Material está disponível gratuitamente no YouTube para ser utilizado por escolas e demais interessados em disseminar conhecimento sobre a doença, que teve surto decretado no Estado de São Paulo (imagem: reprodução)
Material está disponível gratuitamente no YouTube para ser utilizado por escolas e demais interessados em disseminar conhecimento sobre a doença, que teve surto decretado no Estado de São Paulo
Material está disponível gratuitamente no YouTube para ser utilizado por escolas e demais interessados em disseminar conhecimento sobre a doença, que teve surto decretado no Estado de São Paulo
Material está disponível gratuitamente no YouTube para ser utilizado por escolas e demais interessados em disseminar conhecimento sobre a doença, que teve surto decretado no Estado de São Paulo (imagem: reprodução)
Julia Moióli | Agência FAPESP – Tornar as crianças agentes ativos na prevenção da febre maculosa brasileira e, assim, ajudar a combater o surto recente da doença no Estado de São Paulo é o objetivo de uma série de quatro animações criadas por pesquisadores da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP). O material mira a faixa etária entre 6 e 12 anos e é acompanhado de um manual para educadores, com sugestões de atividades a serem realizadas antes e depois da exibição em sala de aula.
Produzidos em alta qualidade visual, os vídeos de dois minutos cada contaram com financiamento da FAPESP e foram desenvolvidos de forma interdisciplinar, graças a parcerias com pesquisadores das áreas de pedagogia (Portugal), psicologia e linguagem e comunicação de crianças (Barcelona).
“A série é fundamentada em bases teóricas e metodológicas e, por incluir atividades complementares, se mostra mais eficaz na promoção da saúde, podendo contribuir com a mudança de hábitos em longo prazo”, explica Gabriela Rodrigues Bragagnollo, pesquisadora da EERP-USP e autora do trabalho.
“Optamos por trabalhar com crianças, uma vez que elas costumam brincar em áreas de risco e entrar em contato com o carrapato-estrela [transmissor da bactéria Rickettsia rickettsii, que causa a febre maculosa brasileira] e devem estar conscientes da importância da auto-inspeção, que é a busca do aracnídeo no corpo para a retirada correta, que evita a contaminação”, diz Beatriz Rossetti Ferreira, veterinária, professora de Parasitologia Humana e Patologia Geral da EERP-USP e coordenadora do trabalho. “Além disso, as crianças podem ajudar a levar o conhecimento para os pais e a família – há diversas referências na literatura sobre seu papel como sujeitos ativos, que questionam, participam e são empoderados, durante o processo de construção do conhecimento.”
Enredo
No centro da história dos vídeos está Juninho, um menino que gosta de brincar em um campo gramado perto de um lago. Quando a bolinha de seu cachorro cai perto de um lago onde vivem capivaras, ele entra em contato com o carrapato-estrela. Sem imaginar que tipo de animal encontrou no filho ao colocá-lo no banho, a mãe o retira sem maiores cuidados, e o menino contrai a doença.
A partir daí, a série levanta conceitos importantes relacionados, como áreas de risco, transmissor, hospedeiro, infecção, sinais e sintomas (e sua semelhança com doenças como COVID-19, dengue e febre amarela) e, principalmente, a importância do diagnóstico rápido, já que a demora para o início do tratamento com antibióticos pode causar a morte em cerca de dez dias.
Com maior transmissão entre junho e novembro, quando as formas jovens (principais responsáveis pela transmissão) do carrapato-estrela predominam, a febre maculosa brasileira tem como principais sintomas febre alta e súbita, dores de cabeça e no corpo, náuseas e manchas avermelhadas e salientes na pele.
Quem vive em áreas de risco deve procurar ajuda médica o mais rápido possível sempre que sentir esse tipo de mal-estar. O tratamento com antibióticos deve ser iniciado o quanto antes para evitar o agravamento do quadro. Para se prevenir, os especialistas recomendam evitar áreas com mato alto, usar repelentes, calçados e blusas e calças claras e longas e checar regularmente se há carrapatos presos ao corpo (para ocorrer a transmissão, eles precisam se fixar às pessoas por pelo menos quatro horas).
Caso seja detectada a presença do carrapato no corpo, recomenda-se removê-lo o mais rapidamente possível, colocá-lo em recipiente com álcool e levar a amostra ao serviço de saúde para análise.
Público mais amplo
As animações são parte do trabalho de doutorado de Bragagnollo, também financiado pela FAPESP, que teve como objetivo colocar em prática uma intervenção educativa itinerante denominada laboratório interativo.
Com seis estações de aprendizagem (“Capivara? O que ela representa no problema?”, “Carrapato-Estrela ou Micuim?”, “Moradia Esperta!”, “Cabine de risco, fique atento!”, “Fique informado, evite carrapatos!” e “O que devo fazer se encontrar um carrapato em mim?”), o modelo foi validado com especialistas, como veterinários, psicólogos e enfermeiros, e com o público-alvo – estudantes de Santa Bárbara do Oeste e Americana, localização de Etecs (instituições de ensino técnico e médio pertencentes ao Centro Paula Souza) que recebem alunos de toda a região metropolitana de Campinas, onde quatro mortes por febre maculosa foram confirmadas nos últimos dias.
“Um ensaio clínico mostrou que o laboratório interativo foi mais eficaz para disseminar conhecimento do que as formas tradicionais de ensino, no entanto, depende muito de recursos financeiros e humano”, diz Bragagnollo. “Com a criação dos vídeos animados, podemos ampliar a propagação de conteúdo de maneira interativa e ainda atingir crianças do ensino fundamental, público no qual a incidência de febre maculosa vem aumentando nos últimos anos.”
Os vídeos estão disponíveis em: www.youtube.com/playlist?list=PLG7zr0NuXU6Aa6O2PjE4OhGJ3IkHBmeOF.
O manual para educadores pode ser obtido pelos e-mails gabriela.rodrigues.bragagnollo@usp.br e brferrei@usp.br.
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