Medidas para melhorar eficiência energética do país de forma sustentável são apresentadas em relatório de pesquisadores da USP e do World Resources Institute (foto: Relatório WRI)

Brasil pode reduzir emissão de gases do efeito estufa, dizem especialistas
23 de setembro de 2015

Medidas para melhorar eficiência energética do país de forma sustentável são apresentadas em relatório de pesquisadores da USP e do World Resources Institute

Brasil pode reduzir emissão de gases do efeito estufa, dizem especialistas

Medidas para melhorar eficiência energética do país de forma sustentável são apresentadas em relatório de pesquisadores da USP e do World Resources Institute

23 de setembro de 2015

Medidas para melhorar eficiência energética do país de forma sustentável são apresentadas em relatório de pesquisadores da USP e do World Resources Institute (foto: Relatório WRI)

 

Diego Freire | Agência FAPESP – O debate sobre o Plano Decenal de Energia 2014, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e em fase de consulta pública, deveria ser um momento estratégico para o país reavaliar sua matriz energética.

“O Brasil deve investir aproximadamente US$500 milhões em infraestrutura energética na próxima década. A forma como o país escolher alocar esses recursos pode prendê-lo a uma infraestrutura de uso intensivo de carbono ou fazer com que avancemos para uma economia de baixo carbono”, alertou Viviane Romeiro, coordenadora de Clima do World Resources Institute (WRI) Brasil e membro do Núcleo de Pesquisa em Políticas e Regulação de Emissões de Carbono (NUPPREC) do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP).

O caminho para uma economia de baixo carbono exige que o Brasil acelere a transição para fontes renováveis e amplie a eficiência energética, investindo prioritariamente em fontes renováveis modernas, como energia solar e eólica, e ampliando a meta de participação da energia renovável de 20% para 30% em 2030. A recomendação consta do relatório Oportunidades e desafios para aumentar sinergias entre as políticas climáticas e energéticas no Brasil, elaborado pelo WRI e pela USP, com propostas de medidas para políticas voltadas à redução de emissões de gases do efeito estufa pelo país, apresentado na segunda-feira (21/09), em São Paulo (SP).

De acordo com o estudo, a porcentagem de energias renováveis na matriz energética brasileira vem caindo. De 2009 a 2014, a participação diminuiu de 47% para 39,4% – ainda superior à média mundial, de 13%, mas com tendência de continuar a cair se o investimento majoritário for para os combustíveis fósseis, como é previsto.

O relatório do WRI alerta que o Plano Decenal de Energia do governo federal, referente ao período de 2014 a 2023, prevê a destinação de mais de 70% dos investimentos no setor para os combustíveis fósseis. Somente 22% dos recursos iriam para energias renováveis.

Para que o país caminhe para uma economia de baixo carbono é preciso mudar sua matriz de energia e ampliar o impacto de políticas relacionadas ao uso de energia nos principais setores de emissão: transporte, indústria e geração de energia elétrica. Atualmente, o Brasil é o sétimo maior emissor de gases do efeito estufa.

“Sabemos onde reduzir as emissões e onde estão os maiores impactos do setor energético: no consumo de combustíveis fósseis para geração de eletricidade, para os transportes, para as indústrias e, indiretamente, para o consumo induzido pelas edificações comerciais e residenciais ao utilizarem energia e gás”, disse Oswaldo Lucon, membro do IEE e um dos responsáveis pelo relatório.

Entre as medidas recomendadas estão o aumento da economia de combustíveis e o investimento na transição para transportes de baixo carbono, a oferta de incentivos para eficiência industrial, a conciliação das políticas energéticas e climáticas e o fortalecimento do processo de planejamento com as políticas nacionais e internacionais.

O estudo recomenda também que o país priorize fontes modernas de energias renováveis, especialmente as energias eólica e solar, ao mesmo tempo em que enfrenta os desafios apresentados pelos projetos hidrelétricos de larga escala.

José Goldemberg, presidente da FAPESP, destacou que as medidas apresentadas para o cenário de energia brasileiro contribuem para a definição de alternativas sustentáveis, permitindo que o país desse um salto de desenvolvimento. “Inovação e competitividade na indústria exigem ideias novas e há uma expectativa muito grande sobre o que o Brasil vai fazer a respeito. É preciso que cada país faça proposições na direção do progresso”, afirmou.

Ele destacou, na ocasião, o papel que a ciência pode exercer no processo gradativo de diminuição do impacto desses setores, especialmente nos processos industriais.

“Entre os motivos que levam a China, por exemplo, a buscar alternativas está a necessidade de modernização da indústria, e isso passa pela utilização de tecnologias que reduzam as emissões. Há uma compreensão de que isso é de interesse do próprio processo de produtividade e a FAPESP tem condições de apoiar projetos da indústria que necessitem e exijam desenvolvimentos de natureza científica ou tecnológica, modernizando suas atividades.”

A íntegra do relatório Oportunidades e desafios para aumentar sinergias entre as políticas climáticas e energéticas no Brasil pode ser acessada em www.wri.org/publication/bridging-gap-between-energy-and-climate-policies-brasil.
 

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