Seções de pulmão de camundongo sem eosinófilos (esq.) e com eosinófilos demonstram a dependência da inflamação pulmonar nas atividades da células (foto: Science)

Vilão da asma
17 de setembro de 2004

Dois grupos norte-americanos, em pesquisas independentes, revelam novas ligações importantes entre os eosinófilos, um grupo específico de células do sistema imunológico humano, e o desencadeamento de alguns sintomas identificados em pessoas asmáticas

Vilão da asma

Dois grupos norte-americanos, em pesquisas independentes, revelam novas ligações importantes entre os eosinófilos, um grupo específico de células do sistema imunológico humano, e o desencadeamento de alguns sintomas identificados em pessoas asmáticas

17 de setembro de 2004

Seções de pulmão de camundongo sem eosinófilos (esq.) e com eosinófilos demonstram a dependência da inflamação pulmonar nas atividades da células (foto: Science)

 

Agência FAPESP - Com o auxílio de camundongos geneticamente modificados, novas evidências, publicadas na edição desta sexta-feira (17/9) da revista Science, devem transformar algumas suspeitas antigas em realidade. Há mais de um século, a ligação entre os eosinófilos – grupo de células do sistema imunológico humano – e a asma é debatida no mundo científico.

A polêmica da importância ou não desse tipo de leucócitos (células brancas do sangue) para a asma e outras doenças alérgicas sempre existiu, mas agora os eosinófilos, segundo os dois estudos, podem ser considerados mais vilões do que nunca.

Um grupo de 16 pesquisadores, liderado por James Lee, da Clinica Mayo do Arizona, conseguiu provar a importância dessas células por meio de uma experiência realizada com ratos transgênicos. Os cientistas desenvolveram um animal sem a presença de eosinófilos no sangue, mas com todas as outras células do sistema imune mantidas pela transgenia.

Ao ser provocado um ataque de asma nesses ratos transgênicos, os pesquisadores se depararam com uma situação interessante. Sem os leucócitos específicos no sangue, que podem estar ligados com o surgimento dos sintomas da asma, os animais no laboratório não exibiram hipersensibilidade em suas vias aéreas e também não desenvolveram muco em excesso, uma das conseqüências sempre observadas em doentes de asma.

"Os resultados não apenas nos ajudam a entender melhor princípios básicos das causas da asma, mas devem auxiliar também a encontrar aproximações terapêuticas novas", escreveu Lee na conclusão do artigo.

O outro grupo, liderado por Alison Humbles, do Hospital Pediátrico da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, também seguiu na mesma linha do grupo do Arizona. Os camundongos que sofreram com os ataques de asma também não tinham eosinófilos no sangue.

"Os nossos dados sugerem que esse tipo específico de células brancas contribuem, de forma substancial, para a remodelagem das vias aéreas, mas não obrigatoriamente para a disfunção pulmonar induzida pela alergia", disseram. De certa forma, os pesquisadores conseguiram identificar uma relação afirmativa entre os eosinófilos e as alterações estruturais associadas com a asma.

Do ponto de vista fisiológico, a asma é o afunilamento dos bronquíolos. Esse processo, como impede a passagem do ar, compromete o funcionamento do sistema respiratório. A sensação de sufoco aparece porque os asmáticos têm mais dificuldade em liberar o ar para o meio externo do que inspirar. A secreção de muco, o que acaba provocando uma alteração estrutural das vias aéreas, é decorrente do processo inflamatório.


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