Pesquisadores destacam a importância de estudar os impactos de metais combinados em ambientes aquáticos (imagem: CDMF/divulgação)

Toxicologia
Estudos descrevem o efeito tóxico de metais em organismos marinhos
07 de novembro de 2024

Em três artigos recentes, cientistas vinculados ao Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais alertam para a ação sinérgica das substâncias quando misturadas

Toxicologia
Estudos descrevem o efeito tóxico de metais em organismos marinhos

Em três artigos recentes, cientistas vinculados ao Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais alertam para a ação sinérgica das substâncias quando misturadas

07 de novembro de 2024

Pesquisadores destacam a importância de estudar os impactos de metais combinados em ambientes aquáticos (imagem: CDMF/divulgação)

 

Agência FAPESP* – Pesquisadores vinculados ao Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) têm investigado o impacto de diferentes tipos de metais em organismos marinhos. Parte dos resultados foi divulgada em três artigos recentemente publicados.

Na revista Marine Pollution Bulletin foi descrito um estudo que avaliou a ocorrência de sinergia em 21 misturas binárias dos metais arsênio, cádmio, cobre, ferro, mercúrio, chumbo e zinco e o efeito de cada mistura em colônias de Proales similis, uma espécie animal aquática e microscópica que compõe o chamado zooplâncton.

A pesquisa identificou sinergismos em 20 das 21 misturas em uma das análises (conduzida com o modelo denominado TU50) e em 13 das 21 em outra feita com uma ferramenta (MIXTOX) mais robusta e complexa para interpretação dos dados de misturas de compostos. Os resultados apontam para a importância de uma revisão dos limites legais de presença de cada metal na água, uma vez que o sinergismo amplia seus efeitos, mesmo que cada metal esteja em concentração menor do que os limites estabelecidos.

Outro estudo, “publicado no periódico Chemosphere,” avaliou a toxicidade de nanopartículas de tungstato de zinco numa espécie de microalga. Trata-se, possivelmente, do primeiro trabalho sobre a toxicidade desse material semicondutor em um organismo eucarioto (cujas células apresentam núcleo delimitado por membrana).

Os resultados indicam que o tungstato de zinco é tóxico para a microalga Raphidocelis subcapitata, causando especialmente inibição de crescimento. Isso reforça a necessidade de monitoramento da presença desse material – utilizado inclusive para remediação ambiental – em ambientes aquáticos.

A microalga também aparece no artigo “Isolated and combined effects of cobalt and nickel on the microalga Raphidocelis subcapitata”, publicado na revista Ecotoxicology. O estudo investigou o efeito dos metais cobalto e níquel sobre o organismo marinho.

Os resultados demonstraram que, sozinhos, ambos os metais alteraram o metabolismo da microalga. Misturados, apresentaram efeitos sinergísticos, quando a composição era de uma dose baixa de níquel e uma dose alta de cobalto, e efeitos antagônicos, quando a composição trazia muito níquel e pouco cobalto.

Os pesquisadores do CDMF – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – destacam a importância de estudar os impactos de metais combinados em ambientes aquáticos, uma vez que podem ser diferentes de seus impactos isolados. Lembram ainda que as microalgas são organismos muito sensíveis a contaminantes e estão na base da cadeia trófica, fazendo com que qualquer dano a elas possa atingir níveis tróficos mais altos.

O artigo Toxicity of binary-metal mixtures (As, Cd, Cu, Fe, Hg, Pb and Zn) in the euryhaline rotifer Proales similis: Antagonistic and synergistic effects pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0025326X23012547.

Já o estudo Effects of ZnWO4 nanoparticles on growth, photosynthesis, and biochemical parameters of the green microalga Raphidocelis subcapitata está disponível em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0045653524004831.

E o artigo Isolated and combined effects of cobalt and nickel on the microalga Raphidocelis subcapitata pode ser acessado no endereço: https://link.springer.com/article/10.1007/s10646-024-02728-0.

* Com informações do CDMF.
 

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