Órgãos de fomento da Ásia e do Pacífico procuram novas formas de tornar mais transparentes os processos de financiamento a pesquisas, além de incentivar a inserção de jovens pesquisadores na carreira científica (Prue Williams, gerente-geral de investimentos em ciência do Ministério dos Negócios, Inovação e Emprego da Nova Zelândia / foto: Piu Dip - Agência FAPESP)
Órgãos de fomento da Ásia e do Pacífico procuram novas formas de tornar mais transparentes os processos de financiamento a pesquisas, além de incentivar a inserção de jovens pesquisadores na carreira científica
Órgãos de fomento da Ásia e do Pacífico procuram novas formas de tornar mais transparentes os processos de financiamento a pesquisas, além de incentivar a inserção de jovens pesquisadores na carreira científica
Órgãos de fomento da Ásia e do Pacífico procuram novas formas de tornar mais transparentes os processos de financiamento a pesquisas, além de incentivar a inserção de jovens pesquisadores na carreira científica (Prue Williams, gerente-geral de investimentos em ciência do Ministério dos Negócios, Inovação e Emprego da Nova Zelândia / foto: Piu Dip - Agência FAPESP)
André Julião | Agência FAPESP – As agências de apoio à pesquisa da Ásia e do Pacífico querem tornar mais acurados e transparentes seus processos de avaliação de propostas, além de incentivar o estabelecimento de jovens pesquisadores na carreira científica.
Os assuntos foram discutidos no encontro regional de Ásia e Pacífico durante a 8ª Reunião Anual do Global Research Council (GRC). Realizado em São Paulo, o encontro reúne dirigentes de agências de fomento de 50 países nos cinco continentes até 3 de maio, em São Paulo.
A organização é da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas e Técnicas (Conicet), da Argentina, e da German Research Foundation (DFG), da Alemanha.
“Nós e outras agências de financiamento de pesquisa temos sistemas competitivos. Queremos garantir que os pesquisadores sejam avaliados sem viés ou conflito de interesse. Por isso, quando o parecer é dado, queremos estar aptos a demonstrar para aqueles que não tiveram projetos aprovados que o processo foi justo e baseado em critérios. Inclusive, recentemente introduzimos a prática de dar ao pesquisador acesso à avaliação que o assessor fez da sua proposta”, disse Prue Williams, gerente-geral de investimentos em ciência do Ministério dos Negócios, Inovação e Emprego da Nova Zelândia, à Agência FAPESP.
Com pouco menos de 5 milhões de habitantes, o país não conta com pesquisadores em número suficiente para avaliar os projetos de seus pares em cada uma das áreas do conhecimento. A solução foi criar uma rede internacional de assessores, a fim de tornar mais justo o processo de avaliação. “Gastamos bastante tempo rastreando assessores em volta do mundo que possam nos ajudar, tornando-se parte de um sistema”, disse Williams.
O tamanho reduzido da comunidade científica também é um problema para outro país, o Sri Lanka.
“A avaliação de um cientista acabaria sendo conhecida pelo outro e haveria críticas. Por isso, estudamos implantar algum sistema de inteligência artificial, que poderia ser usado para encontrar a posição exata daquela proposta, se a pesquisa já foi feita por alguém e qual o conhecimento existente sobre aquele assunto”, disse Ananda Jayawardane, diretor-geral da National Science Foundation do Sri Lanka.
Na China, com sua grande quantidade de pesquisadores e projetos submetidos anualmente, o uso de inteligência artificial para avaliar projetos de pesquisa também faz parte dos planos da National Natural Science Foundation of China (NSFC) para os próximos anos.
Jinghai Li, presidente da agência, explicou que dentro de cinco a 10 anos será adotado um sistema de revisão com auxílio de inteligência artificial e outras novas tecnologias, a fim de cruzar propostas de pesquisa com os assessores mais adequados para avaliá-las.
Enquanto o projeto não é implementado, a NSFC planeja um sistema de revisão por pares baseado em três princípios: reponsabilidade, mérito e contribuição para a área. O sistema é baseado na participação ativa dos cientistas, a fim de torná-lo mais justo, preciso e baseado na performance dos pesquisadores.
“No futuro, quando terminarmos essa reforma, originalidade e transdisciplinaridade serão a essência do nosso sistema”, disse Jinghai.
Jovens pesquisadores
Outro tópico do encontro foi o incentivo a jovens pesquisadores. Yoshiko Shirokizawa, diretora executiva da Japan Science and Technology Agency (JST), apresentou o ACT-X, novo programa da agência voltado para cientistas que concluíram o doutorado há menos de oito anos ou o bacharelado há menos de 13 anos (para aqueles que não realizaram doutoramento), a fim de incentivar o estabelecimento desses pesquisadores na carreira científica.
“O programa foi desenhado para dar suporte aos nossos jovens pesquisadores, dando estabilidade de financiamento de forma a que eles se mantenham focados em desenvolver inovações”, disse Shirokizawa.
Um destaque do programa é o fato de que no cálculo dos 13 anos é excluído qualquer período em que o proponente ficou de licença por conta de maternidade ou paternidade.
Outro novo programa da agência financia pesquisadores que, em determinado momento da carreira, precisam dedicar-se mais aos filhos ou cuidar de parentes doentes ou idosos, circunstâncias que muitas vezes afastam principalmente as mulheres da carreira científica.
A verba de 250 mil ienes por mês (equivalente a cerca de US$ 2.250) pode ser usada para despesas que contribuam com a pesquisa e ajudem a reduzir a carga de trabalho do pesquisador, seja na contratação de um assistente ou na compra de equipamentos e insumos que facilitem a realização de suas pesquisas.
Mais informações sobre a 8ª Reunião Anual do Global Research Council: www.fapesp.br/eventos/grc.
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