Estudo destaca que o Círio de Nazaré, festa religiosa em Belém, movimentou R$ 394 milhões em 2005 devido ao turismo religioso e à criação de inovações para atrair o público (foto: divulgação)
Estudo destaca que o Círio de Nazaré, festa religiosa em Belém, movimentou R$ 394 milhões em 2005 devido ao turismo religioso e à criação de inovações para atrair o público. A última edição, no dia 14, atraiu cerca de 2 milhões de pessoas
Estudo destaca que o Círio de Nazaré, festa religiosa em Belém, movimentou R$ 394 milhões em 2005 devido ao turismo religioso e à criação de inovações para atrair o público. A última edição, no dia 14, atraiu cerca de 2 milhões de pessoas
Estudo destaca que o Círio de Nazaré, festa religiosa em Belém, movimentou R$ 394 milhões em 2005 devido ao turismo religioso e à criação de inovações para atrair o público (foto: divulgação)
Agência FAPESP – O Círio de Nazaré, principal evento religioso do estado do Pará, realizado desde 1793 em Belém, caracteriza-se por um conjunto de acontecimentos que, por meio de manifestações de fé de romeiros e devotos de todas as regiões do Brasil, exerce grande influência na economia da capital paraense.
O trabalho O Círio de Nazaré: Economia e Fé, realizado por pesquisadores e docentes das universidades federais do Pará (UFPA) e do Rio de Janeiro (UFRJ), destaca a evolução dos número de freqüentadores e dos recursos movimentados nos últimos anos para a realização dos eventos culturais e das procissões em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré, além das inovações implementadas pelos organizadores para atrair o público.
Os devotos movimentaram, em 2000, R$ 310,5 milhões em transações diretas, volume que subiu para R$ 394,4 milhões em 2005. O turismo religioso também foi incrementado e o número de visitantes de outros estados e países saltou de 678 mil para 851 mil no mesmo período. A edição mais recente, encerrada no último domingo (14/10), reuniu mais de 2 milhões de pessoas, segundo os organizadores.
De acordo com o coordenador do estudo, o economista Francisco de Assis Costa, professor do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da UFPA, o evento, inicialmente celebrado sempre no segundo domingo do mês de outubro, a partir da primeira metade da década de 1970 foi progressivamente ampliado até que, no fim da década de 1980, passou a ter em média 28 dias de duração.
"Com base em uma lógica missionária, o turismo religioso por trás do Círio de Nazaré tem gerado um movimento de hibridização do sagrado, que envolve a fé, a devoção e o sofrimento, e do profano, representado pelo consumo, lazer e festa, em um mesmo fluxo de intenções", disse Costa, da Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist) do Instituto de Economia da UFRJ, à Agência FAPESP.
"Isso faz com que, devido à forte capacidade organizacional, à consistência material e ao impacto econômico que o evento exerce na cidade, a vida social seja contagiada por inteiro e comece a não mais diferenciar o que é turismo, o que é religioso e o que é mundano, no sentido até carnavalesco", explicou.
O aumento no número de dias do evento para quase um mês, segundo Costa, foi a principal inovação do centro de governança para superar os tempos de crise de público do Círio de Nazaré, que demonstrou grande capacidade adaptativa e de renovação.
Para o pesquisador, essa gestão eficiente permitiu a criação de novos "processos" e "produtos" para a festa. "A imagem da Nossa Senhora de Nazaré, que era associada apenas a, no máximo, dois lugares – a basílica e a catedral –, passou a ser móvel e hoje pode ir a vários lugares. O conceito de imagem peregrina foi uma inovação", disse.
"Se compararmos com uma empresa, a inovação do aumento das homenagens para 28 dias pode ser entendida como uma diversificação de produtos. A economia fica completamente aquecida até chegar o domingo", disse economista.
Novos espaços
Com as inovações, baseadas em estratégias que combinam a extensão do tempo e do espaço físico do Círio de Nazaré, as procissões santificaram novos espaços públicos e privados, causa do número crescente de indivíduos em busca de novos canais de comunicação com as divindades.
Além disso, é preciso levar em conta novos atrativos em vestimentas, cânticos, orações e outros festejos populares criados ao longo dos 214 anos de história, como o Arrastão do Boi Pavulagem, o Auto do Círio e a Festa das Filhas da Chiquita, que envolvem brincadeiras, lendas populares, apresentação de grupos de danças, feiras de artesanatos e comidas típicas da região.
A pesquisa indica que os recursos movimentados no Círio de Nazaré têm três grandes componentes: o impacto na economia que resulta da flutuação populacional de Belém derivada das festividades, o aumento do consumo pelos habitantes de Belém resultante do "espírito nazareno" e os gastos diretos resultantes da produção dos acontecimentos.
"Atualmente, o governo local maximiza o potencial da economia de Belém vinculando aos esforços religiosos do Círio de Nazaré iniciativas como o Festival de Ópera de Belém e a Feira Pan-Amazônica do Livro, dando a esses eventos, enquanto produtos econômicos, maior visibilidade nacional", afirma Costa.
Para ler o estudo O Círio de Nazaré: Economia e Fé, clique aqui
Mais informações sobre o evento: www.ciriodenazare.com.br
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