Uma das salas virtuais mais concorridas do Second Global Forum of Funders enfocou os desafios e as oportunidades de colaborações multilaterais em pesquisa voltada para ação no campo da mudança climática global (foto: Andreas Weith/Wikimedia Commons)

Mudança climática global: pesquisar para atuar já
06 de maio de 2021

Uma das salas virtuais mais concorridas do Second Global Forum of Funders enfocou os desafios e as oportunidades de colaborações multilaterais em pesquisa voltada para ação no campo da mudança climática global

Mudança climática global: pesquisar para atuar já

Uma das salas virtuais mais concorridas do Second Global Forum of Funders enfocou os desafios e as oportunidades de colaborações multilaterais em pesquisa voltada para ação no campo da mudança climática global

06 de maio de 2021

Uma das salas virtuais mais concorridas do Second Global Forum of Funders enfocou os desafios e as oportunidades de colaborações multilaterais em pesquisa voltada para ação no campo da mudança climática global (foto: Andreas Weith/Wikimedia Commons)

 

José Tadeu Arantes  |  Agência FAPESP – Uma das salas virtuais mais concorridas no terceiro e último dia do Second Global Forum of Funders (28/04) teve foco nos desafios e oportunidades de colaborações multilaterais em pesquisa voltada para ação no campo da mudança climática global.

A apresentação foi feita por Anand Patwardhan, pesquisador da University of Maryland, nos Estados Unidos, e copresidente da Adaptation Research Alliance (ARA), uma coalizão de pesquisadores, financiadores de pesquisas e financiadores de ações que objetiva acelerar os investimentos em pesquisa para adaptação e resiliência em países em desenvolvimento.

Às vésperas da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 26), a ser realizada em Glasgow, na Escócia, em novembro, o cenário, segundo Patwardhan, é bastante desfavorável, com subinvestimento em pesquisa orientada a missão; desconexão entre a pesquisa e as necessidades dos mais vulneráveis; falta de alinhamento entre as diferentes iniciativas e barreiras institucionais; pouca coerência e coordenação em pesquisa adaptativa; capacidade limitada em comunidades e países em desenvolvimento; e falta de métricas para avaliar os resultados.

Esse é o quadro que, juntamente com outras iniciativas, a ARA espera reverter, por meio de planejamento e cooperação, mobilização de recursos e entrega de resultados. “O objetivo é reduzir os riscos climáticos e construir resiliência; implementar o acesso a financiamentos para adaptação à mudança climática; e aumentar a capacidade de os países em desenvolvimento utilizarem pesquisa que promova adaptação local e soluções de resiliência”, disse Patwardhan.

Jean Ometto, que integra a coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), sublinhou a necessidade de agregar as comunidades locais desde o início do plano de pesquisa; a importância de motivar os agentes privados, que, no Brasil, por exemplo, ainda têm uma participação bem abaixo de suas possibilidades; e chamar as gerações mais jovens a contribuir com seu entusiasmo e energia.

Ação para mudar o jogo

Em seu painel de conclusões Heide Hackmann, diretora executiva do International Science Council (ICS), enfatizou a importância de reunir regularmente o Global Forum of Funders como uma plataforma aberta para congregar diferentes tipos de financiadores: públicos, privados, filantrópicos e agências internacionais de ajuda ao desenvolvimento. O objetivo é facilitar a deliberação sobre tendências emergentes, prioridades e novas iniciativas; a troca de informações estratégicas, ideias e experiências sobre as melhores práticas; e a identificação e promoção de novas oportunidades de parceria.

“Mas o Fórum precisa ser mais do que um palco de conversas. Deve servir como uma comunidade de propósito comum, comprometida em trabalhar com a comunidade científica internacional e outras comunidades interessadas, para convocar, ajudar a moldar e apoiar ações baseadas na ciência para mudar o jogo rumo a transformações de sustentabilidade global”, disse.

A expressão “ação para mudar o jogo” foi o fio condutor das várias discussões nos três dias do Fórum. Ao explicitar as características dessa ação, Hackmann destacou: reconhecer e resolver as falhas do sistema de financiamento da ciência e da própria ciência; ser global no escopo, equitativa nas parcerias que promove e orientada a missão; habilitar a ciência transformadora; aproveitar e agregar valor às iniciativas políticas e científicas de sustentabilidade existentes; ser ousada em suas ambições de mobilização de recursos; estar livre de interesses particulares, seja em nível individual, institucional ou nacional; convocar uma coalizão de mudança das várias partes interessadas; ser defendida nos mais altos níveis de liderança política. E, por último: ser implementada rapidamente.

“O quadro para ação global, apresentado ao Fórum, fornece um ponto de partida útil e apropriadamente ousado, um plano adequado para o tipo de ação para mudar o jogo que temos em mente. Mas há trabalho a ser feito, com base nas contribuições valiosas feitas durante o próprio encontro, para elaborar e aprimorar essa estrutura”, afirmou a diretora executiva.

E apontou os tópicos a serem desenvolvidos: O que torna esse quadro único? Qual é o valor agregado? Como ele difere e se relaciona com outras iniciativas internacionais, como a Future Earth? O modelo institucional de “centros de missão” é apropriado? Que mecanismos alternativos de apoio a missões devem ser considerados? Que tipo de modelo de financiamento seria necessário? Qual seria o papel e a responsabilidade dos financiadores da ciência? Quem mais precisaria ser contratado? Qual seria o indicador do sucesso?

“Queremos identificar e trazer lideranças políticas relevantes, que estejam dispostas a trabalhar conosco, com a ciência global e as comunidades de financiamento da ciência, para projetar e entregar o que essencialmente terá que ser uma campanha e um plano de ação concreto, compatíveis com o desafio que enfrentamos”, sublinhou Hackmann.

Confira também os debates do primeiro e do segundo dia do Second Global Forum of Funders.
 

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