença. Quando os casos baixarem, a questão da reabilitação desses sobreviventes vai ser o maior problema que precisaremos enfrentar”, diz.

O grupo está realizando um outro estudo que vai analisar o quanto força e massa muscular podem ser afetadas pela internação. “Temos pacientes que chegam a perder mais de 30 quilos durante o período no hospital, mal conseguem andar depois da alta. Com esse estudo, será possível analisar em que medida o tempo de internação compromete a funcionalidade do paciente. A partir desses resultados teremos repercussões muito importantes para a reabilitação. Já existe uma demanda grande”, afirma.

O artigo Muscle Strength and Muscle Mass as Predictors of Hospital Length of Stay in Patients with Moderate to Severe COVID-19: A Prospective Observational Study pode ser lido em www.medrxiv.org/content/10.1101/2021.03.30.21254578v1.
 

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