Voar sem jet lag
08 de novembro de 2005

Em estudo com 44 voluntários, pesquisadores norte-americanos mostram que o uso da melatonina aliado ao ajuste do período de sono evita o desconforto causado pela mudança de fuso horário em viagens longas

Voar sem jet lag

Em estudo com 44 voluntários, pesquisadores norte-americanos mostram que o uso da melatonina aliado ao ajuste do período de sono evita o desconforto causado pela mudança de fuso horário em viagens longas

08 de novembro de 2005

 

Agência FAPESP - Uma viagem longa, como ao Japão ou à Austrália – ou de lá para cá –, traz para a maioria um lado desagradável. Além do enorme tempo gasto a bordo de dois ou mais aviões, há o inevitável jet lag, o desconforto causado pela mudança de fuso horário que traz sintomas como sonolência ou irritabilidade.

A boa notícia é que esse problema pode ser evitado, como um novo estudo acaba de demonstrar. É sabido que a alteração dos horários de dormir antes da viagem, de modo a se adaptar ao novo fuso, ajuda. Agora, um grupo de cientistas dos Estados Unidos investigou o efeito dessa mudança aliado à ingestão de melatonina e ao uso da caixa de luz, equipamento que simula a luz do dia empregado para tratar alguns distúrbios do sono.

Os pesquisadores do Centro Médico da Universidade Rush, em Chicago, contaram com a ajuda de 44 voluntários, 24 homens e 20 mulheres, entre 19 e 45 anos. Os participantes foram divididos em três grupos. O primeiro recebeu doses diárias de 0,5 mg de melatonina, hormônio produzido pela glândula pineal que tem sido empregada no tratamento de insônia. O segundo grupo recebeu 3 mg por dia e o terceiro foi tratado com placebo.

Cada participante foi inicialmente submetido a um período de oito horas diárias de sono por seis dias, seguido por outros três dias em que dormiram no laboratório. Posteriormente, os voluntários passaram a receber doses de melatonina ou placebo, enquanto os novos ciclos diários eram ajustados com a ajuda da caixa de luz.

Os cientistas verificaram que aqueles que receberam melatonina se adaptaram muito mais rapidamente aos novos horários, além de não terem experimentado os sintomas comuns no jet lag. Como a diferença na adaptação foi bastante similar nos dois grupos submetidos ao hormônio, os pesquisadores recomendam o uso da menor dose, uma vez que a maior provocou mais sonolência durante o dia.

"Os resultados são muito práticos. Um viajante de negócios pode adquirir a melatonina em uma farmácia e comprar ou alugar uma caixa de luz [que custa cerca de US$ 250 nos Estados Unidos]. Então, antes de viajar, pode ir para a cama uma hora e acordar uma hora mais cedo a cada dia. Se fizer isso pelo número de dias equivalente ao número de fusos horários que irá cruzar, estará completamente ajustado e não sofrerá com o jet lag", afirma Charmane Eastman, principal autora da pesquisa, em comunicado da The Endocrine Society, que publicou o estudo em seu periódico Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism.

Os pesquisadores acreditam que o tratamento também possa ser usado por quem tenha que mudar o período de trabalho e por portadores da síndrome de atraso de fase de sono, uma condição que resulta em diferenças entre o relógio biológico do indivíduo e o seu ambiente social.

Advancing human circadian rhythms with afternoon melatonin and morning intermittent bright light, de Victoria Revell, Helen Burgess, Clifford Gazda, Mark Smith, Louis Fogg e Charmane Eastman, pode ser lido no site do Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, em http://jcem.endojournals.org


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