Produção de biocombustíveis não apresenta barreiras técnicas, mas há muitas oportunidades para melhorar os processos para fabricá-los e diversificá-los, diz Chris Somerville, da Universidade da Califórnia em Berkeley (foto:Eduardo Cesar/FAPESP)

Caminho das pedras
31 de agosto de 2011

Produção de biocombustíveis não apresenta barreiras técnicas, mas há muitas oportunidades para melhorar os processos para fabricá-los e diversificá-los, diz Chris Somerville, da Universidade da Califórnia em Berkeley

Caminho das pedras

Produção de biocombustíveis não apresenta barreiras técnicas, mas há muitas oportunidades para melhorar os processos para fabricá-los e diversificá-los, diz Chris Somerville, da Universidade da Califórnia em Berkeley

31 de agosto de 2011

Produção de biocombustíveis não apresenta barreiras técnicas, mas há muitas oportunidades para melhorar os processos para fabricá-los e diversificá-los, diz Chris Somerville, da Universidade da Califórnia em Berkeley (foto:Eduardo Cesar/FAPESP)

 

Por Elton Alisson, de Campos do Jordão

Agência FAPESP – Atualmente, não existem barreiras técnicas para a produção de biocombustíveis. Mas ainda há muitas oportunidades para melhorar fundamentalmente os processos para fabricá-los e diversificá-los.

A avaliação é de uma das principais referências mundiais em pesquisas sobre biocombustíveis, Chris Somerville, diretor do Instituto de Biociências e Energia (EBI, na sigla em inglês) da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos.

O cientista participou da 1st BBEST – Conferência Brasileira de Ciência e Tecnologia em Bioenergia (Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference). O evento, realizado em agosto em Campos do Jordão, reuniu cerca de 700 pesquisadores e representantes de empresas do Brasil e de 21 países para discutir recentes avanços científicos e tecnológicos, negócios e políticas para o desenvolvimento do setor.

De acordo com Somerville, hoje os processos de produção de etanol de celulose, cana-de-açúcar ou de milho apresentam muitas ineficiências. Em função disso, a produção eficiente de combustíveis celulósicos por rotas diferentes da gaseificação exigirá a inovação na produção sustentável, na despolimerização e na conversão de matérias-primas em combustíveis líquidos.

“Há muitas rotas diferentes para melhorar os processos para a produção de combustíveis celulósicos. Porém, devido às interdependências dos elementos no trajeto total do processo de conversão da biomassa em combustíveis, a pesquisa sobre processos aperfeiçoados de produção de biocombustíveis ainda está em um estágio preliminar de maturidade técnica”, disse.

Entre os temas atuais de pesquisas realizadas para aprimorar o processamento de matérias-primas para a produção de biocombustíveis o cientista listou a despolimerização da lignina e sua conversão em biocombustíveis e o uso de celobiose em vez de glicose para a conversão da xilose em etanol.

“Como as plantas podem ser utilizadas em grande escala para capturar e armazenar energia solar, um dos caminhos para se mover em direção ao desenvolvimento de fontes de energia de baixo carbono é converter sua biomassa em combustíveis”, disse.

“Em função disso, há um interesse renovado em identificar plantas que apresentem ótima acumulação de biomassa e compreender as fases de produção, associadas com o cultivo em grande escala e a colheita sustentável dessas espécies”, disse.

Pesquisas nos Estados Unidos

Segundo Somerville, nos Estados Unidos, desde quando entrou em vigor a lei que definiu a produção e uso de biocombustíveis – a Renewable Fuel Standard (RFS2), que integra o Ato de Segurança Energética de 2007 (Energy Security and Independence Act of 2007) –, a produção de biocombustíveis tem se expandido rapidamente.

As novas regulamentações estabelecem um consumo mínimo de 45 bilhões de litros de biocombustíveis nos Estados Unidos a partir de 2010, chegando a pelo menos 136 bilhões de litros em 2022.

Dessa quantidade final, quase 80 bilhões de litros por ano devem ser destinados aos três tipos de combustíveis considerados avançados: celulósico, diesel de biomassa e “outros avançados” – para cumprir os níveis de redução de gases de efeito estufa estipulados pela Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês).

Para atingir a meta de produção de combustível renovável para 2022, o país deverá antecipar a construção de nove biorrefinarias para produção de etanol celulósico ou de outro biocombustível a partir da biomassa lignocelulósica, que estavam previstas para começar a ser construídas somente a partir do ano que vem.

De acordo com Somerville, a primeira a entrar em operação será a de Vercipia Biofuels, em Tampa, na Flórida, que começou a ser construída em 2011 e deverá iniciar a produção de etanol a partir de gramínea em 2013, quando produzirá por volta de 36 milhões de galões por ano.

A biorrefinaria pertence à companhia de energia British Petroleum (BP), que, em 2007, concedeu US$ 500 milhões por um período de mais de dez anos para iniciar as atividades do instituto de pesquisa em biociências e energia que Somerville dirige.

“O objetivo do EBI é explorar a aplicação do conhecimento biológico moderno para o setor de energia, desenvolvendo pesquisas em áreas como a de combustíveis celulósicos, microbiologia do petróleo, biolubrificantes e biossequestro de carbono”, destacou.

Uma das matérias-primas mais promissoras estudadas pelo grupo de pesquisadores liderado pelo cientista norte-americano para produzir etanol celulósico é uma grama nativa dos Estados Unidos, chamada de “planta perene”, que requer baixo investimento em insumos agrícolas e ajuda a capturar o carbono da atmosfera.

A 1st BBEST teve apoio da FAPESP, BIOEN-FAPESP, CNPq, Capes, CTBE, UNICA, Braskem, Embraer, BP Biofuels Brazil, Monsanto e Oxiteno.

 

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