Heitor Cantarella, pesquisador do Instituto Agronômico, lidera estudos sobre redução de emissões de gases estufa na produção de etanol (foto: Eduardo Cesar/Revista Pesquisa FAPESP)

Coordenador do Programa de Bioenergia da FAPESP recebe o prêmio Norman Borlaug 2017
12 de dezembro de 2017

Heitor Cantarella, pesquisador do Instituto Agronômico, lidera estudos sobre redução de emissões de gases estufa na produção de etanol

Coordenador do Programa de Bioenergia da FAPESP recebe o prêmio Norman Borlaug 2017

Heitor Cantarella, pesquisador do Instituto Agronômico, lidera estudos sobre redução de emissões de gases estufa na produção de etanol

12 de dezembro de 2017

Heitor Cantarella, pesquisador do Instituto Agronômico, lidera estudos sobre redução de emissões de gases estufa na produção de etanol (foto: Eduardo Cesar/Revista Pesquisa FAPESP)

 

Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – Heitor Cantarella, diretor do Centro de Solos do Instituto Agronômico (IAC), foi o vencedor do prêmio Norman Borlaug 2017, concedido pela International Fertilizer Association (IFA). Cantarella tem um amplo trabalho desenvolvido ao longo de mais de 40 anos de carreira acadêmica e, atualmente, coordena estudos sobre a redução dos gases causadores do efeito estufa associados ao uso de fertilizantes.

“O prêmio acabou sendo um incentivo para toda a equipe de pesquisadores. Fui o premiado, mas é um reconhecimento que divido com todos os estudantes e colaboradores em várias instituições com as quais eu trabalho. A escolha da IFA é um indicativo da importância de continuarmos nessa linha de pesquisa. É um assunto relevante para a sustentabilidade da bioenergia produzida no Brasil e, por isso, precisamos dar sequência aos nossos esforços de pesquisa”, disse Cantarella, que também é membro da Coordenação do Programa de Pesquisa em Bioenergia da FAPESP (BIOEN).

Cantarella é o terceiro brasileiro a receber o prêmio Norman Borlaug. Antes dele, Bernardo van Raij, também do Instituto Agronômico, foi laureado em 1999 e Alfredo Scheid Lopes, da Escola Superior de Agricultura de Lavras, em 1995.

Nos últimos anos, Cantarella tem concentrado suas pesquisas na redução de emissões de óxido nitroso (N2O) na cultura da cana-de-açúcar e na produção de etanol. O gás é produzido por processos naturais quando fertilizantes nitrogenados são aplicados no solo e tem impacto ambiental relevante, pois é causador do efeito estufa com alto potencial de aquecimento – 300 vezes maior que o do dióxido de carbono (CO2).

“Temos um amplo projeto de pesquisa. Estudamos esse assunto, pois a sustentabilidade do etanol pode ser afetada pelas emissões de óxido nitroso. Cerca de 25% da energia gasta para produzir a cana-de-açúcar é derivada do uso de fertilizantes nitrogenados. Dependendo do fator de emissão estimado, o óxido nitroso associado ao uso de fertilizantes nitrogenados pode chegar a 40% do total de gases de efeito estufa emitidos para a produção de bioetanol”, disse Cantarella à Agência FAPESP.

As pesquisas lideradas por Cantarella contam com o apoio da FAPESP inicialmente na forma do Projeto Temático “Nutrição nitrogenada de cana-de-açúcar com fertilizantes ou bactérias diazotróficas” e em mais um projeto em colaboração com pesquisadores da Holanda.

Em um dos estudos foi descoberto que existem opções para reduzir as emissões por óxido nitroso contido nos fertilizantes. “Esse foi um trabalho de doutorado de um dos meus alunos, publicado em 2016 na Scientific Reports, do grupo Nature. Descobrimos que, além de boas práticas agrícolas para o uso de fertilizantes nitrogenados, podemos reduzir as emissões usando inibidores de nitrificação”, disse.

Os resultados do estudo mostraram que os inibidores de nitrificação adicionados aos fertilizantes podem reduzir as perdas de óxido nitroso entre 80% e 95%. “É um percentual considerável. O inibidor traz um grande ganho ambiental, mas os ganhos em produtividade são limitados. Fica então a questão: quem paga por isso? O agricultor, que vai ter um benefício menor, ou a sociedade, que se beneficiará com a redução das emissões?”, disse.

O prêmio Norman Borlaug é concedido desde 1993 e, desde então, a IFA reconhece todos os anos um pesquisador cujo trabalho de pesquisa ou extensão tenha levado a avanços significativos na área de adubação e nutrição de plantas em todo o mundo.

Cantarella também recebeu o Prêmio Heróis da Revolução Verde (2015), concedido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), e o Prêmio International Plant Nutrition Institute (IPNI) em Nutrição de Plantas 2016.
 

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