Marcio de Castro, diretor científico da FAPESP, Helena Nader, presidente da ABC, e Adriano Andricopulo, presidente da Aciesp (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)

Fomento à pesquisa
FAPESP celebra os 30 anos do Programa Jovens Pesquisadores
10 de novembro de 2025

A história de uma das modalidades de fomento de maior sucesso e competitividade da Fundação foi descrita em livro, lançado na quinta-feira (06/11). Evento reuniu ex-beneficiários do programa que hoje ocupam posição de destaque no cenário de pesquisa nacional

Fomento à pesquisa
FAPESP celebra os 30 anos do Programa Jovens Pesquisadores

A história de uma das modalidades de fomento de maior sucesso e competitividade da Fundação foi descrita em livro, lançado na quinta-feira (06/11). Evento reuniu ex-beneficiários do programa que hoje ocupam posição de destaque no cenário de pesquisa nacional

10 de novembro de 2025

Marcio de Castro, diretor científico da FAPESP, Helena Nader, presidente da ABC, e Adriano Andricopulo, presidente da Aciesp (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)

 

Karina Toledo | Agência FAPESP – Criado para atrair e fixar talentos científicos no Estado de São Paulo e descentralizar o sistema estadual de ciência e tecnologia, o Programa Jovens Pesquisadores (JP) da FAPESP completa este ano três décadas de existência. Ao longo desse período, se consolidou como uma das modalidades de fomento de maior sucesso e competitividade da Fundação.

Desde 1995, a iniciativa já garantiu apoio a quase 2 mil cientistas que vivenciavam o momento decisivo de transição entre o pós-doutorado e o início da carreira como pesquisadores independentes, concedendo recursos materiais para que pudessem montar seu próprio laboratório, além de autonomia para conduzir projetos ousados e inovadores.

Parte dessa história é descrita no livro Jovens Pesquisadores – uma ideia que deu certo, lançado na tarde de quinta-feira (06/11) em evento realizado na sede da FAPESP. Além de um breve histórico do programa, a obra traz análises de dirigentes da FAPESP sobre sua contribuição para o fortalecimento da ciência paulista e depoimentos de 35 ex-beneficiários desta modalidade de fomento que hoje ocupam posição de destaque no cenário nacional de pesquisa.

“O programa JP, como ficou conhecido, é exemplo de uma boa ideia que deu muito certo. Boa parte de vocês, reunidos no auditório da FAPESP hoje, são prova desse sucesso”, afirmou Marco Antonio Zago, presidente da Fundação, em vídeo apresentado no início do evento.

A cerimônia de abertura contou com a presença do diretor científico da FAPESP, Marcio de Castro, da presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader, e do presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), Adriano Andricopulo.

Em sua fala, Castro lembrou que o JP foi criado para responder a um desafio premente em meados da década de 1990: assegurar que recém-doutores com ideias inovadoras e energia criadora, que retornavam ao país após concluir sua formação no exterior, pudessem estabelecer suas próprias linhas de pesquisa de maneira independente, em um ambiente competitivo e de excelência.

“O JP contribuiu para disseminar a pesquisa de ponta, estimulando a criação de novos núcleos de excelência em instituições que até então tinham pouca tradição em pesquisa. Ao fazer isso, a FAPESP ajudou a reduzir as desigualdades regionais e a ampliar a base científica paulista. Diversificando temas, instituições e perspectivas”, avaliou o diretor científico.

Castro também apresentou resultados de um estudo elaborado pela FAPESP, a pedido do Conselho Superior, que ilustram o impacto do JP na carreira dos apoiados e no sistema de ciência e tecnologia paulista. O levantamento comparou dados dos 1.805 pesquisadores beneficiados pelo programa até agosto de 2025 com os de cientistas que solicitaram o fomento, mas tiveram o pedido denegado.

Os apoiados têm idade média entre 35 e 40 anos e cerca de 90% atuam em instituições de ensino e pesquisa. As principais áreas são: Saúde (27,5%), Exatas (22,9%), Biológicas (19,2%), Engenharias (12,6%), Ciências Humanas e Sociais (9,3%) e Agrárias (7,8%). Em média, a remuneração dos apoiados pelo programa é 25% maior que a do grupo que teve o projeto denegado. Já a média de artigos publicados é 40% maior entre os beneficiários, enquanto a de citações ultrapassa a dos não apoiados em 75%.


Dario Zamboni, Gustavo Dalpian, Alessandra Alves de Souza e Carlos Cerri (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)

“Em tempo de rápidas mudanças tecnológicas e desafios globais sem precedentes, é essencial garantir que os jovens cientistas continuem encontrando em São Paulo as condições e os incentivos necessários para desenvolver ideias originais de alto impacto. A FAPESP renova hoje seu compromisso com essa missão”, disse Castro.

