Primeira conexão entre os hemisférios Norte e Sul com transmissão de até 2,5 Gbps é inaugurada (foto: NSF)

Velocidade inédita
10 de novembro de 2004

Primeira conexão entre os hemisférios Norte e Sul com transmissão de até 2,5 Gbps é inaugurada. Demonstração será feita na quinta (11/11), entre os EUA e o Instituto de Física da USP, durante a conferência SuperComputing 2004, em Pittsburgh

Velocidade inédita

Primeira conexão entre os hemisférios Norte e Sul com transmissão de até 2,5 Gbps é inaugurada. Demonstração será feita na quinta (11/11), entre os EUA e o Instituto de Física da USP, durante a conferência SuperComputing 2004, em Pittsburgh

10 de novembro de 2004

Primeira conexão entre os hemisférios Norte e Sul com transmissão de até 2,5 Gbps é inaugurada (foto: NSF)

 

Agência FAPESP - O Brasil acaba de ganhar uma conexão acadêmica com velocidade inédita. Inaugurada no último dia 5 pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade Internacional da Flórida, a linha, que ligará a Rede Acadêmica de São Paulo (ANSP) com a Rede Abilene (Internet 2), dos Estados Unidos, será demonstrada pela primeira vez na quinta-feira (11/11).

O evento ocorre durante a SuperComputing 2004, conferência internacional em computação de alto desempenho, redes e armazenamento de dados que termina no próximo sábado na cidade norte-americana de Pittsburgh. A transmissão está prevista para às 14h (hora do Brasil), com demonstração no Instituto de Física da USP, e faz parte das comemorações dos 35 anos do instituto.

A iniciativa tem financiamento da FAPESP, para a parte brasileira, e da National Science Foundation (NSF), para o lado norte-americano. A nova conexão aumenta em cerca de 14 vezes a velocidade média da comunicação entre as redes acadêmicas do Estado de São Paulo e dos Estados Unidos, passando dos atuais 45 milhões de bits por segundo (Mbps) para 622 Mbps. A velocidade pode ser ampliada sempre que necessário para até 2,5 bilhões de bits por segundo (Gbps).

"A nova rede tem como missão garantir a infra-estrutura de comunicação necessária a todos os projetos de pesquisa científica e tecnológica do Estado de São Paulo que necessitem de comunicação em banda realmente larga", explica Luis Fernandez Lopez, professor da Faculdade de Medicina da USP e coordenador da Rede ANSP.

A linha de fibra óptica pode atingir até 2,5 gigabits por segundo na transmissão de dados. É a primeira vez que os hemisférios Norte e Sul são ligados em tamanha velocidade.

"Para se ter uma idéia do significado dessa velocidade, podemos tomar como exemplo a 9ª Sinfonia de Beethoven, um paradigma de medida de informação digital depois que Akio Morita (1921-1999), presidente da Sony, durante o desenvolvimento do CD, determinou que os 74 minutos de duração da obra coubessem num único disco, de modo que ela pudesse ser ouvida sem interrupção", disse Sérgio Novaes, do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (Unesp). "Com o novo link de 2,5 Gbps, a gravação em alta fidelidade da Nona Sinfonia pode ser transmitidos entre São Paulo e Chicago em 1 segundo."

A rede que está sendo inaugurada proporcionará também conectividade a projetos de pesquisa do Brasil e da América Latina, por meio da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e da Rede Clara (Cooperação Latino-Americana de Redes Avançadas). "A capacidade da nova conexão será extremamente útil para projetos de pesquisa nas mais variadas áreas, como a física de partículas em altas energias, televisão digital, astronomia ou meteorologia", conta Lopez.


Física de altas energias

As primeiras demonstrações da nova rede serão feitas na SuperComputing 2004 pela comunidade internacional de física de altas energias, que deverá também transferir dados entre diversos laboratórios e institutos ao redor do mundo, entre eles o Centro de Pesquisa em Computação Avançada do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), o Laboratório Fermi e o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern).

No evento em Pittsburgh, o Centro Regional de Análise de São Paulo (Sprace) deverá utilizar a conexão recém-inaugurada para transmitir dados. O Sprace foi implantado com apoio da FAPESP por meio do Projeto Temático "Física Experimental de Anéis de Colisão: SPRACE e HEPGrid−Brazil", coordenado por Novaes. O centro vem sendo operado com a ajuda do Programa de Apoio a Jovens Pesquisadores, em projeto coordenado por Eduardo Gregores, também do Instituto de Física Teórica da Unesp.

O Sprace conta atualmente com um cluster (aglomerado) de computadores no Instituto de Física da Universidade de São Paulo que, na fase final de implantação, deverá operar com um total de 80 nós de processamento. O centro é o primeiro do HEPGrid−Brazil a entrar em operação. O HEPGrid−Brazil, iniciativa de Alberto Santoro, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, deverá contar em breve com outros centros de processamento.

A física de altas energias se caracteriza por grandes colaborações internacionais distribuídas pelo mundo e pela produção de uma enorme quantidade de dados. "Para se ter uma idéia dos números envolvidos, a colaboração Compact Muon Solenoid (CMS), do Cern, conta com 167 instituições de 38 países. Ela deverá produzir a cada segundo uma quantidade de dados equivalente ao de 10 mil Enciclopédias Britânicas", explica Novaes. "Isso faz com que a área requeira a utilização de redes de alto desempenho e grande capacidade de processamento distribuído de dados entre as instituições participantes".

Novaes conta que a demonstração durante a SuperComputing 2004 deverá envolver infra-estrutura de rede (WLAN) de última geração e serviços de computação em grade baseados na arquitetura a ser adotada pelos futuros experimentos do Large Hadron Collider (LHC), do Cern.


Parcerias

Para transformar o projeto inicial da nova rede em realidade, os professores Luis Fernandez Lopez, da USP, e Julio Ibarra, da Universidade Internacional da Flórida (FIU), pesquisadores principais de projetos financiados respectivamente pela FAPESP e pela NSF, contaram com o apoio de diversas instituições.

Além da Rede ANSP, participam o Center for Internet Augmented Research and Assessment (Ciara/FIU) e o Latin American Nautilus (Telecom Italia), que cedeu capacidade no cabo submarino da empresa entre São Paulo e Miami.

Terremark e Impsat forneceram espaço e suporte em seus datacenters, a Eletropaulo Telecom cedeu fibra óptica em São Paulo e a FPL Fibernet a fibra em Miami. A Qwest e a Internet2 entraram com a conectividade entre Miami e Pittsburgh e Cisco e Foundry supriram o equipamento ótico necessário para o funcionamento da conexão.


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