Estudo realizado com base em dados de mais de 400 mil pessoas mostrou que o aumento da proporção de exercícios vigorosos reduz mortalidade em 17% na comparação com o grupo que realiza apenas atividades moderadas (foto: Wikimedia Commons)

Incluir exercícios mais intensos à prática regular de atividade física aumenta a longevidade
16 de março de 2021
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Estudo realizado com base em dados de mais de 400 mil pessoas mostrou que o aumento da proporção de exercícios vigorosos reduz mortalidade em 17% na comparação com o grupo que realiza apenas atividades moderadas

Incluir exercícios mais intensos à prática regular de atividade física aumenta a longevidade

Estudo realizado com base em dados de mais de 400 mil pessoas mostrou que o aumento da proporção de exercícios vigorosos reduz mortalidade em 17% na comparação com o grupo que realiza apenas atividades moderadas

16 de março de 2021
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Estudo realizado com base em dados de mais de 400 mil pessoas mostrou que o aumento da proporção de exercícios vigorosos reduz mortalidade em 17% na comparação com o grupo que realiza apenas atividades moderadas (foto: Wikimedia Commons)

 

Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – A prática regular de atividade física já está mais que estabelecida como uma forma eficaz de garantir qualidade de vida e reduzir a mortalidade. Um estudo recente publicado na revista JAMA Internal Medicine mostrou, no entanto, que não só a regularidade, mas também a intensidade da atividade física resulta em maior longevidade.

A conclusão é de um estudo realizado com base em dados de 403.681 pessoas, em que se comparou a redução da mortalidade associada a diferentes combinações de exercícios de intensidades moderadas e vigorosas dentro do tempo recomendado pela  Organização Mundial de Saúde (OMS), de 150 a 300 minutos por semana.

“Qualquer tipo de atividade física regular é melhor do que nada. No entanto, o que vimos no nosso estudo foi que incluir exercícios vigorosos – como futebol e corrida, por exemplo – na prática semanal está associado à redução de mortalidade. Na comparação com adultos que realizaram apenas atividades moderadas, aqueles que fazem metade ou 75% de atividade vigorosa do total da semana tiveram 17% de redução da mortalidade em geral, que inclui entre diferentes causas a mortalidade por doenças cardiovasculares e câncer”, diz Leandro Rezende, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp) que coordenou o estudo.

Rezende, que foi bolsista da FAPESP na pesquisa de doutorado e pós-doutorado, tem realizado análises com base em dados populacionais para identificar associações entre atividade física, nutrição e redução de doenças crônicas, especialmente o câncer, bem como estudos de modelagem do impacto de intervenções e políticas públicas voltadas à alimentação saudável e promoção de atividade física na redução de doenças e gastos com saúde.

Nesse artigo publicado no JAMA, ele contou com a colaboração de pesquisadores da Universidade de Wuhan (China), Universidade de Santiago do Chile (Chile) e da Universidade Europeia Miguel de Cervantes (Espanha). Rezende utilizou dados populacionais do The National Health Interview Survey, realizado nos Estados Unidos, que acompanha 403.681 pessoas anualmente com questionários e análises sobre a prática de atividade física e referente à saúde.

“Com a análise conseguimos responder uma antiga pergunta: o que é melhor, atividade moderada ou vigorosa? Mostramos que as duas são importantes, mas que dar maior intensidade à atividade física regular reduz ainda mais a mortalidade. O resultado do estudo reforça a recomendação da OMS de pelo menos de 150 a 300 minutos de atividade física de intensidade moderada por semana, ou 75 a 150 minutos de atividade física de intensidade vigorosa, ou uma combinação equivalente das intensidades das atividades”, diz.

A intensidade de uma atividade física é medida pela unidade de equivalente metabólico, ou a quantidade de gasto energético – que é produzido por quilo de peso por minuto. Atividades moderadas, como uma caminhada leve de deslocamento, passear de bicicleta ou atividades domésticas que envolvem gasto energético variam de 3 a 6 unidades de equivalente metabólico. Já natação, dança, pedalar em uma velocidade mais alta, correr, e praticar esportes como futebol, handebol e boxe são atividades vigorosas, que correspondem a mais de 7 unidades de equivalente metabólico.

“Primeiro comparamos os adultos que não praticavam atividade física com aqueles que praticavam alguma atividade física na semana, independentemente da intensidade. Com isso vimos que adultos que praticavam alguma atividade física, a despeito da idade e de outros fatores, apresentavam menor mortalidade [comparado com quem nunca deixou de ser sedentário]. Não importa se a atividade é moderada ou vigorosa. Só que a magnitude dessa redução da mortalidade é maior para atividade vigorosa que para atividades moderadas. Esses resultados corroboram as últimas recomendações da OMS para atividade física”, afirma.

Na análise dos que realizaram pelo menos alguma atividade física durante a semana, os pesquisadores calcularam a porcentagem de exercícios vigorosos e moderados na prática semanal.

“Um indivíduo que faz 75 minutos de atividade física vigorosa realiza o equivalente a 150 minutos de atividade moderada no percentual da participação da atividade vigorosa no total de atividade física semanal”, explica Rezende.

Para “calibrar” os dados de um grande número de indivíduos com diferentes históricos, os pesquisadores precisaram incluir outros fatores que poderiam interferir no resultado final, evitando assim “vieses”. “Foi necessário ajustar a análise com o que chamamos de variáveis de confusão, que poderiam interferir no resultado de um estudo relacionado à longevidade, que monitora essas pessoas por anos. Com isso precisamos ajustar fatores como tabagismo, doenças existentes no início do estudo, consumo de álcool e outras variáveis que poderiam explicar essas associações”, diz.

O artigo Association of Physical Activity Intensity With Mortality - A National Cohort Study of 403.681 US Adults (doi: 10.1001/jamainternmed.2020.6331), de Yafeng Wang, Jing Nie, Gerson Ferrari, Juan Pablo Rey-Lopez, Leandro F. M. Rezende, pode ser lido em https://jamanetwork.com/journals/jamainternalmedicine/article-abstract/2772939.
 

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