Na sequência, a presidente da ABC lembrou que o JP foi inspirado em uma iniciativa lançada poucos anos antes pela Universidade de São Paulo (USP) e idealizada pelo então pró-reitor de Pesquisa, Erney Plessmann de Camargo: o Programa Jovens Talentos. Por meio de um edital publicado na revista Nature em abril de 1992, a USP reuniu currículos de 400 pesquisadores brasileiros em vias de doutoramento ou recém-doutorados com experiência internacional que poderiam ser contratados como professores colaboradores, com capacidade para atuar como líderes de pesquisa e ensino, por um prazo determinado. Cerca de 40 chegaram a ser contratados.

“Isso foi uma revolução. Era um pensar diferente. Então, Erney, onde você estiver, não só o que você fez deu certo como, anos depois, a FAPESP criou um programa que está aqui há 30 anos. No Brasil, tradição é difícil. E [tradição] que dá certo, é mais difícil ainda”, pontuou.

Nader também ressaltou que a FAPESP criou recentemente variações do programa JP “mais adequadas ao século 21”, como é o caso do Programa Geração – para cientistas em início de carreira sem vínculo empregatício – e do Programa Projeto Inicial (PI) – para recém-contratados em instituições de pesquisa do Estado de São Paulo.


Tathiane Malta, Fabiana Komesu, Margaret de Castro, Lídia Rebolho Arantes e Rafael Silva Rocha (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)

Já Andricopulo, que liderou um projeto JP entre 2002 e 2006, afirmou em sua fala que o programa da FAPESP foi “um divisor de águas” em sua trajetória. Aos jovens pesquisadores de hoje, destacou que, mais do que uma oportunidade individual, iniciativas como esta são um convite à responsabilidade coletiva em um momento em que a ciência é chamada a responder a problemas complexos, em áreas como saúde, mudanças climáticas, energia, segurança alimentar, inclusão social e transformação digital, entre outras.

“Responsabilidade de formar novas gerações e construir ambientes de pesquisa éticos, inclusivos e colaborativos. Responsabilidade de dialogar com a sociedade e comunicar a ciência com clareza. Responsabilidade de utilizar o conhecimento não apenas para avançar fronteiras acadêmicas, mas também para melhorar a vida das pessoas”, acrescentou.

A cerimônia de abertura foi seguida por duas mesas de debate, que reuniram ex-beneficiários do programa JP. Participaram Gustavo Dalpian (IF-USP), Alessandra Alves de Souza (Instituto Agronômico), Carlos Eduardo Pellegrino Cerri (Esalq-USP), Dario Zamboni (FMRP-USP), Margaret de Castro (FMRP-USP), Fabiana Komesu (Ibilce-Unesp), Lídia Rebolho Arantes (Hospital de Amor), Rafael Silva Rocha (CEO da startup ByMyCell) e Tathiane Malta (FMRP-USP). A uma plateia composta em sua maioria por cientistas iniciantes, os debatedores falaram sobre como consolidar uma carreira científica independente.

Diplomação de novos membros da Aciesp

Em cerimônia realizada na quinta-feira pela manhã, também no auditório da FAPESP, a Aciesp diplomou os 19 novos Membros Titulares eleitos em 2025, além de cinco novos Membros Afiliados, que terão mandato de cinco anos (2025-2029). A lista completa pode ser conferida em: https://aciesp.org.br/novos-membros-da-aciesp-eleicao-2025/.

Além de Marcio de Castro, Helena Nader e Adriano Andricopulo, a abertura do evento contou com a presença de Vahan Agopyan, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, que destacou em sua fala a importância de mostrar à sociedade que a ciência é imprescindível para o desenvolvimento.

“A ABC e a Aciesp foram criadas para debater ideias e exercer a multidisciplinaridade. Então, era muito bom para nós, além de ser prestigioso. Mas no século 21 as coisas estão muito mais complicadas, muito mais complexas. A ciência precisa ser ouvida. Mas nós não podemos imaginar que ela vai ser ouvida se a sociedade não entender a nossa função”, ponderou Agopyan.

Na avaliação do secretário, a FAPESP tem contribuído para esse desafio por meio de programas como o Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCDs). “Estão demonstrando que, se o governo tem algum problema, conseguimos resolver por meio da ciência. E para minha alegria, este ano o resultado foi fantástico: 13 secretarias se interessaram, superando as minhas expectativas. É um jeito de os políticos entenderem para que serve a ciência”, afirmou.
 

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