Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia desenvolvem método para identificação do parasita causador da leishmaniose tegumentar com precisão de mais de 90% (foto: divulgação)

Diagnóstico genético
31 de março de 2006

Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia desenvolvem método para identificação do parasita causador da leishmaniose tegumentar com precisão de mais de 90%

Diagnóstico genético

Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia desenvolvem método para identificação do parasita causador da leishmaniose tegumentar com precisão de mais de 90%

31 de março de 2006

Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia desenvolvem método para identificação do parasita causador da leishmaniose tegumentar com precisão de mais de 90% (foto: divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Um método de identificação da leishmaniose, desenvolvido no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, promete dinamizar o tratamento da doença e tornar mais precisos os procedimentos clínicos adotados pelos médicos.

O processo faz a diferenciação entre os parasitas Leishmania guyanensis e Leishmania braziliensis para especificar por qual deles o indivíduo foi contaminado.

"Essas são as duas principais espécies causadoras de leishmaniose tegumentar, doença que atinge indivíduos em todo o país, especialmente na região Norte", disse Alexander Sibajev, pesquisador da Coordenação de Pesquisas em Ciências da Saúde (CPCS) do Inpa, à Agência FAPESP. "O novo método permite fazer um diagnóstico preciso para incluir condutas terapêuticas dirigidas ao tipo de parasita que causou a doença."

A leishmaniose é transmitida pela picada de flebotomíneos, hospedeiros do parasita leishmânia. O inseto se contamina ao sugar o sangue de mamíferos infectados e, ao picar uma pessoa sadia, o flebótomo injeta secreção salivar com as leishmânias. A forma tegumentar da doença atinge as mucosas do corpo e causa lesões na pele, enquanto a leishmaniose visceral ataca o fígado humano e pode levar o indivíduo à morte.

Sibajev explica que, por meio do código genético dos parasitas, o novo método é capaz de identificar a espécie responsável pela contaminação com uma precisão de mais de 90%. "O processo fundamenta-se na técnica de PCR, a reação em cadeia da enzima polimerase. O DNA da Leishmania guyanensis é extraído do sangue do indivíduo infectado para que seja feita a diferenciação das outras espécies do parasita", conta.

Até então, a diferenciação entre a Leishmania guyanensis e a Leishmania braziliensis não era realizada por diagnóstico molecular. "O que se analisava eram os sintomas e a evolução clínica do paciente, para só assim poder suspeitar da espécie de leishmânia que o infectou", explica Sibajev.

Segundo o pesquisador, o grande interesse em identificar a Leishmania guyanensis se justifica pelo fato de que mais de 80% dos casos da doença na região Norte do país têm esse protozoário como agente causador. "A partir desse processo de diferenciação, estamos idealizando um kit de diagnóstico em parceria com a indústria farmacêutica", antecipa.

Sibajev alerta que o parasita não fica restrito somente às regiões Norte e Nordeste. A Leishmania braziliensis, por exemplo, apresenta altos índices de prevalência no Sudeste.

O projeto teve a orientação da pesquisadora Antônia Franco Ferreira e contou com a participação da Universidade Federal do Amazonas e do Centro de Pesquisas Leônidas e Maria Deane, da Fundação Oswaldo Cruz.

Outro estudo de identificação da Leishmania braziliensis foi realizado em 2003, por pesquisadores do Instituto de Biociências (IB), da Universidade de São Paulo (USP). A pesquisa também gerou uma metodologia que vem rendendo bons resultados na aplicação de quimioterápicos no tratamento da doença.

Segundo Lucile Maria Floeter-Winter, professora do Departamento de Fisiologia do IB, o método pode ser utilizado para identificar hospedeiros vertebrados de Leishmania braziliensis e quantificar o número de parasitas no organismo do paciente, resultando em aplicações para a epidemiologia da doença.


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