Etanol brasileiro é exemplo de como os países industrializados podem substituir parte de suas matrizes energéticas por um combustível renovável, afirmam participantes da BBEST (foto:Eduardo Cesar)

A lição do Brasil
19 de agosto de 2011

Etanol brasileiro é exemplo de como os países industrializados podem substituir parte de suas matrizes energéticas por um combustível renovável, afirmam participantes da Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference

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Etanol brasileiro é exemplo de como os países industrializados podem substituir parte de suas matrizes energéticas por um combustível renovável, afirmam participantes da Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference

19 de agosto de 2011

Etanol brasileiro é exemplo de como os países industrializados podem substituir parte de suas matrizes energéticas por um combustível renovável, afirmam participantes da BBEST (foto:Eduardo Cesar)

 

Por Elton Alisson, de Campos do Jordão

Agência FAPESP – O etanol brasileiro é um bom exemplo de como os países industrializados podem tornar os biocombustíveis uma alternativa para substituir parte de suas matrizes energéticas por uma fonte de energia renovável.

A avaliação foi feita pelos participantes de mesa-redonda sobre qual o volume de biocombustíveis que pode ser produzido no mundo, realizada durante a primeira Conferência Brasileira de Ciência e Tecnologia em Bioenergia (Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference, BBEST), que ocorreu de 14 a 18 de agosto em Campos do Jordão.

De acordo com dados apresentados por Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, cerca de 47% da energia utilizada no Brasil atualmente é proveniente de fontes renováveis, contra 13% da média mundial e 7,2% nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD, na sigla em inglês).

Do total de energia renovável utilizada no Brasil, 18% é derivada da cana-de-açúcar. “Isso é algo muito importante e nos leva a crer que é possível outros países industrializados terem mais de 25% de sua energia vinda de fontes renováveis”, disse.

Brito Cruz também destacou que, no Estado de São Paulo – que responde por 34% do PIB brasileiro –, há uma situação bastante singular. O número de veículos automotivos em relação à população é comparável ao de países como França, Espanha e Japão.

E o uso de etanol de cana-de-açúcar pela frota de veículos do estado, que consome 63% do volume de etanol produzido no país, fez com que a participação do petróleo na matriz energética estadual caísse de 60% para 33% no período de 1980 a 2008.

“Isso também mostra que, em algumas regiões do mundo, é possível dobrar a participação dos biocombustíveis em suas matrizes energéticas”, disse.

Para Richard Flavell, diretor científico da empresa de bioenergia Ceres, a quantidade de bioenergia que será produzida no mundo para substituir parte do petróleo nos próximos anos dependerá não apenas de fatores como a disponibilidade de terra para o cultivo de plantas que possam ser convertidas em combustível, mas da forma como esse processo será implementado.

“A realização dessa meta dependerá da criação bem-sucedida de canais de produção economicamente viáveis, estáveis e sustentáveis, como os que existem no Brasil para a produção de etanol da cana-de-açúcar”, apontou.

Flavell também destacou pontos como políticas governamentais, legislação nacional e internacional, tornar a conversão da biomassa lignocelulósica em biocombustíveis em um negócio rentável e os custos de produção de matérias-primas como fatores que deverão impactar no desenvolvimento de biocombustíveis no mundo.

Jeremy Woods, professor do Imperial College London, elencou quatro caminhos fundamentais para aumentar o suprimento de biomassa. “Será preciso expandir a área de cultivo de plantas que podem ser convertidas em biocombustíveis em escala nacional e global, aumentar o rendimento, reduzir custos e aumentar a eficiência da produção, da conversão e do uso da biomassa, integrando os benefícios”, disse.

Já na avaliação de Luiz Carlos Corrêa Carvalho, vice-presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), alguns dos principais desafios para o etanol brasileiro são retornar o ciclo de investimentos no setor, que foi afetado pela crise econômica global em 2008, além de reduzir a sazonalidade e a volatilidade de preço do combustível e aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento no setor.

“Isso terá importantes consequências na redução dos custos de fabricação do etanol brasileiro”, disse.

A 1st BBEST teve apoio da FAPESP, BIOEN-FAPESP, CNPq, Capes, CTBE, UNICA, Braskem, Embraer, BP Biofuels Brazil, Monsanto e Oxiteno.

Mais informações: www.bbest.org.br


 

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