Pesquisadores de São Carlos criam fibra para substituir o amianto (foto:divulgação)

Alternativa cerâmica
30 de dezembro de 2004

Pesquisadores do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos, em parceria com a CSN, criam fibra para substituir o amianto (atualização de reportagem publicada em 20/12/2004)

Alternativa cerâmica

Pesquisadores do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos, em parceria com a CSN, criam fibra para substituir o amianto (atualização de reportagem publicada em 20/12/2004)

30 de dezembro de 2004

Pesquisadores de São Carlos criam fibra para substituir o amianto (foto:divulgação)

 

A reportagem a seguir é uma atualização de outra publicada em 20/12/2004, na qual a Agência FAPESP disse erroneamente que a extração e fabricação do amianto seriam proibidas em todo o Estado de São Paulo a partir de 1º de janeiro de 2005.

A Lei Estadual nº 10.814, publicada em 24 de maio de 2001, estabelecia, no artigo 1º, que: "Ficam proibidos, a partir de 1º de janeiro de 2005, a importação, a extração, o beneficiamente, a comercialização, a fabricação e a instalação, no Estado de São Paulo de produtos ou materiais contendo qualquer tipo de amianto, sob qualquer forma."

Entretanto, a lei em questão foi contestada e teve alguns de seus artigos – entre eles o 1º – julgados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, em 9 de maio de 2003. Uma comissão interministerial está estudando o assunto e deverá apresentar o resultado dessa análise até o final de abril.


Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Uma nova fibra cerâmica, produzida a partir da escória líquida do alto-forno da siderurgia, surge como uma boa alternativa para substituir o amianto, cujo processo de extração e processamento pode causar danos à saúde.

Segura e econômica, a fibra tem se mostrou versátil para a fabricação de produtos como caixas d’água, pisos e telhas. A novidade foi desenvolvida em São Carlos (SP) por pesquisadores do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC), um dos Centros de Pesquisa, Inovação de Difusão (Cepids) da FAPESP.

"A fibra cerâmica tem as mesmas propriedades físicas do amianto, porém sem os problemas causados por este último ao organismo humano", disse Elson Longo, diretor do CMDMC, à Agência FAPESP. O produto é resultado de parceria com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e está em fase de patenteamento. O desenvolvimento contou com a participação do professor do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), José Arana Varela.

Segundo Longo, o novo material cerâmico poderá ser aplicado na construção civil, na indústria de autopeças, em lacres e revestimentos de fricção, em bandas de rodagem de pneus e também como material isolante térmico, acústico e de prevenção ao fogo.

"Além do ganho ambiental, o custo do processo de fabricação da fibra cerâmica também será menor", disse Longo sobre outra vantagem do produto. Segundo o pesquisador, isso ocorre porque a energia para fundir o material no processo atual representa o insumo mais caro da produção. "No caso do uso da escória, ela é recolhida fundida."

O processo para obtenção da nova fibra começa quando a emissão de ar comprimido em alta pressão contra o fluxo de escória da siderurgia transforma o líquido em filamentos. Em seguida, é feito o entrelaçamento desses fios, que serão ainda tratados com soluções de resinas orgânicas para serem aglomerados, antes de serem usados na linha de produção.

Segundo Longo, as fibras cerâmicas desenvolvidas em São Carlos poderão ser vendidas em breve para a indústria. "Estamos esperando o número do depósito da patente para que a matéria-prima possa ser comercializada no Brasil e no exterior. Já temos uma empresa norte-americana interessada nas fibras", disse.


Amianto

As fibras de amianto, denominação dada aos silicatos fibrosos, são largamente empregadas na indústria devido à elevada resistência mecânica, abundância na natureza e baixo custo. O Brasil produz anualmente cerca de 200 mil toneladas de amianto e exporta 60% de sua produção para países em desenvolvimento, como Tailândia, México, Colômbia e China.

A única mina de amianto em funcionamento na América Latina se localiza na cidade de Minaçu, em Goiás. Na cadeia produtiva brasileira, que envolve extração, industrialização e venda, o amianto emprega cerca 200 mil pessoas. O Canadá é o maior produtor mundial, com a fabricação de 585 mil toneladas por ano.

O processo de extração e processamento desses silicatos fibrosos pode causar danos à saúde. As pessoas contaminadas por causa da inalação das fibras de amianto podem sofrer doenças como asbestose (endurecimento dos pulmões) ou câncer de pulmão.


Leia mais: Telhado saudável (alternativa para telhas de amianto com fibra vegetal, desenvolvida por pesquisadores da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo


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