Berçário de tubarões em São Paulo
02 de agosto de 2004

Pesquisadores da Unesp identificam local que funciona como abrigo para cinco espécies de tubarões. Os animais teriam escolhido a região de Itanhaém, no litoral paulista, pela abundância de alimentos e ausência de predadores

Berçário de tubarões em São Paulo

Pesquisadores da Unesp identificam local que funciona como abrigo para cinco espécies de tubarões. Os animais teriam escolhido a região de Itanhaém, no litoral paulista, pela abundância de alimentos e ausência de predadores

02 de agosto de 2004

 

Por Kárin Fusaro

Agência FAPESP - Há oito anos um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) vem cumprindo uma tarefa sistemática: acompanhar semanalmente a rotina dos pescadores artesanais de uma comunidade em Itanhaém, no litoral paulista, e catalogar, pacientemente, todas as espécies retiradas do mar.

Integrantes do Projeto Cação, que desde julho de 1996 busca identificar a biologia básica de tubarões e raias na costa central paulista, os pesquisadores comprovaram a existência de um berçário de tubarões em Itanhaém.

"Ainda não sabemos a extensão do berçário, mas é certo que pelo menos cinco espécies dão à luz e permanecem na região durante os primeiros meses de vida dos filhotes", disse à Agência FAPESP o coordenador da pesquisa Otto Fazzano Gadig, professor de zoologia de vertebrados do campus do Litoral Paulista da Unesp, em São Vicente.

Entre os tubarões que usam o litoral do Estado como abrigo estão o cação-frango (Rhizoprionodon lalandii), o tubarão-martelo (Sphyrna lewini), o salteador (Carcharhinus limbatus), o pintadinho (Rhizoprionodon porosus) e a galha-preta (Carcharhinus brevipinna). A longa estada dos animais em Itanhaém seria conseqüência da abundância de alimentos no local e por ele estar protegido de predadores.

"Dizemos que esse é o primeiro trabalho que comprova a existência de um berçário de tubarões no Brasil no sentido provocativo, para que pesquisadores de outras regiões se sintam incentivados a procurar", disse Gadig. Isso porque, segundo ele, a descoberta é importante para o desenvolvimento de políticas de preservação das espécies e para o manejo da pesca.

"Os berçários devem existir em todo o litoral brasileiro. No entanto, faltam metodologias de médio e longo prazo para que a rotina dos animais seja conhecida e o abrigo identificado", disse Gadig. Recentemente, um possível berçário foi localizado em Fernando de Noronha, que depende de investigações mais detalhadas para que sua existência seja comprovada.

Entre pescadas, corvinas e peixes-espada, o Projeto Cação catalogou cerca de 14 mil tubarões e raias, pertencentes a 29 espécies. O grupo é um dos cinco no mundo que trabalham com a busca de berçários de tubarões. Dos outros, três deles ficam nos Estados Unidos, sendo um no Havaí, e dois na região norte da Austrália.

De acordo com Gadig, a descoberta não deve ser motivo de preocupação para os banhistas. "Apesar da pesca industrial, o ecossistema tem conseguido manter o mínimo de qualidade, o que gera boa oferta de alimentos e afasta os tubarões da costa", disse.

Para mais informações sobre o Projeto Cação e fotos dos animais catalogados: www.csv.unesp.br


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