Livro sintetiza teorias do francês Paul Georges Bertrand, conhecido por integrar geografia humana e física. Autor desenvolveu modelo híbrido de análise do meio ambiente com base em geossistemas, território e paisagem

Visão transversal na geografia
06 de junho de 2007

Livro sintetiza teorias do francês Paul Georges Bertrand, conhecido por integrar geografia humana e física. Autor desenvolveu modelo híbrido de análise do meio ambiente com base em geossistemas, território e paisagem

Visão transversal na geografia

Livro sintetiza teorias do francês Paul Georges Bertrand, conhecido por integrar geografia humana e física. Autor desenvolveu modelo híbrido de análise do meio ambiente com base em geossistemas, território e paisagem

06 de junho de 2007

Livro sintetiza teorias do francês Paul Georges Bertrand, conhecido por integrar geografia humana e física. Autor desenvolveu modelo híbrido de análise do meio ambiente com base em geossistemas, território e paisagem

 

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – O geógrafo Paul Georges Bertrand, professor da Universidade de Toulouse, na França, desenvolveu, ao longo de sua carreira, um novo modelo de análise que integrou a geografia humana e física e exerceu influência entre pesquisadores da área de diversos países.

Acaba de ser lançado no Brasil o livro Uma geografia transversal e de travessias. O meio ambiente através dos territórios e das temporalidades, que sintetiza a trajetória do trabalho de Bertrand entre 1968 e 1995.

O modelo GTP (Geossistemas, Território e Paisagem), conceito central da obra do geógrafo, permitiu uma abordagem mais completa da questão ambiental e uma leitura mais profunda das dinâmicas da paisagem e de sua evolução, de acordo com o professor Messias Modesto dos Passos, do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Presidente Prudente, que traduziu a obra para o português.

"O trabalho de Bertrand teve grande repercussão entre os geógrafos brasileiros desde a publicação de seu primeiro artigo, em 1968. Em 2006, conseguimos, com apoio da FAPESP, trazê-lo para uma série de conferências no Brasil, durante um mês. A tradução que sai agora é resultado dessa visita", disse Passos à Agência FAPESP.

Segundo Passos, a visita do geógrafo francês respondeu a uma necessidade do Projeto Temático da FAPESP Dinâmicas Socioambientais, Desenvolvimento Local e Sustentabilidade, coordenado pelo professor da Unesp. "Quando o projeto foi aprovado, os pareceristas destacaram o desafio de adaptar o grupo à análise integrada da geografia, que é exatamente a linha aprofundada por Bertrand", afirmou.

A principal preocupação de Bertrand, segundo Passos, é superar a abordagem setorizada tradicional da geografia – que separa as análises sobre relevo, clima e vegetação, por exemplo – e fazer uma abordagem integrada a partir de um modelo híbrido.

"Um dos avanços do modelo GTP é trabalhar os geossistemas como um conceito antrópico, ou seja, no modelo híbrido. O que interessa não é explicar a sociedade, mas o funcionamento do território modificado pela sociedade. Ele trata de uma natureza transformada pela ação humana", explicou.

"Bertrand propõe uma geografia transversal. Ele aborda a questão ambiental a partir dessa necessidade da geografia de trabalhar a interdisciplinaridade. O meio ambiente é visto por meio dos territórios e das temporalidades", disse Passos.


Meio ambiente: do complicado ao complexo

Em sua carreira, Bertrand tem procurado desenvolver um vocabulário específico para a temática ambiental. "Ele considera que o meio ambiente é tratado sem a devida precisão etimológica, metodológica e teórica. Dentro de sua visão interdisciplinar, ele se preocupa em estabelecer um vocabulário adequado que defina estratégias teóricas e metodológicas", explicou Passos.

O GTP possibilita três entradas para a questão ambiental: os geossistemas são vistos a partir da ação humana; o território e o aproveitamento de seus recursos caracterizam a interação entre natureza e a sociedade; e a paisagem configura uma análise subjetiva da identidade cultural e dos grupos sociais.

"Com essa tripla abordagem, o meio ambiente não é mais tratado a partir de uma natureza congelada, mas sim de uma natureza antropizada. Bertrand passa de uma visão do meio ambiente que ele classifica como ‘complicada’ – isto é, setorizada, dividida em disciplinas – para uma visão classificada como ‘complexa’, que é mais realista", disse Passos.

O modelo híbrido permitiu, de acordo com o professor da Unesp, aproximar aspectos científicos naturais (como geomorfologia, ecologia vegetal e climatologia) dos sociais (como territorialização do espaço, percepção, fenomenologia e simbologia política).

Mais informações sobre o livro podem ser obtidas pelo e-mail passos@stetnet.com.br


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