Biocombustível brasileiro pode substituir 10% da gasolina mundial, mas, para isso, novas tecnologias são fundamentais, apontam especialistas

Cana de ponta
01 de dezembro de 2008

Biocombustível brasileiro pode substituir 10% da gasolina mundial, mas, para isso, novas tecnologias são fundamentais, apontam especialistas

Cana de ponta

Biocombustível brasileiro pode substituir 10% da gasolina mundial, mas, para isso, novas tecnologias são fundamentais, apontam especialistas

01 de dezembro de 2008

Biocombustível brasileiro pode substituir 10% da gasolina mundial, mas, para isso, novas tecnologias são fundamentais, apontam especialistas

 

Agência FAPESP – O Brasil tem condições de produzir biocombustível suficiente para substituir pelo menos 10% de toda a gasolina consumida mundialmente. Mas, para que isso ocorra, a tecnologia tem que estar no campo e na própria planta, a cana-de-açúcar.

Essa foi uma das conclusões do Workshop Instrumentação e Automação Agrícola e Agroindustrial na Cadeia Cana-Etanol, realizado no âmbito do Projeto de Pesquisa em Políticas Públicas (PPPP) da Cadeia Cana-Etanol apoiado pela FAPESP na sexta-feira (28/11), na Embrapa Instrumentação Agropecuária, em São Carlos, interior de São Paulo.

Para atingir a meta dos 10% da gasolina mundial, o país precisaria cultivar cerca de 35 milhões de hectares de cana-de-açúcar.

“Mas, com a introdução das novas tecnologias no campo, seja em instrumentação e automação agrícola ou na pesquisa genômica da cana-de-açúcar, esse número poderá cair para 20 milhões de hectares ou menos. Por isso, é fundamental identificar as principais necessidades de pesquisa para que possamos nos consolidar como o maior produtor mundial de etanol”, disse Luís Augusto Barbosa Cortez, professor da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas e coordenador do PPPP da Cadeia Cana-Etanol.

Os Estados Unidos são atualmente o maior produtor mundial de etanol, com o combustível produzido a partir do milho. O Brasil ocupa a segunda posição, com o álcool combustível derivado da cana-de-açúcar.

“Neste momento, em que o mundo discute o forte potencial das energias renováveis, a agricultura e a ciência brasileira estão juntas, assim como também vem acontecendo com os setores público e privado, contribuindo para o desenvolvimento do país. A agricultura não vai avançar se não tiver a ciência ao seu lado”, disse Silvio Crestana, presidente da Embrapa, na abertura do workshop.

Para Crestana, a cana tem um forte potencial de ser reconhecida como uma importante fonte de energia. A planta é composta por três partes: a sacarose, a palha e o bagaço, sendo um terço para cada uma. A primeiro já tem um número grande de utilização, o que não acontece com as outras duas partes. “Trabalhar o conceito de cana-energia é o grande desafio da ciência hoje”, ressalta o presidente da Embrapa.

Mas não é só isso. “Também é necessário definir estratégias para alavancar o setor”, defendeu Orlando Castro, coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). Entre elas ele sugere a criação de novos institutos dedicados à pesquisa em cana-de-açúcar.

Entretanto, o Brasil lidera com folga quando se trata do números de artigos científicos publicados referentes às pesquisas com cana-de-açúcar. Considerando apenas o Estado de São Paulo, ele disputa a segunda colocação com os Estados Unidos.

Entretanto o Brasil amarga uma terceira posição quando se trata de artigos científicos relacionados ao etanol extraído da biomassa e fora do grupo dos três primeiros quando o assunto é pesquisas de etanol de segunda geração (em ambos os casos os Estados Unidos lideram). Não é a toa que os setores público e privado vêm se esforçando em ações conjuntas quando o assunto é biocombustível. “É o conhecimento científico que vai estimular políticas públicas e o investimento de recursos”, afirmou Castro.

Também participaram da abertura do evento Álvaro Macedo da Silva, chefe-geral da Embrapa Instrumentação Agropecuária, o prefeito de São Carlos, Newton Lima Neto, o coordenador do workshop, Ladislau Martin Neto, a vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), sede Ribeirão Preto-SP, Alessandra Bernuzzi, o diretor do Centro de C&T do Bioetanol, Marcos Aurélio Pinheiro Lima e Dioníso Maraguti, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Carlos.

O workshop atendeu às espectativas dos organizadores, de funcionar como um espaço para discussões técnicas de orientação de pesquisa. Foram debatidos quatro temas, tendo como objeto principal a instrumentação e a automação agrícola na produção do etanol a partir da cana-de-açúcar.

As pesquisas apresentadas destacaram o que vem sendo desenvolvido nas universidades, institutos de pesquisas e nos departamentos de pesquisa e desenvolvimento de empresas do setor de cana, açúcar e álcool, tendo em vista o forte potencial do etanol e sua posição no mercado mundial em um futuro próximo.

O primeiro tema foi “Biorrefinaria virtual”, que teve como palestrante Antonio Bonomi, do Centro de Ciência e Tecnologia do Bioetanol. Em seguida, Rubens Maciel Filho, do Departamento de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas, falou sobre “Etanol de segunda geração: desafios para a instrumentação e automação”. As palestras “Agricultura de precisão em cana-de-açúcar” e “Logística na produção de cana-etanol” completaram o workshop.

Cadeia produtiva completa

O tema do workshop integra um conjunto de 20 temas levantados pelo projeto Projeto de Pesquisa em Políticas Públicas (PPPP) da Cadeia Cana-Etanol (“Diretrizes de Políticas Públicas para a Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo”), que é apoiado pela FAPESP na modalidade Programa de Pesquisa em Políticas Públicas. O projeto integra o Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN).

O objetivo do PPPP da Cadeia Cana-Etanol é propor diretrizes, estratégias e políticas para o desenvolvimento do setor sucroalcooleiro no Estado de São Paulo, sendo que, para isso, está em desenvolvimento um projeto de pesquisa integrado, a partir da cooperação de uma equipe interdisciplinar de pesquisadores e profissionais do setor.

O projeto abrange a cadeia produtiva da cana, açúcar e álcool, concentrando os estudos em quatro vertentes: agrícola (melhoramento genético, tecnologia de colheita); industrial (gestão, hidrólise); produtos (alcoolquímica, etanol, energia); e ambiente externo (mercado nacional e internacional, oferta e demanda).

A atuação compreende atividades de diagnóstico, análise, prospecção, desenvolvimento de indicadores e medidores de desempenho, elaboração de propostas de melhoria, mudança e ou inovação e disseminação do conhecimento.

O resultado dessas atividades deverá contemplar toda a cadeia produtiva e oferecer subsídios para a elaboração de políticas públicas para o setor, além de contribuir indiretamente para a formação e capacitação de profissionais para atuar administrativamente.
 

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