O programa de extensão cooperativa para profissionais em início de carreira foi realizado pela primeira vez no Brasil (fotos: Julia Moióli/Agência FAPESP)

Câncer
Evento voltado a jovens cientistas debate tendências e inovações da pesquisa em oncologia
21 de fevereiro de 2024

Promovido pela Associação Americana para Pesquisa do Câncer e pela USP, o AACR on Campus Brazil teve início na segunda-feira. Também nesse dia foi inaugurado o Centro de Estudos e Tecnologias Convergentes para Oncologia de Precisão, com sedes no Icesp e no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto

Câncer
Evento voltado a jovens cientistas debate tendências e inovações da pesquisa em oncologia

Promovido pela Associação Americana para Pesquisa do Câncer e pela USP, o AACR on Campus Brazil teve início na segunda-feira. Também nesse dia foi inaugurado o Centro de Estudos e Tecnologias Convergentes para Oncologia de Precisão, com sedes no Icesp e no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto

21 de fevereiro de 2024

O programa de extensão cooperativa para profissionais em início de carreira foi realizado pela primeira vez no Brasil (fotos: Julia Moióli/Agência FAPESP)

 

Julia Moióli | Agência FAPESP – Discutir as principais fronteiras da pesquisa em câncer, com destaque para as necessidades e perspectivas de diagnóstico e tratamento e, assim, treinar o pesquisador que fará a diferença no futuro. Esse é o objetivo do evento “AACR on Campus Brazil”, um programa de extensão cooperativa para profissionais em início de carreira promovido pela Associação Americana para Pesquisa do Câncer (AACR, na sigla em inglês) e pela Universidade de São Paulo (USP) nas cidades de São Paulo e Ribeirão Preto. A programação teve início nesta segunda-feira (19/02) e segue até sexta (23/02).

“A ideia central é reforçar a educação conjunta e integrada de diferentes grupos que são absolutamente essenciais para trazermos as novidades tecnológicas para o campo da atuação e crescer progressivamente de maneira mais orgânica e harmônica, com cada área aprendendo com os erros e acertos uma da outra e sem que algumas se desenvolvam a um passo muito diferente das demais”, disse à Agência FAPESP Roger Chammas, diretor do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e um dos organizadores do encontro. “Precisamos formar uma nova geração de pesquisadores que integre diferentes áreas; uma abordagem em que o pesquisador do laboratório esteja afeito à atividade clínica e o clínico esteja afeito à atividade em laboratório. Ambos devem entender as limitações e oportunidades tanto da pesquisa básica quanto do sistema de saúde”, acrescentou.

A abertura do evento, realizada no Icesp, contou com a participação remota de Miriam Merad, diretora do Instituto de Imunologia de Precisão na Escola de Medicina Mount Sinai e do Centro de Monitoramento Imunológico Humano Mount Sinai, ambos nos Estados Unidos. A especialista falou sobre o papel do evento em reduzir as lacunas na ciência por meio de parcerias globais, com destaque para a qualidade das mulheres na formação médica e científica.

“Houve avanços extraordinários na compreensão da biologia, mas esse conhecimento permanece confinado a algumas partes do mundo. Há ainda lacunas no desenvolvimento de medicamentos, com uma representação excessiva de pacientes de ascendência europeia nos ensaios e no acesso às terapias, especialmente a imunoterapia, concentradas em sua maioria nos países de alta renda.”

Sobre a realização do encontro no Brasil, afirmou: “É fundamental que pensemos coletivamente sobre como aproveitar o talento brasileiro para construir uma estrutura que preencha as lacunas”.

“O Brasil é único em muitos aspectos. Os programas de imunologia no país produziram alguns dos melhores imunologistas do mundo. Também há populações únicas de pacientes com câncer, em decorrência de fatores genéticos, exposição ambiental e dieta. Há, portanto, grandes oportunidades de descobertas de novos alvos imunológicos.”

Na sequência, Thomas Marron, diretor de ensaios clínicos de fase inicial e imunoterapia no Tisch Cancer Institute da Escola de Medicina Icahn (Estados Unidos), tratou da diversidade do sistema imune humano e da necessidade de diagnosticar seus estados com cada vez mais precisão para a manutenção da saúde em geral, com um recorte específico para o câncer, levando ao desenvolvimento e reaproveitamento de imunoterapias.

Renata Pasqualini, professora e chefe da Divisão de Biologia do Câncer do Departamento de Oncologia de Radiação da Universidade Rutgers em Nova Jersey (Estados Unidos), discutiu a descoberta de novas formas de tratamentos.

O primeiro dia também contou com palestras sobre análise genômica do câncer e sobre como otimizar a dosagem de fármacos em ensaios clínicos. No segundo dia (20/02), também no Icesp, as apresentações tiveram como foco o desenvolvimento de habilidades profissionais em colaboração e condução de pesquisa. Os palestrantes falaram como publicar em revistas da área, como obter financiamento e sobre integridade na pesquisa em oncologia, entre outros temas.

A programação continua hoje (21/02), na sede da FAPESP. Amanhã (22/02) e sexta-feira (23/02) as palestras serão apresentadas no Hemocentro de Ribeirão Preto.

Oncologia de precisão

O primeiro dia do AACR on Campus Brazil também foi marcado pela inauguração do Centro de Estudos e Tecnologias Convergentes para Oncologia de Precisão da USP (Comprehensive Center for Precision Oncology – C2PO), que combinará educação e pesquisa para fomentar a descoberta de novas formas de diagnóstico e tratamento do câncer no Estado de São Paulo, além de formar e treinar profissionais no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Com foco na oncologia de precisão, que visa a oferecer os melhores diagnóstico e tratamento para cada grupo de pacientes, o centro deve atuar com linhas de pesquisa que envolvam terapias avançadas. Segundo Chammas, um dos objetivos do C2PO é articular todos os pesquisadores da USP que atuam na área de oncologia.

Dois hospitais funcionarão como sede: o Icesp e o Centro de Oncologia do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

Além de Chammas, que vai coordenar o C2PO, e de Leandro Machado Colli, que será o vice-coordenador, também estavam presentes na inauguração os seguintes integrantes do centro: Maria Del Pilar Estevez Diz, diretora de Corpo Clínico do Icesp; Eduardo Magalhães Rego, professor da Faculdade de Medicina (FM-USP); Carlos Alberto Buchpiguel, vice-presidente do Conselho Diretor do Icesp; Paulo Hoff, professor da FM-USP; Maria Lúcia Dagli, professora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ-USP); Edmund Chada Baracat, professor da FM-USP; Ana Paula Lepique, professora do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP); Venâncio Avancini Ferreira Alves, professor da FM-USP; e Ulysses Ribeiro Jr., vice-diretor de Corpo Clínico do Icesp.


 

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