Detector científico
23 de outubro de 2006

Sistema desenvolvido por pesquisadores da Unicamp identifica automaticamente reportagens sobre ciência e tecnologia publicadas por jornais na internet e fornece uma ferramenta inédita para estudos de mídia

Detector científico

Sistema desenvolvido por pesquisadores da Unicamp identifica automaticamente reportagens sobre ciência e tecnologia publicadas por jornais na internet e fornece uma ferramenta inédita para estudos de mídia

23 de outubro de 2006

 

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP - O Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade de Campinas (Unicamp) desenvolveu um sistema capaz de detectar automaticamente matérias de ciência e tecnologia na mídia impressa, possibilitando uma avaliação da cobertura jornalística em termos quantitativos e qualitativos.

O mecanismo, batizado de Sapo (Science Authomatic Press Observer), foi apresentado na sexta-feira (20/10) durante o seminário "Estratégias para a divulgação científica na sociedade do conhecimento", em São Paulo.

"Ele é capaz de ‘farejar’ edições on-line de jornais e descobrir onde está a ciência. Trata-se de um banco de dados que coleta, seleciona e organiza os conteúdos de ciência e tecnologia", explicou Yurij Castelfranchi, do Labjor, um dos responsáveis pela criação do sistema.

O Sapo foi desenvolvido durante três anos, em conjunto com a empresa Solis - Cooperativa de Soluções Livres, do Rio Grande do Sul. O projeto teve apoio da FAPESP no âmbito do projeto "Ciência & tecnologia, comunicação e sociedade: Questões de C&T na mídia nacional".

A ferramenta foi projetada para percorrer o conteúdo dos jornais Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e O Globo, disponíveis na internet a assinantes. Considerando apenas o texto da versão impressa, o Sapo extrai as matérias que contêm termos de uma lista de palavras-chave cuidadosamente selecionadas a partir de sua tipicidade no discurso científico.

"Essas palavras-chave são agrupadas em cinco filtros: disciplinas, instituições, prática da ciência e palavras técnicas de humanas ou exatas. Esse último filtro, por exemplo, inclui palavras do tipo ‘nanotecnologia’ ou ‘aftosa’, por exemplo", disse Castelfranchi à Agência FAPESP.

O sistema aplica uma pontuação às matérias selecionadas e define o que é texto científico, o que não é e o que precisa ser inspecionado por um observador humano. Segundo os responsáveis pela ferramenta, o índice de precisão na detecção de matérias científicas é maior que 95%.


Em todos os cadernos

Ao aplicar o sistema aos diários brasileiros, os pesquisadores obtiveram um dado surpreendente: a maior parte das reportagens com temas científicos e tecnológicos não está nos cadernos de ciência dos jornais, mas dispersa em outras editorias. É como se a ciência fosse um grande tema transversal.

"A difusão tradicional da ciência é importantíssima. O resultado obtido pelo Sapo mostra que a ciência, fisiologicamente, está sendo apropriada pela sociedade. Ela já é cultura", disse o pesquisador.

Comparando uma série histórica, com o Sapo pesquisadores poderão detectar o ritmo em que a ciência penetra a sociedade. O sistema, segundo Castelfranchi, poderá ser adaptado para outras áreas além da ciência, sendo potencialmente útil para vários tipos de pesquisas em comunicação. "Ele permite avaliar e medir tendências gerais na cobertura de qualquer temática", afirma.

Mais informações: labjor@unicamp.br


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