Cientistas franceses estudam técnicas de decoração de vasos feitos entre os séculos 9 e 14 (foto: divulgação)

Vasos policromáticos
25 de março de 2004

Cientistas do Centre National de la Recherche Scientifique, da França, utilizam pela primeira vez a espectroscopia Raman para desvendar a composição química de potes medievais islâmicos feitos entre os séculos 9 e 14

Vasos policromáticos

Cientistas do Centre National de la Recherche Scientifique, da França, utilizam pela primeira vez a espectroscopia Raman para desvendar a composição química de potes medievais islâmicos feitos entre os séculos 9 e 14

25 de março de 2004

Cientistas franceses estudam técnicas de decoração de vasos feitos entre os séculos 9 e 14 (foto: divulgação)

 

Agência FAPESP - Os reluzentes vasos islâmicos da época medieval, feitos de cerâmica, apresentam ao mesmo tempo uma decoração delicada e complexa. Recobertos com uma espécie de verniz policromático, ao refletir uma luz eles produzem efeitos visuais semelhantes aos observados na superfície de um CD.

Para tentar desconstruir a técnica de decoração, utilizada entre os séculos 9 e 14, cientistas do Centre National de la Recherche Scientifique, da França, resolveram investigar as peças com a chamada espectroscopia Raman. O nome da técnica, que identificou nos vasos islâmicos uma série de camadas com diferentes constituições químicas, é uma homenagem ao físico indiano Chandrasekhar Raman – por descobrir o fenômeno envolvido com o espalhamento da luz, em 1928, o cientista ganhou o prêmio Nobel.

A pesquisa comparou três peças de dois vasos, um feito provavelmente no século 11 e outro do século 14. Todas as peças têm um tipo de verniz bastante similar, conforme mostrou a investigação. Os artesãos daquele tempo obtinham o efeito policromático com uma mistura de terra com prata, corante ocre e sais de cobre. A mistura era levada ao fogo em temperaturas de até 600º C e depois resfriada em uma atmosfera controlada.

A composição da mistura, que em alguns casos poderia conter ainda vinagre e uma espécie de lã, era responsável pelo controle de algumas variáveis, como a dispersão dos metais usados nos trabalhos manuais, responsáveis pela cor final do produto. Muitos dos efeitos visuais eram obtidos com a queima de alguns resíduos químicos que se formavam sobre a superfície do vaso. Grandes quantidades de cálcio e potássio também foram identificadas nas amostras.

Os potes mais bonitos feitos naquele tempo ofereciam aos observadores uma paleta de cores que variava do azul ao vermelho. As variações de tonalidade podiam ser vistas dependendo do ângulo de visão e desde que as peças fossem iluminadas com uma simples luz branca.


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