A ferramenta é versátil e permite criar jornadas específicas de acordo com a necessidade de cada usuário (foto: Kidopi/Divulgação)

Inovação
Acompanhante digital por WhatsApp dá segurança a pacientes fora do hospital
10 de janeiro de 2025

Sistema desenvolvido por startup apoiada pelo PIPE-FAPESP fornece informações e orientações após alta hospitalar

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A ferramenta é versátil e permite criar jornadas específicas de acordo com a necessidade de cada usuário (foto: Kidopi/Divulgação)

 

Roseli Andrion | Agência FAPESP – É sabido que o melhor ambiente para a recuperação do paciente é a sua própria casa. Mas isso pode ser um problema, já que ele próprio tem que decidir o que é ou não importante informar ao médico ou quando procurar uma unidade de saúde.

Para reduzir esses riscos, a startup Kidopi criou, com apoio do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP, um acompanhante digital, disponível no WhatsApp, que fornece informações e orientações ao paciente enquanto atua como guardião.

O cofundador e diretor-executivo da empresa especializada em informática médica, Mario Sérgio Adolfi Junior, conta que a ideia era oferecer uma ferramenta acessível e de fácil uso para o paciente. "Escolhemos o WhatsApp porque é uma plataforma bastante disseminada, familiar para o paciente e não requer downloads nem uso de interfaces complicadas.”

Segundo Adolfi Junior, a ferramenta é bastante versátil e permite criar jornadas específicas de acordo com a necessidade de cada usuário. “O grande desafio é o paciente não ter acompanhamento suficiente após sair do hospital. Ele muitas vezes não sabe identificar se está com algum sintoma grave e o resultado são idas e vindas à unidade de saúde”, afirma.

Depois de uma cirurgia, por exemplo, o sistema da Kidopi pode acompanhar o paciente para saber como está a recuperação e lembrá-lo de tomar os medicamentos. “Se houver algo errado, o paciente é orientado a ir para o hospital. É como se a gente pegasse na mão dele e o guiasse por todo o caminho.”

O diálogo com o paciente ocorre de maneira fluida pelo WhatsApp, já que o sistema usa processamento de linguagem natural — que permite que o usuário interaja como se estivesse em contato com um profissional de saúde. “Como o usuário conversa no WhatsApp, um aplicativo com o qual ele está acostumado, a adesão é alta. Ele fala da forma como está acostumado e o sistema entende e o guia nesse processo.”

Adolfi Junior conta que, entre os usuários que foram orientados a ficar em casa, 100% não tiveram problema. “Entre os que foram para o hospital, 75% deveriam ter ido mesmo. Eram casos em que havia algum ponto de gravidade importante e que foi necessária uma intervenção”, diz. “Em um projeto que fizemos em parceria com o hospital A.C. Camargo e a Johnson & Johnson, como os pacientes foram precocemente para a unidade de saúde, houve redução das complicações cirúrgicas em 67%.”

Quando o usuário é orientado a procurar uma unidade de saúde, todo o histórico de sua conversa com o sistema é enviado ao médico que vai recebê-lo. “Vai tudo para uma central do hospital, que recebe um alerta de que o paciente está a caminho e informa o que aconteceu. Se for necessário, um profissional de saúde pode entrar em contato com ele para obter mais informações.”

O serviço é gratuito para o paciente – o custo é do prestador de serviços de saúde: hospital, indústria farmacêutica ou plano de saúde, por exemplo. Isso permite maior adesão e democratização do acesso ao acompanhamento.

A versatilidade da solução permite que ela seja aplicada em outras situações, além do acompanhamento de pacientes após cirurgias. A Kidopi tem programas para diabetes, câncer, osteoporose e outras condições crônicas. Além disso, atua no monitoramento de idosos e de quem busca bem-estar, como em processos de emagrecimento. “Acompanhamos idosos para garantir maior qualidade de vida e prevenir complicações. É um acompanhamento amplo, que considera a saúde mental e emocional dos cuidadores”, explica.

A caminho da internacionalização

A solução da Kidopi já está nas mãos de milhares de pacientes. "A FAPESP foi essencial para conseguirmos transformar um projeto acadêmico em empresa", diz Adolfi Junior.

Atualmente, a empresa se prepara para expandir suas operações internacionalmente: com o auxílio de um novo projeto PIPE, já estão em desenvolvimento versões da solução em espanhol e inglês. "Estamos felizes de ter aberto nossa empresa no Estado de São Paulo e poder ter apoio para levar nossa tecnologia para ser competitiva globalmente."

A startup foi uma das selecionadas para participar de uma missão empresarial durante a FAPESP Week Spain, que aconteceu entre os dias 27 e 28 de novembro de 2024 na Faculdade de Medicina da Universidade Complutense de Madri (UCM), na capital espanhola.

O pesquisador avalia que a medicina digital tem grande potencial, especialmente para atender pacientes que precisam de cuidados constantes, como os idosos. "O mundo está envelhecendo rapidamente e soluções como a nossa serão essenciais para garantir que os idosos possam receber cuidados contínuos e de qualidade sem precisar estar constantemente internados." Embora a solução digital não substitua o médico nem o cuidado especializado, pode complementar e oferecer suporte ao criar uma rede de segurança para o paciente.

 

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