Marco Antonio Zago, Carlos Gilberto Carlotti Junior, Vahan Agopyan e Antoine Petit (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)
FAPESP assinou memorando de entendimento para financiar projetos que serão realizados no âmbito do IRC
FAPESP assinou memorando de entendimento para financiar projetos que serão realizados no âmbito do IRC
Marco Antonio Zago, Carlos Gilberto Carlotti Junior, Vahan Agopyan e Antoine Petit (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)
Elton Alisson | Agência FAPESP – A FAPESP, o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), da França, e a Universidade de São Paulo (USP) assinaram nesta quarta-feira (27/03) um memorando de entendimento para financiar projetos científicos que serão realizados no âmbito do novo Centro Internacional de Pesquisa “Worlds in Transitions” (IRC).
Inaugurado no campus da USP, em São Paulo, o IRC será o quinto centro criado pelo CNRS em parceria com uma universidade. A instituição já estabeleceu parcerias semelhantes com as universidades do Arizona e de Chicago (Estados Unidos), com o Imperial College London (Reino Unido) e com a Universidade de Tóquio (Japão). Está prevista a inauguração de um sexto centro no Canadá, disse Antoine Petit, presidente do CNRS, em entrevista coletiva durante a inauguração do IRC na USP.
Entrada do novo Centro Internacional de Pesquisa “Worlds in Transitions”, na USP (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)
“Temos um número limitado desses centros no mundo porque eles exigem um forte engajamento para realizar os projetos que realmente queremos desenvolver”, afirmou o dirigente.
Segundo ele, alguns dos fatores determinantes para a escolha da USP para sediar o novo centro foram o papel desempenhado pela universidade na produção científica brasileira e o forte apoio da FAPESP.
“Procuramos sempre desenvolver cooperação com as melhores instituições de pesquisa em todo o mundo e claramente sabemos que a USP é um ator importante no Brasil e se destaca entre as universidades brasileiras, como mostram os rankings internacionais. Já tínhamos cooperação com a USP e outras instituições no Brasil, mas vimos que deveríamos avançar para um novo patamar”, disse.
O objetivo do IRC será promover a colaboração entre o CNRS e a USP em pesquisa e na formação acadêmica de estudantes de graduação, pós-graduação, pós-doutorandos e jovens pesquisadores.
Os projetos de pesquisa serão focados, inicialmente, em sete áreas prioritárias: humanidades, oceanos, descarbonização, biodiversidade, computação de alto desempenho, imunologia e tecnologias quânticas – questões emergentes em um mundo em transição. Mas não está descartado o apoio a projetos sobre outros temas, ponderou Petit.
“Temos interesse comum em temas como a floresta amazônica e a biodiversidade, mas se pesquisadores das duas instituições [USP e CNRS] dispostos a realizar projetos em colaboração sobre outros assuntos que não sejam nossas prioridades nos procurarem deixaremos a porta aberta”, sublinhou.
De acordo com Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, a Fundação apoiará projetos de pesquisa colaborativa entre pesquisadores vinculados à USP e ao CNRS, além de seminários, reuniões e outras atividades científicas, com volume de recursos semelhante ao aportado pelo CNRS. A contrapartida econômica da USP será na forma de salários de pesquisadores e de pessoal de apoio, infraestrutura e instalações do IRC.
Como parte da iniciativa de apoio à instalação de centros internacionais de pesquisa no Estado de São Paulo, como o IRC, a FAPESP reservou o valor de R$ 30 milhões para a USP, que, com a concordância dos órgãos de governança do IRC, poderá ser mobilizado de acordo com os instrumentos regulares da FAPESP.
“A instalação do novo centro do CNRS na USP faz parte de uma estratégia da FAPESP, das universidades e de instituições de pesquisa do Estado de São Paulo de tornar nossa ciência mais internacional, trazendo importantes instituições de pesquisa para que tenham presença permanente aqui”, disse Zago.
“O CNRS trará pesquisadores da França para trabalhar aqui, no novo centro, junto com pesquisadores da USP. Essa mesma dinâmica já está acontecendo no Instituto Pasteur de São Paulo e no ICTP [Instituto Sul-Americano para Pesquisa Fundamental, instalado no campus da Universidade Estadual Paulista (Unesp), na capital paulista]”, exemplificou o dirigente.
Na avaliação de Carlos Gilberto Carlotti Junior, reitor da USP, o novo centro representa mais um passo na internacionalização da universidade paulista e da ciência brasileira.
“Acreditamos que a internacionalização é uma ferramenta extremamente importante para melhorarmos a formação de nossos alunos e qualificarmos nossas pesquisas. Primeiro investimos na mobilidade dos pesquisadores, depois no desenvolvimento de pesquisas conjuntas. Agora, estamos procurando estabelecer parcerias com vários laboratórios internacionais, trazendo pesquisadores estrangeiros para trabalhar com nossos pesquisadores, estudando e procurando soluções para problemas em conjunto”, afirmou.
Na opinião de Vahan Agopyan, secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, a instalação do IRC na USP representa uma conquista para o Estado de São Paulo.
“Estamos muito satisfeitos que São Paulo está conseguindo atrair instituições internacionais do porte do CNRS, oferecendo condições e um ambiente ideal para o desenvolvimento científico”, avaliou.
Laboratório internacional de pesquisa
Durante a inauguração do IRC, o CNRS e a USP também assinaram um acordo para instalação de um Laboratório Internacional de Pesquisa (IRL) na área de imunologia na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).
O CNRS mantém 80 laboratórios do gênero, em diversas áreas, que reúnem pesquisadores, estudantes, pós-doutorandos, engenheiros e técnicos do CNRS e de instituições parceiras.
“Desde janeiro deste ano já há um cientista francês, que será um dos chefes do laboratório de pesquisa em imunologia, trabalhando na USP. Esse laboratório já está começando a funcionar e devemos inaugurar em setembro outro na área de humanidades e ciências sociais”, disse Petit.
Durante a visita à nova sede do IRC, o dirigente anunciou a transferência do escritório do CNRS na América do Sul do Rio de Janeiro para São Paulo, na USP.
“O fato de estarmos aqui [na USP] facilitará nosso relacionamento”, avaliou Petit.
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