Estudo feito na UFMG aponta redução nas mortes de vítimas de acidentes de trânsito atendidas em hospitais em Belo Horizonte, de 3,3% em 1994 para 1% em 2003 (foto: divulgação)

Efeitos do atendimento pré-hospitalar
29 de janeiro de 2008

Estudo feito na UFMG aponta redução nas mortes de vítimas de acidentes de trânsito atendidas em hospitais em Belo Horizonte, de 3,3% em 1994 para 1% em 2003. Uma das causas seria a implantação dos serviços móveis de emergência

Efeitos do atendimento pré-hospitalar

Estudo feito na UFMG aponta redução nas mortes de vítimas de acidentes de trânsito atendidas em hospitais em Belo Horizonte, de 3,3% em 1994 para 1% em 2003. Uma das causas seria a implantação dos serviços móveis de emergência

29 de janeiro de 2008

Estudo feito na UFMG aponta redução nas mortes de vítimas de acidentes de trânsito atendidas em hospitais em Belo Horizonte, de 3,3% em 1994 para 1% em 2003 (foto: divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – Entre 1994 e 2003, a taxa de mortes entre pacientes atendidos em hospitais de Belo Horizonte, vítimas de acidentes de trânsito na cidade, caiu de 3,3% para 1%, de acordo com dados de uma tese de doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

O autor do trabalho, Roberto Marini Ladeira, médico epidemiologista do Hospital João XXIII, na capital mineira, comparou resultados de dois estudos conduzidos pela Secretaria Municipal de Saúde e pela Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans).

Nos últimos dois meses de 1994 e de 2003 foram colhidos dados de 3.991 pacientes atendidos em oito hospitais, públicos e privados, na capital mineira. As vítimas ou seus acompanhantes responderam a perguntas como o meio de transporte utilizado até o hospital, tipo e gravidade de lesões sofridas, período de internação e consumo de bebidas alcoólicas.

Em seguida, Ladeira, que foi um dos coordenadores dos dois estudos, verificou que, dos 1.719 indivíduos entrevistados em 1994, 57 (3,3%) morreram. No estudo seguinte, em 2003, foram 23 mortes entre 2.272 pacientes, cerca de 1% do total.

Uma das principais causas para a redução teria sido a implantação, em 1995, dos serviços móveis de emergência, que prestam em poucos minutos resgate e atendimento no local do acidente e no trajeto até o hospital.

Em 2003, 47,9% dos pacientes que chegaram aos ambulatórios dos serviços de emergência receberam atendimento pré-hospitalar – em 1994 esse tipo de serviço ainda não existia na cidade.

"É importante destacar que o percentual de óbitos caiu entre as vítimas que foram atendidas nos hospitais, o que não reflete necessariamente uma redução geral das mortes no trânsito em Belo Horizonte. Para isso teríamos que incluir também as vítimas fatais na cena do acidente", disse Ladeira à Agência FAPESP.

O trabalho indica que as principais vítimas de acidentes de trânsito em 1994 foram pedestres. Em 2003, os condutores e passageiros de motocicletas foram os mais atingidos. "E dos 3.991 pacientes analisados no estudo, mais de 15% informaram ter ingerido bebida alcoólica antes do acidente", disse o pesquisador.

O médico epidemiologista lembra que a medicina pré-hospitalar surgiu durante as grandes guerras mundiais, com o objetivo de tirar soldados feridos do campo de batalha e levá-los para um lugar mais seguro em que pudessem receber tratamento especializado.

"Historicamente, o tempo entre a ocorrência da lesão e o atendimento médico tem caído brutalmente, de cerca de quatro horas na Primeira Guerra Mundial, por exemplo, para em torno de 20 a 30 minutos nos dias de hoje", disse Ladeira.

"A literatura científica tem comprovado que a eficiência desse tipo de atendimento está diretamente relacionada com a sobrevivência das vítimas. Nosso estudo mostrou ainda que, em 2003, mais da metade dos pacientes atendidos em menos de uma hora após o acidente foi transportada pelos serviços de atenção pré-hospitalar de Belo Horizonte", afirmou.


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