Sofosbuvir já é utilizado no tratamento da hepatite C e passou por todos os testes para uso humano. Isso possibilita que venha a ser mais facilmente empregado em eventual epidemia de chikungunya prevista para os próximos dois anos (a imagem mostra hematócitos humanos obtidos do fígado. À esquerda, infectados pelo chikungunya. À direita, desinfectados por ação do sofosbuvir, cuja fórmula molecular está no meio da figura / divulgação)
Sofosbuvir já é utilizado para tratar hepatite C e passou por todos os testes para uso humano. Isso aumenta suas chances de ser empregado em eventual epidemia de chikungunya prevista para os próximos dois anos
Sofosbuvir já é utilizado para tratar hepatite C e passou por todos os testes para uso humano. Isso aumenta suas chances de ser empregado em eventual epidemia de chikungunya prevista para os próximos dois anos
Sofosbuvir já é utilizado no tratamento da hepatite C e passou por todos os testes para uso humano. Isso possibilita que venha a ser mais facilmente empregado em eventual epidemia de chikungunya prevista para os próximos dois anos (a imagem mostra hematócitos humanos obtidos do fígado. À esquerda, infectados pelo chikungunya. À direita, desinfectados por ação do sofosbuvir, cuja fórmula molecular está no meio da figura / divulgação)
José Tadeu Arantes | Agência FAPESP – Estudo realizado no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) mostrou que o fármaco sofosbuvir, utilizado no tratamento da hepatite C crônica, é capaz de eliminar também os vírus da chikungunya e da febre amarela.
“Células humanas infectadas pelo vírus da chikungunya foram tratadas com sofosbuvir e o fármaco eliminou o vírus sem danificar as células. A droga se mostrou 11 vezes mais efetiva contra o vírus do que contra as células”, disse uma das autoras do estudo, Rafaela Milan Bonotto.
O estudo relativo à chikungunya foi realizado no âmbito do doutorado de Bonotto com Bolsa da FAPESP, com orientação do professor Lucio Freitas-Junior.
Artigo a respeito, assinado por Bonotto, Freitas-Junior e colaboradores, está disponível na plataforma aberta F1000Research. O artigo sobre a pesquisa relativa à febre amarela deverá ser publicado brevemente.
A descoberta tem enorme importância para a saúde pública, pois uma epidemia de chikungunya está prevista para os próximos dois anos no Brasil (leia em agencia.fapesp.br/27975).
“O processo para obtenção de um fármaco é extremamente demorado e caro. O tempo entre o início da pesquisa e a disponibilização do produto no mercado é, em média, de 12 anos. O custo é da ordem de US$ 1,5 bilhão ou mais. O sofosbuvir é uma droga que passou por todo o processo de aprovação para uso humano. Isso possibilita que ela possa vir a ser utilizada contra a chikungunya em um a três anos. O custo, estimado em cerca de US$ 500 mil, seria muito menor”, disse Freitas-Junior.
O pesquisador lembra que a chikungunya é uma doença grave não apenas pelo episódio agudo em si – que apresenta um quadro semelhante ao da dengue –, mas por poder deixar como sequela dores articulares altamente debilitantes, que se estendem por meses ou anos, e podem eventualmente incapacitar a pessoa a exercer sua atividade profissional e até mesmo a sair da cama.
“Não há vacina desenvolvida e as ferramentas para diagnóstico ainda precisam ser otimizadas. O sofosbuvir é algo concreto que pode se tornar uma ferramenta poderosa para lutar contra esse vírus. Os resultados de nossa pesquisa possibilitam que as instituições eventualmente interessadas deem início aos ensaios clínicos”, disse Freitas-Junior.
“Ainda não sabemos com precisão como a droga atua em termos moleculares. O que constamos foi o resultado macroscópico: a eliminação do vírus e a preservação das células. No tratamento da hepatite C, o sofosbuvir se mostrou efetivo por inibir a proteína que sintetiza o genoma viral. Pode ser que ocorra o mesmo no caso da chikungunya, mas o mecanismo de ação ainda precisa ser elucidado”, afirmou Bonotto.
O estudo foi conduzido na Phenotypic Screening Platform (PSP), uma nova iniciativa do Departamento de Microbiologia do ICB-USP. A PSP desenvolve ensaios de triagem fenotípica, utilizados com sucesso na descoberta de fármacos com novos mecanismos de ação.
A plataforma tem um portfólio com mais de 15 tipos diferentes de ensaios fenotípicos, conduzidos nos padrões preconizados pela indústria farmacêutica. Os ensaios têm sido empregados na estratégia de reposicionamento de fármacos para doenças infecciosas.
Além de Bonotto e de Freitas-Junior, participaram do estudo: Glaucia Souza-Almeida, Soraya Jabur Badra, Luiz Tadeu Figueiredo e Carolina Borsoi Moraes.
O artigo Evaluation of broad-spectrum antiviral compounds against chikungunya infection using a phenotypic screening strategy pode ser lido em https://f1000research.com/articles/7-1730/v1.
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