Pesquisadora do Instituto Butantan desenvolve técnica para cultivo da célula secretora do veneno da jararaca (foto: Inst.Butantan)

Veneno artificial
28 de dezembro de 2006

Pesquisadora do Instituto Butantan desenvolve técnica para cultivo da célula secretora do veneno da jararaca. Objetivo é produzir substância in vitro e viabilizar pesquisas sem retirar serpentes da natureza. Trabalho será publicado na Nature Protocols

Veneno artificial

Pesquisadora do Instituto Butantan desenvolve técnica para cultivo da célula secretora do veneno da jararaca. Objetivo é produzir substância in vitro e viabilizar pesquisas sem retirar serpentes da natureza. Trabalho será publicado na Nature Protocols

28 de dezembro de 2006

Pesquisadora do Instituto Butantan desenvolve técnica para cultivo da célula secretora do veneno da jararaca (foto: Inst.Butantan)

 

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Pesquisadores do Instituto Butantan deram um passo importante para produzir em laboratório o veneno da jararaca (Bothrops jararaca), a serpente mais comum do Brasil. A produção da substância in vitro pode ter importantes conseqüências ambientais, ao dispensar o uso dos animais para pesquisa sobre venenos e produção de soro.

Norma Yamanouye, pesquisadora do Instituto Butantan, desenvolveu uma metodologia que propicia o cultivo da célula secretora do veneno da serpente. A descrição do trabalho será publicada em janeiro na revista Nature Protocols.

A cientista faz parte de um grupo que publicou no início do ano, na revista Toxicon, os primeiros resultados sobre a cultura primária da célula secretora da glândula de veneno da jararaca. A pesquisadora mostrou como as células isoladas em cultura se agregavam e formavam um ácido que secretava veneno.

"Em setembro, acrescentei um dado mostrando que a substância secretada em cultura também exercia atividade hemorrágica, como o veneno natural, mostrando que estávamos no caminho certo", disse a bioquímica à Agência FAPESP.

Com a metodologia, Norma pretende padronizar uma cultura de células secretoras e "imortalizá-las", isto é, fazer com que se reproduzam indefinidamente, sobrevivendo fora do organismo. "Com isso, esperamos conseguir uma linhagem de células secretoras que possibilitará produzir o veneno em cultura", disse.

A produção in vitro evitaria a necessidade de criar serpentes em cativeiro para a extração do veneno. Isso teria impacto ambiental positivo, pois as serpentes utilizadas para pesquisa não podem ser devolvidas à natureza. "Se pudermos produzir o veneno em laboratório, sem dúvida haverá redução da mortalidade desses animais – muitos deles raros ou ameaçados de extinção", afirmou Norma.

O veneno da jararaca é utilizado hoje na produção de um medicamento para o controle da hipertensão. "Há grande interesse no uso do veneno para bioprospecção e pesquisa de fármacos. A prioridade, no entanto, é a fabricação de soro. Por isso, seria interessante a produção artificial", disse Norma. Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 14 mil pessoas foram vítimas de acidentes com jararacas no Brasil em 2006.


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