Localização dos 100 pesquisadores mais produtivos (autores), agrupados por país (imagem: Maurício Roberto Cherubin et al./Nature)

Agricultura sustentável
Produção científica na área de saúde do solo se concentra em poucos países
14 de outubro de 2025

Regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas e à degradação ambiental são as que menos produzem conhecimento local sobre o tema

Agricultura sustentável
Produção científica na área de saúde do solo se concentra em poucos países

Regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas e à degradação ambiental são as que menos produzem conhecimento local sobre o tema

14 de outubro de 2025

Localização dos 100 pesquisadores mais produtivos (autores), agrupados por país (imagem: Maurício Roberto Cherubin et al./Nature)

 

Agência FAPESP – Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), campus de Piracicaba, e do Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCARBON) mostraram em estudo que regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas e à degradação ambiental são as que menos produzem conhecimento local sobre saúde do solo.

O CCARBON é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Esalq-USP.

A pesquisa revelou que a produção científica mundial sobre saúde do solo cresceu significativamente na última década, com 52% dos artigos publicados nos últimos cinco anos e 74% nos últimos dez anos. De acordo com Maurício Roberto Cherubin, professor da Esalq e pesquisador do CCARBON, saúde do solo é uma temática emergente no Brasil e no mundo, atraindo interesse não somente da academia, mas também do setor produtivo e de iniciativas governamentais.

“Solos saudáveis desempenham múltiplas funções críticas que sustentam a saúde planetária e humana, viabilizando a produção de alimentos, fibras e bionergias, sequestro de carbono, hábitat para a biodiversidade, armazenamento e ciclagem de nutrientes e regulação da água. Essas funções são cruciais para manter o equilíbrio do ecossistema, aumentar a resiliência climática e garantir a sustentabilidade a longo prazo”, disse Cherubin à Assessoria de Imprensa da Esalq.

Segundo o estudo, essa produção científica se concentra em poucos países, tais como China, Estados Unidos, Índia, Brasil e países europeus. Cerca de 70% dos estudos têm origem nos dez países que mais publicam nessa área. Esses países também apresentam as maiores cooperações científicas entre si e hospedam a maioria dos pesquisadores mais produtivos na área.

Os dados da pesquisa foram detalhados em artigo publicado na Communications Earth & Environment.

O trabalho ainda aponta os principais “pontos cegos”, regiões com pouca ou nenhuma pesquisa sobre saúde do solo, com destaque para a América Central e do Sul (exceto Brasil), África, Sudeste Asiático e Oriente Médio. Essas regiões são as mais vulneráveis pelas taxas elevadas de desmatamento, erosão severa e perda de biodiversidade. Além disso, estão entre as mais ameaçadas pelas mudanças climáticas.

Para Cherubin, esse aspecto do estudo é um dos mais críticos: “Como podemos avançar em termos de segurança alimentar e combate às mudanças climáticas se as regiões do globo mais vulneráveis a essas ameaças são justamente as regiões com a maior carência de informações e os menores investimentos em ciência? Consequentemente, são áreas com baixa capacidade de gerar tecnologias capazes de reverter esse cenário dentro de um prazo ainda viável, dada a urgência climática que vivemos”.

Para enfrentar esse cenário, os autores do artigo recomendam que a saúde do solo seja priorizada nas agendas nacionais, como a Brazilian Soil Health Partnership, e internacionais, com ampliação de investimentos, fortalecimento de redes de pesquisa locais e uso de ferramentas de monitoramento da saúde do solo que sejam simples e de baixo custo.

O artigo Global blind spots in soil health research overlap with environmental vulnerability hotspots pode ser lido em: www.nature.com/articles/s43247-025-02663-w.
 

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