Descoberta da mais antiga espécie de morcego resolve uma antiga dúvida que vinha desde a época de Darwin, ao demonstrar que a capacidade de voar precedeu a de ecolocalização, a navegação por ecos (foto: Museu Real de Ontário)
Descoberta da mais antiga espécie de morcego resolve uma antiga dúvida que vinha desde a época de Darwin, ao demonstrar que a capacidade de voar precedeu a de ecolocalização, a navegação por ecos
Descoberta da mais antiga espécie de morcego resolve uma antiga dúvida que vinha desde a época de Darwin, ao demonstrar que a capacidade de voar precedeu a de ecolocalização, a navegação por ecos
Descoberta da mais antiga espécie de morcego resolve uma antiga dúvida que vinha desde a época de Darwin, ao demonstrar que a capacidade de voar precedeu a de ecolocalização, a navegação por ecos (foto: Museu Real de Ontário)
Para ajudar no vôo e na busca de presas no escuro, os noturnos morcegos usam de uma capacidade notável chamada de ecolocalização (ou ecolocação), um sistema de navegação baseado na identificação de obstáculos a partir da emissão de sons de alta freqüência produtores de ecos.
Um novo estudo acaba de identificar a mais antiga espécie de morcego descoberta até o momento e, de quebra, demonstra que eles aprenderam primeiro a voar. A pesquisa, feita a partir de fósseis encontrados na formação Green River, no Wyoming, Estados Unidos, está descrita na edição de 14 de fevereiro da revista Nature.
O fóssil de um esqueleto quase completo, extremamente bem preservado, permitiu a descrição da nova espécie, Onychonycteris finneyi, que contava com asas totalmente desenvolvidas para voar, mas cuja morfologia das orelhas indica que não era capaz de se ecolocalizar.
A descoberta foi feita por uma equipe de cientistas liderada por Nancy Simmons, chefe da Divisão de Zoologia de Vertebrados e curadora do Museu de História Natural dos Estados Unidos. "O Onychonycteris finneyi finalmente nos deu uma resposta: primeiro veio a evolução do vôo e, depois, a ecolocalização", disse Nancy.
A capacidade de ecolocalização dos morcegos foi identificada há cerca de 50 anos e, por muito tempo, a teoria mais aceita foi que ela precedeu a de voar. Os defensores sugeriam que ancestrais terrestres dos morcegos teriam desenvolvido a ecolocalização para detectar insetos. Em seguida, teriam evoluído os membros e começaram a pular até que, finalmente, ganharam os céus.
Morcegos representam uma das maiores e mais diversas ordens de mamíferos. De cada cinco espécies de mamíferos, uma é de um morcego. A descoberta do mais primitivo membro da ordem Chiroptera foi enfatizada pelos cientistas – o fóssil descrito agora foi encontrado em 2003.
"Logo na primeira vez que o vimos soubemos que era especial, pois se tratava de um morcego diferente de todos os outros conhecidos anteriormente. Em muitos aspectos, ele representa um elo perdido entre os morcegos e seus ancestrais não voadores", disse Nancy.
Datação feita pelos pesquisadores do fóssil encontrado estimam que o morcego teria vivido há 52 milhões de anos, quando a espécie não era mais a única: fósseis de outro morcego, Icaronycteris, foram encontrados anteriormente na mesma formação. Essa espécie mais nova já contava com a capacidade de ecolocalização.
O exame detalhado do Onychonycteris finneyi revelou outros detalhas surpreendentes, como garras nos cinco dedos de cada pata – os morcegos modernos têm garras em um ou dois apenas. As proporções dos membros também eram diferentes, com antebraços mais curtos e pernas mais longas. As formas sugerem que a espécie deve ter sido uma hábil escaladora.
As asas eram curtas, o que indica que não voava tão velozmente quanto as espécies posteriores. Segundo o estudo, o morcego primitivo deveria alternar entre bater as asas e planar. Análise dos dentes indica que a dieta consistia principalmente de insetos, como a maioria dos atuais.
O artigo Primitive Early Eocene bat from Wyoming and the evolution of flight and echolocation, de Nancy Simmons e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.
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