Pesquisadora do Instituto Butantan desenvolve técnica para cultivo da célula secretora do veneno da jararaca (foto: Inst.Butantan)
Pesquisadora do Instituto Butantan desenvolve técnica para cultivo da célula secretora do veneno da jararaca. Objetivo é produzir substância in vitro e viabilizar pesquisas sem retirar serpentes da natureza. Trabalho será publicado na Nature Protocols
Pesquisadora do Instituto Butantan desenvolve técnica para cultivo da célula secretora do veneno da jararaca. Objetivo é produzir substância in vitro e viabilizar pesquisas sem retirar serpentes da natureza. Trabalho será publicado na Nature Protocols
Pesquisadora do Instituto Butantan desenvolve técnica para cultivo da célula secretora do veneno da jararaca (foto: Inst.Butantan)
Agência FAPESP – Pesquisadores do Instituto Butantan deram um passo importante para produzir em laboratório o veneno da jararaca (Bothrops jararaca), a serpente mais comum do Brasil. A produção da substância in vitro pode ter importantes conseqüências ambientais, ao dispensar o uso dos animais para pesquisa sobre venenos e produção de soro.
Norma Yamanouye, pesquisadora do Instituto Butantan, desenvolveu uma metodologia que propicia o cultivo da célula secretora do veneno da serpente. A descrição do trabalho será publicada em janeiro na revista Nature Protocols.
A cientista faz parte de um grupo que publicou no início do ano, na revista Toxicon, os primeiros resultados sobre a cultura primária da célula secretora da glândula de veneno da jararaca. A pesquisadora mostrou como as células isoladas em cultura se agregavam e formavam um ácido que secretava veneno.
"Em setembro, acrescentei um dado mostrando que a substância secretada em cultura também exercia atividade hemorrágica, como o veneno natural, mostrando que estávamos no caminho certo", disse a bioquímica à Agência FAPESP.
Com a metodologia, Norma pretende padronizar uma cultura de células secretoras e "imortalizá-las", isto é, fazer com que se reproduzam indefinidamente, sobrevivendo fora do organismo. "Com isso, esperamos conseguir uma linhagem de células secretoras que possibilitará produzir o veneno em cultura", disse.
A produção in vitro evitaria a necessidade de criar serpentes em cativeiro para a extração do veneno. Isso teria impacto ambiental positivo, pois as serpentes utilizadas para pesquisa não podem ser devolvidas à natureza. "Se pudermos produzir o veneno em laboratório, sem dúvida haverá redução da mortalidade desses animais – muitos deles raros ou ameaçados de extinção", afirmou Norma.
O veneno da jararaca é utilizado hoje na produção de um medicamento para o controle da hipertensão. "Há grande interesse no uso do veneno para bioprospecção e pesquisa de fármacos. A prioridade, no entanto, é a fabricação de soro. Por isso, seria interessante a produção artificial", disse Norma. Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 14 mil pessoas foram vítimas de acidentes com jararacas no Brasil em 2006.
A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.